5 - Parte 2: A Tortura

39 1 0
                                    

— Mãe, tinha tantas saudades tuas — soluço.

— E eu tuas, minha querida — sem dar por isso, o meu irmão mais novo e o meu pai chegam ao nosso abraço.

— Bem-vinda de volta, filha — sorri o meu pai.

— Obrigada pai. Mas eu não vou ficar cá. Era um perigo tanto para mim como para todos vocês. Antes que o governo venha cá buscar-nos, eu preciso de vos contar uma coisa.

Obrigo toda a família a sentar-se no sofá largo da sala, e conto que graças à receita de mudança de forma fornecida pela minha mãe, eu tenho poderes especiais, e que não há nada que eu não consiga fazer.

— Prova-o — diz o meu irmão mais novo.

Imediatamente, estendo o tentáculo que tenho no lugar da minha mão, e as coisas mais leves da sala começam a flutuar. Tanto jarras, como revistas ou plantas. Consigo captar a curiosidade de toda a minha família.

— Filha, a mãe tem os mesmos poderes que tu. — diz ela — Sem o dono da fábrica perceber, eu trouxe a receita da mudança de forma para casa. Tentei experimenta-la, mas em vez de usar água oxigenada, eu usei água normal. Como estávamos no nosso planeta, a minha forma não mudou. Mas os desejos que eu tinha tornaram-se realidade. Escondi isto de toda a família, mas às vezes era por isso que eu conseguia ser promovida no trabalho ou até mesmo receber um aumento.

— Realmente, eu usei água para a poção. Mas não me lembro de dizeres água oxigenada quando nos estavas a contar a receita — respondo.

— Isso era porque quando eu vos contava a receita, dizia realmente apenas água. Queria que conseguissem sobreviver, caso tivessem que fazer esta poção em último caso.

— E não nos precisamos de nos alimentar — concluo.

— Exato. Aparentemente esse era um efeito secundário da poção. Para ti até é um efeito positivo, não é filha? — sorri ela.

Enquanto ela toca no meu tentáculo, a porta de entrada é exterminada, reduzindo-se a pó preto.

— Ninguém se mexe! — grita o oficial da polícia com uma arma de exterminação.

Enquanto estamos todos de mãos no ar. Algo acontece na minha mente. É como se a minha mãe estivesse dentro da minha cabeça.

— Querida; juntas somos imperáveis. Podemos destruir todo este planeta com um abrir e fechar de olhos. Vamos tirar o teu irmão daqui, sim?

Aceno-lhe que sim, por não saber como se comunica da forma que a minha mãe acabou de fazer.

— 1, 2 e ... — não mexer nenhum músculo para conseguir exercer poder em alguma coisa é difícil para mim, uma vez que eu nunca tentei fazê-lo. No entanto, ao olhar para trás, consegui ver que o meu irmão pequeno fez "puff" no ar e claramente já se encontra num sítio seguro.

— Onde está o pirralho? — grita o oficial.

— Não sei... — mente a minha mãe. — Às vezes ele desaparece assim no ar, já tentamos ir ao médico para ver o que ele tinha.

— Não me interessa. Vamos levá-los.

Os agentes começam a arrastar-nos pelo chão. Estou a sentir um ódio profundo por este governo nojento.

Vamos numa carrinha preta com o símbolo do governo até às suas instalações, e depois arrastam-nos até ao campo de tortura.

— Porque é que vocês estão a fazer isto à minha família? A culpada sou eu. Eu é que sou a que discordou — grito ao velho verameriano.

A Empregada Extraterrestre Onde as histórias ganham vida. Descobre agora