14 - A Visita

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Elizabeth Dunn POV

Ao sair das portas do supermercado, aproveito a brisa deste para me guiar até casa, visto que tenho que começar a preparar um requintado jantar para aqueles que me pagam o ordenado.

Durante a viagem, recordo-me dos meus patrões posteriores, dos quais guardo memórias um tanto engraçadas.

Lembro-me do Sr. Johnson, e de uma especial "amiga" que trouxe para casa numa sexta à noite. Ao ir preparar o pequeno almoço para o meu inquilino, deparo-me com a rapariga despida por cima do balcão da cozinha. Tive que simular um susto, para dar a entender ao meu patrão que sou uma idosa que se choca com pouca coisa.

De seguida, lembro-me da revolução.


Ah, a revolução. Trás-me tão boas memórias que até me dá vontade de rir. Graças a mim, basicamente, as mulheres puderam fazer o que quiseram, já há quase 100 anos.

Caramba, há tanto tempo que cá estou. Muitas das vezes ponho-me a pensar em Phillip, e como seriamos tão felizes se eu me tivesse casado com aquele jeitoso.

É estranho, não é? Ser de um planeta onde só se ama aqueles que são do nosso sangue, e no entanto eu amei um ser de outro planeta, logo à primeira vista. Acho que sou de verdade um erro.

Ao entrar na propriedade de casa, reparo nas luzes vermelhas e azuis que rodam pela fachada da casa. A primeira coisa que penso é no que raio é que a polícia está aqui a fazer.

Decido estacionar o meu carro na frente de casa, para ter a boa educação de convidar os senhores agentes para entrar.

— Boa tarde — disse-me o senhor agente enquanto estou a tirar as chaves da minha mala — Posso perguntar-lhe como se chama?

Mas que estranho — penso —, não era suposto o polícia vir para aqui com o meu nome já sabido?

— Sou a Elizabeth Dunn, muito prazer senhor agente.

Os dois oficiais trocam olhares e aceitam o meu convite para entrar dentro de casa. Coloco as minhas compras na cozinha e ofereço-lhes um chá. Recusam por estarem em serviço. Mesmo assim levo um bule só para mim.

— Então, D. Dunn. Deve ter reparado que ficámos bastante surpresos ao ouvir o seu nome.

— Por acaso fiquei, a que se deve esse facto? — pergunto a beber a minha chávena de chá de limão.

— Bem, nós reparámos que esta propriedade foi recentemente comprada...

— Correto, sou a governanta dos compradores — interrompo o agente.

— Nós calculámos. O que eu estava a dizer era que devido ao facto da casa ter sido comprada à pouco tempo, fomos ver o registo do terreno. É um procedimento normal — aceno com a cabeça, pois sei que já vem aí merda.

O oficial tira do seu bolso um envelope castanho que contém um ficheiro da hipoteca deste terreno.

— Aqui diz que este terreno foi comprado por Garret Williams, em 1857.

— Correto, era o meu avô materno.

— Depois a propriedade foi passada por ele ao seu filho Phillip...

— Irmão da mãe.

— Que depois a passou para si.

— Éramos muito chegados. Ele não tinha filhos.

— Estou a ver. No entanto, neste registo, D. Dunn, está explicito que o seu "tio" lhe passou a propriedade em 1917, no ano em que faleceu.

Aí está ela.

Lanço um sorriso amarelo aos oficiais sentados no sofá à minha frente.

— Queira acompanhar-nos, Elizabeth Dunn.

Neste momento, acho que a minha habilidade de ver as coisas em camara lenta está a sortir efeito. Vejo o oficial que esteve a falar comigo a lançar a sua mão ao taser situado no cinto nas suas calças. Num impulso, pego telepaticamente no seu pulso, e torço, fazendo-o gemer de dor. O polícia que o acompanha está a olhar fixamente tanto para o pulso do colega quanto para mim. A mim bastou-me um abanão na minha mão esquerda para o fazer perder os sentidos. Faço o mesmo àquele que estou a fazer sofrer.

Ponho-me agora a pensar no que vou fazer a estes dois desmaiados. Matá-los parece uma opinião um pouco errada.

Já sei. Sou tão esperta.

Eu sempre quis visitar Las Vegas, por isso vamos lá dar algum uso à minha nave. 

Algo que os meus patrões não sabem, é que no piso térreo, ao lado da garagem, existe mais uma garagem que eu construí para meu uso pessoal. Para guardar a minha nave, obviamente.

A porta de saída dessa garagem é o jardim da entrada da casa; que serve como uma pequena rotunda, que se vira ao contrário e dá passagem à minha nave.

Quando já estava a sair da garagem com os dois policias na bagageira, reparei que o seu carro ainda estava a irradiar luzes azuis e vermelhas pela fachada da casa. Por isso abanei a minha mão, e o carro desintegrou-se num pó preto, que depois fiz desaparecer, utilizando o poder do ar. 

Quando levantei voo, relembrei-me do dia em que voei para Veramer para ver a minha família. Devia ir lá um dia destes. 

Regulei a velocidade da nave espacial para a velocidade do som, apenas porque não me apetece ficar com o estômago na garganta se escolhesse a velocidade da luz, ainda que esta demorasse menos de um segundo. A pobre da nave fez um estalido, e de seguida quebrou a barreira do som, provocando uma nuvem circular à volta da nave. Ligo o escudo de invisibilidade, e vi o solo mesmo por debaixo de mim a mover-se rapidamente. Não há arranha-céus no meu caminho, por isso posso manter-me na minha rota. Requisitei um chá de limão, já que não acabei de beber o meu enquanto estava a falar com os agentes. Poucos momentos mais tarde, estávamos mesmo por cima  de Las Vegas. 

Ao aterrar, estacionei a nave mesmo atrás de uma duna alta com vista para a cidade. 

Antes de largar aqueles idiotas, certifiquei-me que lhes apago as memórias. Um feixe de luz azul fez-se notar sobre a luz claro do dia, e de seguida teleportei-os para as ruas da cidade. Terei tempo para visitar a cidade mais tarde, mas tenho que ir fazer o jantar, pois apesar de serem quatro da tarde aqui, são sete em Nova Iorque. 

Regulei a velocidade da nave para a velocidade da luz. E, em menos de um piscar de olhos, eu já estava em casa. Acho incrível que os veramerianos tenham inventado uma tecnologia tão fantástica já há tantos anos, porque viajar à velocidade da luz dentro da orbita da terra é algo que envolve muita ciência que nem os terráqueos inventaram ainda.

Assim que coloquei o meu avental, os meus patrões entraram dentro de casa.

A Empregada Extraterrestre Där berättelser lever. Upptäck nu