20 - Drama

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— Querido, acho que vou ficar em casa hoje — diz Jane.

Neste momento, enquanto estava virada para o lava-louça a lavar um copo, parei o que estava a fazer.

— Mas isso não te vai prejudicar? — pergunta ele.

— Não, o chefe disse que posso trabalhar em casa quando precisar, basta dar-lhe um toque.

— Ah bem, sendo assim até logo — beija Jane.

— Até logo amor, tem uma boa noite de sono — BITCH COMO ASSIM OH MEU DEUS AHHH EU ESTOU-ME A PASSAR. ABLABLERF.

— Hm, para ti também amor, adeus.

George abandona a porta de entrada, e Jane continua sentada no balcão da cozinha a ler o jornal. O meu coração está a bater como nunca. Bem me parecia que tinha uma boa razão para não gostar desta vaca. Ela veio de Veramer!

— Não vais dizer nada, Elizabeth? — estou de tal maneira surpreendida que me assusto quando ela diz isto. Decido manter a ingenuidade.

— O que quer que eu diga, menina?

— Oh, por favor. "Tem uma boa noite de sono"? Não sabes o que isso quer dizer?

— Isso é suposto ser uma forma de despedida, menina? — como estou de costas, a mulher aparece imediatamente atrás de mim com uma faca de cortar carne.

— Oh querida, não te faças de ingénua. Tu sabes tão bem quanto eu que viemos as duas de Veramer.

— Realmente é curioso. Sabe que a probabilidade de um Intruso reconhecer um Erro sem a lente do governo é muito pequena.

— Oh, eu tenho-a posta — responde, com a faca ainda apontada à minha nuca. Eu estou a limpar os lados do lava-louça com um pano.

— Sim? Ah. Que engraçado — tenho uma vontade tão grande de torcer o pulso a esta gaja e enfiar-lhe a faca pela guela a baixo...

— Já me estás a começar a irritar — diz ela, rugindo por entre dentes.

— Uma qualidade! Sabe, antes de Gronos me expulsar de Veramer, ele disse que nunca me tornaria numa Intrusa porque irrito muito facilmente as pessoas. A minha mãe sempre disse que era algo que me caracterizava.

— Espero que ela tenha morrido, por ter parido uma coisa como tu.

Neste segundo, viro-me, e faço um movimento com a mão esquerda. Com tanta força, que a faca na mão de Jane espeta-se na parede a uma distância de 2 metros. Meto também a mão direta no pescoço dela e levanto-a ligeiramente.

— Ok, minha galdéria — falo por entre a sua dificuldade em respirar — Só te vou dizer isto uma vez. Sou uma verameriana sim. Mas que não se orgulha disso. Por isso criei uma vida na Terra, e a última coisa que estava à espera era de encontrar uma gaja que fosse chatear a minha vida de paz e sossego.

Atiro-a contra a parede da minha frente. Sei que não se vai lesionar, pois os veramerianos têm uma durabilidade tão boa que até irrita.

— Achas que eu não sei quem és? Tu és a Elizabeth Dunn. És aquela que tem poderes. Tu és aquela que deixou o céu verde! És aquela que está a viver quase tanto tempo como o Governante Prefor Gronos.

Enquanto ela me estava a contar isto, não pude deixar de reparar o que ela estava a contar está desatualizado. O céu já está azul, e o Gronos já não está no governo. Eu estou.

— Pois, e não é muito difícil saberes quem sou. Atualmente estou em todos os livros de história do planeta — digo como se me estivesse a gabar. Jane corre de novo para mim com uma caneca.

Uma caneca.

Achas que isto é um jogo?

— Para ti é — respondo com o ar mais tranquilo possível — Tu tens tudo a perder, para ti a vida é uma questão de tempo. Já eu, posso estar aqui a fazer o que eu quiser, e posso demorar o tempo que eu quiser.

De alguma forma, deixo-a sem palavras.

— Vamo-nos sentar, beber um chá e falar um pouco. Tu não tens que fazer isto Jane.

Num movimento rápido, ela dirige a caneca à minha cabeça, e quando esta estava apenas a uns centimetros de mim, eu agarrei o pulso de Jane e torci-o com toda a minha força. Dela só se ouviam gritos de dor.

Depois dela se afastar um bocado, tinha o braço totalmente mole, como se fosse uma salsicha gigante. Não posso negar que teve uma certa piada.

— Olha o que me fizeste! — gritou ela.

— Tu fizeste isso. As nossas ações dirigem-nos diretamente aos nossos próprios erros.

— Ah, estou farta dos teus ensinamentos de velha — neste momento, passei-me.

— Bem, ouve bem o que esta velha tem para te dizer. Eu tenho mais força que tu. Tenho mais força e poder que qualquer exercito de qualquer planeta terá. E tu estavas a tentar bater-me com uma caneca? Ah! Vê se cresces miúda, que já cá estou há mais tempo que tu. Mas se deres um passo em falso, se me deres alguma razão para acreditar que vais magoar George, e podes ter a certeza que a tua vida acaba nesse preciso momento — oiço Jane a engolir a seco — Nunca ouviste falar do Trio Tenebroso? Eles já tinham morrido antes de tu nasceres, mas era um grupo tão aterrador, que eu consegui matá-los apenas com esta mão — rio-me e levando a mão direita.

Fica mais uma vez sem resposta.

— Oh, e mais uma coisa — digo eu quando Jane já vai a sair da cozinha.

— O que é?

— Se me desrespeitares, se fizeres alguma coisa de que não gosto, basta eu abanar a mão, assim, recebes de imediato um telefonema de George a perguntar que raio de mensagens foram aquelas que lhe mandaste, a dizer "amo-te Fred"— Ela fica a olhar para mim com cara de quem não acredita. Nesse momento, abano a mão. — Mete em alta voz — ordeno-lhe. Consigo ver o nervosismo na cara de Jane,

— Olá amor, o que se passa — atende ela com uma gota de suor a cair-lhe pela testa.

— Olá querida, era só para saber e estava tudo bem contigo.

— Hm, sim, está tudo, e contigo?

— Também. Era só isso, um beijo grande — de seguida, desliga a chamada.

— Tão querido, não é mesmo? — pergunto, com o maior ar de falsa que consigo.

Ela foi para cima. É um nojo ter uma verameriana dentro da minha casa de livre vontade. No entanto tenho que ter cuidado, pois por aquilo que entendi, ela não sabe que sou a nova Governadora e que o planeta agora se chama Elitrópolis.

Depois de limpar toda a confusão na cozinha (ou desejar que se limpasse), fui até lá a cima ao escritório, dizer à cadela que ia beber um café. Mesmo que ela dissesse que não eu ia na mesma. Afinal, não é ela que me paga o ordenado.

Mas a verdade é que ia a Elitrópolis. Sou uma governadora fora do sitio que governa. É a mesma coisa que ter um filho e deixá-lo com as criadas. Enquanto tiver um tempinho livre, faço uma video-conferencia com Lance a contar-lhe tudo isto.

A Empregada Extraterrestre Where stories live. Discover now