4 - Intrusos

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Terça-feira, 23 de julho de 1918

Passaram-se 23 anos desde que comecei a namorar com Phillip, infelizmente, a esperança média de vida da Terra atualmente é muito menor do que a de Veramer, isso fez com que Phillip morresse o ano passado, vitima de uma trombose, segundo consegui apurar.

Por causa das mulheres serem tratadas como inferiores, sou sempre julgada quando ando sozinha na rua. Sempre que os casais ou mesmo outras mulheres olham para mim de lado tenho uma vontade tremenda de me vingar. Mas não posso fazê-lo, uma vez que assim seria como os habitantes do meu planeta; maus, egoístas e carrancudos. Quero de alguma maneira provar que sou diferente deles. Isso eles já perceberam, contudo quero provar-lhes que é muito melhor ser-se bom do que mau.

Decidi por isso, começar uma revolução. Chamei-lhe "A Emancipação feminina". Antes de aplica-la, fiz um plano com todas as coisas que tenciono que sejam mudadas. No topo da lista, coloquei moda. Estas saias são um inferno, para além de causarem um calor insuportável, são desconfortáveis e pouco práticas. Por isso, desejo que as novas saias sejam pelos joelhos, e usar mais cores para além do castanho, cinzento e o preto. Coloquei também a importante utilização de maquilhagem. Uma das coisas que mais marcará a revolução será o corte de cabelo à garçonne.

Com esta revolução, as mulheres poderão andar sozinhas nas ruas, fumar em sítios públicos e trabalhar: ganhar o nosso próprio ordenado. O facto de os maridos terem saído para a guerra ajudou o facto das mulheres ficarem com os trabalhos deles; nas fábricas e et cetera. Preciso de alguém para se juntar a mim na revolução. Pedirei ajuda às minhas novas amigas. As outras, devido a todas doenças e não haver métodos de cura, morreram, apesar de só se terem passado 23 anos. Atualmente tenho 42 anos na idade dos humanos. Mas a minha aparência está semelhante àquela que eu tinha quando cá cheguei, o que faz com que as pessoas que me conhecem e que ainda estão presentes se questionem.

Não existem registos meus. De acordo com os registos do estado americano eu sou uma mulher sem identidade que não é reconhecida. Mas claro "E o boletim de identificação que me foi dado quando cá cheguei?" Bem, aparentemente esse boletim apenas serve para enganar aqueles que mo pedirem. Um agente da polícia pediu-mo quando estava a andar sozinha na rua. Obrigou-me a ir consigo à esquadra da polícia, praticamente me arrastando como se eu fosse uma carga que este é obrigado a suportar. À chegada da esquadra, ele pediu ao secretário que procurasse os dados de uma mulher de nome "Elizabeth Dunn". O meu verdadeiro nome não tem tradução em qualquer língua terrestre, pois em veramerer é uma compilação de ruídos estranhos que os terráqueos nunca iriam entender. Como não existiam fotografias nas nossas folhas de dados, teríamos que dar a nossa identificação antes que o oficial nos fizesse alguma pergunta, para depois estes verificarem se a informação coincidia com aquilo que procurava. Não encontraram nada parecido com aquilo que eu referi.

Está a apontar-me a arma.

Estendi-lhe a mão com a palma virada para cima, com os dedos quase encostados. Esta ação fez o oficial congelar, mesmo com o quente temperatura que se fazia sentir dentro da esquadra devido ao calor do verão de Nova Iorque.

O secretário engoliu a seco, e passados alguns momentos colocou as mãos no ar para mostrar a sua rendição. Fê-lo, e como não gosto de magoar inocentes, saí da esquadra. Havia muita gente a olhar para mim naquele momento, mas eu não queria saber.

Retirei a minha nave do bolso secreto que mandei coser na parte de dentro do meu vestido, e atirei-a ao chão. Ao tocar no chão, a nave voltou à sua posição original, que corresponde ao tamanho dos primeiros carros inventados.

Sei que o caminho a minha casa era pequeno, mas não podia arriscar a ser apanhada para depois estudarem o meu corpo extraterrestre. Levantei voo, e as pessoas que estavam a olhar para mim deixaram novamente de olhar, devido ao raio que — desta vez invisível — a nave lançou. Tomei a liberdade de ligar o campo de invisibilidade da nave, para poder olhar os agentes confusos que saíam à procura da nave que estava mesmo por cima das suas cabeças.

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