NIAT CAP 9 Θ POVO DA CRATERA

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  Θ POVO DA CRATERA

      
11/07/1618
da Era do
Despertar


        Saindo do estado de abstração, o comandante seguiu seu percurso, foi atrás de seus melhores homens pessoalmente, deviam cumprir a missão e retornar com rapidez, não voltar seria pior que voltar de mãos vazias, poderia significar a exterminação de seu povo.


Foi até a primeira cabana, convocou um homem semelhante a ele, musculoso e esguio, de nome Kraymshtram. Ele entrou para sua cabana para informar sua companheira e preparar-se para a batalha.

Convocou seus vinte maiores guerreiros um a um.
Todos pintaram-se como para uma guerra. Aquele povo isolado e escondido numa floresta viva não vivenciara uma guerra nesta geração nem em muitas anteriores, mas mantinham a tradição.

Depois de estarem todos devidamente armados e vestidos para a luta, que ao que esperavam seria uma caça, esgueiraram-se pelos pomares e numerosas árvores frutíferas, até ali, fora da visão da serpente. Era a primeira vez que sairiam em um grupo grande. Não sabiam como a criatura agiria se os visse.

Escalaram até o limite da área coberta por vegetação. Os olhos da criatura passavam por onde eles estavam com atenção que indicava suspeita. Enfim ela encheu os pulmões e mergulhou, aproveitaram e procuraram escalar rapidamente a parte de encosta pedregosa, além dela a floresta retomava seu domínio e estariam encobertos por árvores e mato.

Estavam a poucos movimentos do objetivo, logo poderiam esconder-se atrás da vegetação. Mas a criatura emergiu rápido demais. Seus olhos agudos passaram a olhar em direção a eles no último momento. Ela viu um fugitivo, o ultimo que não alcançou a vegetação a tempo. Além disso, ele acabou calculando mal o apoio, tentou segurar-se numas plantas que brotavam das pedras mas suas raízes eram muito rasas. Ele saiu rolando encosta abaixo. A serpente viu e não hesitou, saiu da água ferozmente, deslizando pela borda do lago e atravessando os arvoredos com velocidade assustadora.

O povo corria desesperadamente, fugindo de sua trajetória, mas ela já havia escolhido seu primeiro alvo.

Seus amigos nada podiam fazer, apenas observavam escondidos e pedindo aos deuses para seu companheiro escapar e sobreviver, e para a serpente não os ver.

Os deuses, porém, muitas vezes não dão ouvidos às necessidades humanas. O guerreiro se machucou bastante na queda, chegou à base da encosta rochosa e foi parado por uma pedra saliente ficando a beira do penhasco, tentava mover-se, mas devia ter quebrado a perna e outros ossos. Com rapidez impossível a serpente já estava frente a frente com ele.

A criatura deu um silvo estridente e vibrante. O guerreiro não moveu um músculo nem desviou o olhar. Morreria com coragem e firmeza. Se não lhe restaria corpo para viver a alegria do outro mundo, se não poderia rever seus pais mortos ou seus amados quando morressem, se sua alma seria destruída por aquela besta maldita, não queria viver os últimos momentos de sua existência como um covarde. Lembrou-se de sua mulher e filhos e deu um sorriso. Não para a criatura, que enfureceu-se ainda mais, mas para si mesmo e para sua memória. Ele não tirou os olhos dela, mas também não a via. A fera maldita podia acabar com ele em um único ataque, mas cravou suas presas nas pernas dele trespassando-as.

A dor foi sobre-humana, mas ele não soltou um som sequer. Cerrou os dentes segurando gemidos e gritos. A serpente ergueu-se para retornar ao lago. Ela deslizava com a cabeça erguida, exibindo seu troféu a todos que conseguissem olhar. Em suas presas o guerreiro vivo e tremendo de dor era levado. A perna quebrada entre as presas da maldita e o corpo ensanguentado.

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