PARTIDA DE ULFGHARD

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  PARTIDA DE ULFGHARD

         As notícias eram excelentes ultimamente. Paz consolidada com Thórin, cinco mil soldados concedidos por este reino para as fronteiras mais avançadas de Ulfghard, em prol de pressionar Usdror a aceitação de paz. Envio de diplomatas para tratar com os generais usdrorianos e aragorianos e para ir até o rei com oferta de paz e concessões de terras e fortalezas estratégicas.

No reino, as obras de acesso a câmara do espelho eram concluídas. Novas oficinas de ferreiros e artesãos surgiam, novatos ingressavam no exército para serem treinados, pequenas terras vinham sendo fornecidas a bandos e povoados afastados da capital, dez vezes mais sementes foram concedidas para plantios, e grandes quantidades foram vendidas para agricultores independentes.

Bruce, com alguns conhecimentos herdados dos drúidas, juntamente com Harley, que nasceu vendo seus pais tirarem sustento duma terra ingrata com práticas élficas; transmitiram técnicas de cultivo, controle de pragas, distribuição das culturas em solos e climas mais adequados, cuidados com colheita e armazenamento. Além de instruções quanto à época ideal ao plantio, influência dos ciclos das Luas e das constelações no crescimento e qualidade das plantações.

Só esperavam e contavam com que os efeitos e influências astronômicas fossem as mesmas.

Acabaram permanecendo em Ulfghard bem mais que o esperado, mais de um Ciclo Shastra. Muita mudança estava em curso, tudo corria bem no reino de Ulfghard, suas missões ali haviam chegado ao fim. Era hora de partir em nova jornada.

Marcaram um novo dia para partirem. O rei promoveu um novo banquete.

Desta vez, vários sábios, lordes, barões e burgomestres estavam presentes, mas também haviam muitos cidadãos locais e camponeses no entorno do grande castelo, todos curiosos para ver os heróis da paz. Aqueles que os viam pela primeira vez se espantavam com a pouca idade que tinham e, ainda assim, possuíam porte, maturidade, notáveis costumes e erudição extraordinária. A oratória de todos em língua real era invejável aos mais altos nobres, e possuíam uma pronúncia rara nos mais conservadores, aristocráticos e ilustres reis do passado.

Agora que estavam em plenas capacidades intelectuais e com a memória recuperada, podiam compreender a causa disto. Primeiramente a língua real não era muito exercitada, sendo língua secreta, apenas segredada a realeza e nobreza, não havia com quem manter diálogo diariamente e continuamente. Segundo, tendo sido em algum momento inserida num povo que já possuia língua própria, acabou por sofrer fluência. Terceiro, devido ao subdesenvolvimento cultural, bélico, astronômico, agricultor e arquitetônico.

Além destes, Harley via outras razões para a pronúncia em Língua Real deles ser muito mais rústica e inculta.

Apesar de tentarem se alegrar e esquecer os problemas e angústias, não lhes saia da mente o fato de seu reino natal poder estar sob domínio do mal supremo e, possivelmente, seus familiares e seu povo feitos escravos ou exterminados.

— Senhoras e senhores...  Agora... iremos assistir uma encenação com apenas alguns dos feitos destes grandes heróis! — bradou o mestre de cerimônias.

Os convidados e todos os presentes foram instruídos a deixar o centro do salão para os artistas se apresentarem, assim sendo se amontoaram ao redor, próximo aos arcos e muralhas para contemplar o espetáculo.

O rei, nobres e mais distintos assistiam tudo de um terraço bem guardado e coberto. Situado no alto de uma escadaria de vinte e três degraus. Os garotos e Dêm preferiram de misturar, Hayden se misturou tanto, que decidiu relembrar seus tempos de príncipe de Drak'Nazit, aproveitando o status concedido com as declarações do próprio rei para flertar com as ulfghardianas, que em grande maioria eram ruivas e sardentas, sorridentes e impúdicas. Quando Hayden raptava uma jovem aos beijos para longe da platéia, para trás de uma grande estátua de Coruja Guardiã; uma serpente gigante surgia no pátio, sustentada por seis artistas, parecia mover-se de rastos, exatamente como uma serpente, pelo grande salão de paralelepípedos cinzentos. Em seguida surgiram quatro outros artistas, simbolizando os meninos. O de cabelos louro claríssimos estava vendado e com as mãos presas, representava Harley.
Os outros três representavam os demais.

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