7 - A Mudança

23 1 2
                                    

Domingo, 22 de março de 1944

Estou cansada de não envelhecer. Todos os meus amigos ficam boquiabertos quando veem que estão a morrer e em não tenho nem um cabelo branco. Sei que mais cedo ou mais tarde, alguém desconfiará disto.

De acordo com os registos civis de Veramer, a minha irmã apenas tem mais três anos de vida. Não sei qual será a minha data de morte, por ser um erro.

"Erro".

Falo semanalmente com a minha irmã. Ontem, foi o dia de realizarmos uma videochamada. Só ontem percebi que eu não sou o único erro do meu planeta. Eu vim para cá por não concordar com os seus objetivos, mas podem existir muitas outras razões.

Existem uns que têm dificuldades em permanecer com os seus disfarces, outros ficam com eles para sempre. Existem veramerianos que devido ao clima pesado de Veramer, são bipolares; num momento estão bem como no outro podem não se conseguir controlar. Existem aqueles que ficam adoecidos facilmente e por isso não podem ir a missões.

Todos os erros são expulsos de Veramer e são mandados para as mais longínquas galáxias do nosso universo.

Os Intrusos podem escolher para que planeta vão fazer as missões. E neles, podem encontrar Intrusos mais experientes que os poderão aconselhar sobre como é a vida no país/planeta. Para isso, o governo criou umas lentes de contacto que se colocam nos olhos, e quando nos deparamos com algum Intruso, toda a lente fica azul.

Creio que essa foi a única invenção útil do governo.

De qualquer maneira, voltemos ao tema inicial.

Arrependo-me daquele maldito dia em que pedi que nunca morresse. Arrependo-me mais a cada dia que passa.

"Desejo ser imortal, e não haverá nada nem ninguém no universo que tenha o poder de contrariar este desejo, a não ser a alguém a que eu tenha dado estes poderes de livre vontade"

Estas palavras invadem-me a mente. Dias e dias repetidamente.

Decidi por isso, começar a procurar alguém que me possa "matar", e ficar com os meus poderes.

A casa do Philip é bem grande, por isso é possível ter inquilinos. A casa foi construída em 1850, por isso se quero ter nela inquilinos, tenho que fazer remodelações.

Já que vou fazer mudanças na casa, posso aproveitar para propagar na mente dos meus vizinhos que a casa está à venda, e eu sou a simples governanta que cuida da casa.

Transformarei a casa do meu Philip por uma residência tipicamente americana, com telhado preto e jardim da frente muito arranjado.

Como poderei eu enganar os inquilinos para fazer com que eles me deixem conviver com eles?

Posso dizer que era a governanta do inclino interior da casa. Mas como é que posso fazer isso?
Talvez possa criar uma vendedora de casas falsa que os consiga convencer dessa história.

Bem, visto que vou apagar a memória de toda a gente que aqui está, posso começar já a transformar a casa sem tentar disfarçar minimamente.

Paro em frente do passeio para admirar a casa do meu homem. Um homem que me arregalou o coração, que me mostrou o sentido de amar mesmo não o amando. Uma casa que me trouxe tão boas memórias. A casa onde eu passei praticamente toda a minha vida terrestre, está prestes a ser destruída.

É por uma boa causa.

Pego no elástico que trago no pulso, e prendo o o cabelo loiro que me está pelos ombros. Tenho um vestido com uma saia bem mais acima do que os joelhos, e isso dá-me facilidade em trabalhar.

A Empregada Extraterrestre Onde as histórias ganham vida. Descobre agora