17 - Elitrópolis

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— Então Elizabeth, está disposta a aceitar?

Estou tão indecisa que me esqueço de responder. Tenho que pensar o que vai começar por mudar comigo no cargo de governante.

— Elizabeth, o que estás a pensar fazer? — pergunta Lance, tocando-me ao de leve no ombro.

— Desculpem, posso falar com o Lance por um segundo? — pergunto ao líder.

— Com certeza, todo o tempo que precisarem.

— Não sei o que faça Lance — digo quando chegamos a um canto do corredor — Por um lado, não posso negar que adorava governar alguma coisa; mas por outro, Veramer é um planeta tão grande, não sei se posso conseguir controlar isto tudo.

— Bem, como podes ver, o planeta está a sair-se bem, e nem sequer tem um governador.

— Está mesmo Lance? Quero dizer, tu viste como a Base de Treinamento estava destruída, não me agrada a ideia de esta gente estar disposta a fazer o que quiser sem que haja ninguém para os repreender.

— Estás a ver, Elizabeth? É exatamente um pensamento como o teu que os governadores devem ter. Eu acho que és a ideal para governar o planeta, quer grande ou não. Para além disso, tens sempre a ajuda dos executivos, que te podem aconselhar — confessa-me.

— Bem, parece que vou aceitar então — sorrio-lhe.

Ou posso estar a tomar a decisão que mais vai beneficiar este planeta em toda a sua história, ou estou a tomar a iniciativa que mais me vai prejudicar.

— Aceito — digo assim que me aproximo ao líder, com um sorriso que esconde um nervoso miudinho.

Neste momento, ele carrega num botão na parede, e fala para ele:

— Veramerianas e Veramerianos. Tenho uma enorme honra de vos revelar a identidade da próxima governadora de Veramer: Elizabeth Dunn!

Dito isto, foi possível ouvir uma grande onda de gritos a atingir-me. É como se toda a população do planeta estivesse do lado de fora das portas, aguardando ansiosamente pela minha resposta.

De seguida, um mar de gente começa a invadir o corredor onde nos situamos, e pegam-me ao colo a gritar o meu nome. Neste momento perco Lance de vista.

Estando do lado de fora do edifício, abano a minha mão, depois de desejar um palco e um microfone, para poder discursar.

— Meus estimados habitantes — digo eu depois de testar o microfone — É uma honra poder estar na vossa presença como a nova Governadora Dunn. Parece que foi apenas há uma semana, que fui banida e proibida de alguma vez voltar a este planeta, por não concordar com os objetivos dos intrusos. Não obstante, já se passaram quase 125 anos. É incrível saber que muitos de vocês não chegaram sequer nem a conhecer "O Planeta do Céu Laranja" que era Veramer — neste momento decido maximizar a minha apresentação e colocar um holograma, com imagens do antigo Veramer — Agressões constantes, homicídios recorrentes, e prisão permanente ou expulsão, para aqueles que não concordassem com os objetivos do governo. Com a mudança de pensamento, eu declaro este planeta livre, e a partir de agora conhecido como Elitrópolis.

Neste momento de glória, sinto que perco as forças, e aquilo que me ampara de uma queda mortal é a alcatifa azul e reconfortante do chão do palco.

Um segundo depois, abro os olhos, e a única coisa que noto nesta sala escura com luzes cintilantes, é uma corda a atar-me a esta cadeira de aço maciço. Tento usar os meus poderes, mas por alguma razão parecem não funcionar.

Num ato de desespero, tento sair desta corda, mas a sua força prova que os esforços que estou a fazer são em vão.

— Elizabeth Dunn — neste momento assusto-me profundamente, quase gritando — Já ouvi falar muito de si. De início não era razão para preocupação. "Aquela Que Discordou". Ainda me lembro quando um dos meus criados veio a correr ter comigo com um telegrama de Veramer a dizer que havia uma rapariguinha que discordava com o governo. Disse para não fazer nada. Mas parece que estava errado; pois agora tenho à minha frente a nova governadora de Veramer. Ou será que devo dizer: Elitrópolis.

A Empregada Extraterrestre Where stories live. Discover now