NIAT CAP 14 CERIMÔNIAS SAGRADAS

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CERIMÔNIAS SAGRADAS
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14/07/1618
da Era do
Despertar

 

          Habituados a menos tempo de sono que os nativos, os garotos despertaram bem cedo. Confusos quanto a ausência de claridade, Stok e Kay deitaram-se mais um pouco conversando no escuro sobre Hayden, ainda incrédulos de que se casaria em poucas horas com uma desconhecida e em poucos dias a abandonaria.

— Eles nem falam a mesma língua. Isso é muito estranho — disse Stok.

— Hayden não está nem aí pra nada.

— Nunca está. Faz o que vem a mente.

— Acha mesmo que ele escolheria viver aqui? Será que ele deixaria o passado para trás?

— Se tratando de Hayden, tudo é possível. 

Os dois continuaram a conversar até o dia clarear na cratera, então receberam um bilhete do cabal os convidando à sua presença. Lá chegando foram recebidos nas imediações da entrada da encosta. Dêm lhes deu um abraço caloroso. Logo chegaram Harley com seu cajado e Hayden, que haviam passado a noite na cabana do velho sábio. Foram recebidos com igual afeição.

— Belo cajado, Harley — disse Kay'Lee.

— Quero que o batize depois — sussurrou o mago alegremente.

— Dar um nome?

— Não. Para abencoá-lo. Mas um nome não é má idéia.

— E então, Hayden, vai mesmo se casar com uma... — Stok tentou usar uma palavra ofensiva ou depreciativa, mas disse apenas — com uma estranha? Que talvez nunca mais verá?

— Sim. Existe esposa melhor para ter? Além disso, se não formos voltar, eu não poderei me lamentar por não ter aproveitado.

— Você é um porco imundo, Hayden! — disse Stok com nojo.

Hayden cheirou suas vestes e sorriu — Sinto-me cheiroso — gargalhou.

Os aldeões alegremente preparavam tudo para as cerimônias de nomeação da Cabalina e do matrimônio dos campeões. 

O Cabal e o ancião conversaram com eles sobre as tradições, os demais falavam apenas aquela língua áspera e rosnada, e mesmo quando Dêm falava muito depressa, era necessário Harley esclarecer algumas palavras para os companheiros entenderem. 

A cidade estava tomada pelo clima de festa. Seria o terceiro dia de comemorações pela destruição da serpente. Muita carne era mantida no espeto assando de manhã até a noite. Quando se extingüía outro porco ou cabra era armado nos roletes ao fogo. A alegria era ímpar. E não era para menos. 

Os garotos se espantavam com tamanha fartura servida indistintamente a todo povo. Leitões deliciosos crepitavam ao fogo.

Dêm mandou rufarem os tambores e assim reuniu todo o povo na margem oeste do lago para seu pronunciamento.

Como ato simbólico, mandou destruírem o velho tronco de sacrifício, e lembrarem-se disso como símbolo de liberdade. Dali em diante, qualquer um estaria livre para fazer explorações ou mudar-se da cratera. Também poderiam construir casas onde bem entendessem, acender fogueiras à noite, e navegar no lago.

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