13 - O Conto de Um Verameriano

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Tento ir o mais cuidadosamente para a cozinha, visto que os meus patrões pensam que nunca de lá saí.

Ao chegar e acomodar-me a esfregar os pratos para tentar os restos de comida, kuma incomodativa tosse faz com que me contorça. Acho que este é um dos casos de que a minha mãe me falou.

Aproveitei a semana em que fiquei em Veramer para o funeral da minha irmã para ficar um pouco de tempo com os meus pais, já que o meu irmão seria adulto, e assistira ao funeral por videoconferência, a partir do planeta do qual estaria a fazer a missão de Intruso.

Uns dias antes de partir para cá novamente, a minha mãe contou-me umas coisas que necessitava de saber, já que, os nossos poderes "atualizaram".

A Atualização é uma coisa muito comum no meu planeta. É um acontecimento marcado pela mudança de coisas importantes nas nossas vidas. Pode acontecer no nosso lar, ou podem morrer-nos entes queridos, assim como aconteceu com a minha irmã.

Decidem destruir casas e construir parques, ou vice-versa, apenas no dia da Atualização, que é uma vez por ano.

A minha mãe avisou-me que como os meus poderes eram imensamente superiores aos dela, teria a minha atualização dali a muitos anos. O facto de estar noutro planeta aumenta o número de anos muito mais.

Tento agora, arduamente me lembrar das coisas que ela me referiu, como que a forte tosse involuntária seria um dos sintomas iniciais da Atualização, mas que também não duraria muito tempo.

Depois disto muitas coisas iriam mudar na forma como utilizo os meus poderes. Serei capaz de experimentar coisas que nem nunca imaginei, porém, o tempo que levarei a fazê-lo é indeterminado.

— Elizabeth — o meu patrão aparece de surpresa na cozinha, assustando-me — Está tudo bem?

— Sim senhor, está tudo bem — tusso novamente.

Mas que raiva. Com a minha capacidade de controlo, seria de controlar até a temperatura que está nesta divisão, contudo parece que os poderes me foram tirados sem aviso prévio por algum pelintra criminoso.

George continua a insistir que esta tosse não é comum, e que me deveria levar a um hospital. Recusei de imediato. O que iriam os médicos pensar duma verameriana cujos poderes estão a ser atualizados?

Segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Ofereci-me para deslocar George e Jane para o emprego, o que seria uma tarefa facílima, visto que ambos trabalham num dos edifícios mais conhecidos de Manhattan. Recusaram a minha oferta, relatando que não se podiam dar ao luxo de ter uma motorista privada enquanto que têm postos de trabalho tão precários. Bem, como George tem.

Aproveitei as suas saídas para fazer compras.

O pobre do cachorrinho aparenta já estar apto para estar sozinho em casa, mas eu não quero arriscar ter o tapete da sala com tecido importado da Índia estar infestado com fezes.

Pu-lo no quarto que estaria destinado a ser a sua casota, a um quarto de distância da suíte principal.

Um quarto melhor que o meu.

Naquela sua casota tinha tudo o que um cão grande como aquele pode querer: uma cama não muito grande, mas que estaria prestes a ser trocada por uma muito maior; um dispensador automático de ossos de presunto, que lhe libertaria um todos os dias; coisas para roer; e até uma aparelhagem, o que eu não ache muito útil, mas enfim.

Fica a latir por um tempo, e enquanto estou a vestir a minha roupa informal para ir ao supermercado, abano a minha mão para silenciar o cão. Imagino que raio de impacto é que os meus poderes possam ter numa pessoa. Imagino o pobre do cão, a ladrar, e noutro momento continuar a mexer a boca, mas sem que lhe saia algum tipo de som na boca, perguntando-se o que aconteceu.

A Empregada Extraterrestre Tahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon