DRAGÃO?!

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DRAGÃO?!


        Kay'Lee ía à frente do grupo. Logo atrás dele vinha o rei, relutante, pois queria estar à frente, mas sua coragem e bravura não era suficiente para enfrentar o desconhecido​ e o sobrenatural. Mais atrás vinha Sor Ayvak e mais atrás o chefe da guarda Real, Alderiak. Na retaguarda dezenove guerreiros dos mais veteranos e capazes de Lenöria. Todos portavam armas incomuns, feitas não de aço, mas de ouro, enfrentariam o sobrenatural, não homens como si mesmos, mas, ainda duvidavam deste fato, assim como de serem capazes de aguentar firme e com coragem. Contudo, o longo túnel era estreito, suficiente para apenas um homem passar de cada vez, só poderiam sair dali como estavam entrando, sem pressa e com organização, pânico resultaria em morte.

        Kay caminhava com o máximo de sua capacidade de fazer silêncio dentro daquela armadura, assim como os demais, que tentavam segurar até a respiração, estavam ofegantes devido à apreensão. Mas Kay imaginava que, dependendo da criatura que os enfrentariam, já estavam sendo esperados.

        O odor no corredor era cada vez mais carregado de pura carniça, mofo e morte, e afogava os pulmões como fumaça tóxica. Embrulhava os estômagos dos homens e fazia latejar as frontes dentro dos elmos sufocantes. Tudo indicava que o covil da criatura estava logo além daquele longo e escuro túnel, assim como a pilha de homens, ou ossos, mortos pelo monstro.

        Alderiak segurava o escudo numa mão e uma tocha na outra, ofuscando a visão dos que vinham atrás dele, de modo que não viam praticamente nada à frente dele. Kay, o rei e Sor Ayvak seguiam com o escudo à frente e com a espada apoiada nele, de lado, para evitar ferir os companheiros, embora todos usassem armaduras completas ou quase completas, sendo a dos quatro líderes revestidas ou adornadas de ouro para prover mais proteção na batalha contra a criatura de outro mundo. A do rei contava com um adorno em ouro do leão de Lenöria, na placa de sua couraça esquerda.
        
        Finalmente alcançaram o fim do túnel, à luz das tochas já viam a grande galeria escavada, refletindo a luz das tochas em paredes estreladas, repletas de minérios de ouro. Ao chão, onde o túnel terminava, haviam várias pedras caídas e as paredes e teto estavam marcadas com riscos profundos e sem padrões claros, Kay identificou como sendo marcas de garras de uma criatura que era grande demais para escapar pelo túnel, e que enlouquecida pela prisão, tentara desesperadamente escavar, quebrar e fugir. Mas não havia conseguido, sinal de que não era um dragão, Kay esperava estar certo. Se fosse um dragão, mesmo um jovem e dos mais fracos, os verdes ou negros, estariam provavelmente todos mortos. E, sem armas de ouro supremo ou encantadas, morreriam sem sequer feri-lo.

        Kay engoliu a seco e estremeceu ao colocar a cabeça para fora do corredor e varrer com o olhar a câmara ampla e penumbrosa. Não viu criatura, apenas sangue, gente e roupas despedaçadas, além de ferramentas abandonadas. A criatura devia estar entocada em uma das inúmeras frestas e vãos da grande câmara, escondido nas trevas. Kay forçou a vista para analisar o aposento, primeiramente olhando para a alta parede acima da saída do túnel, depois pars os lados e onde a vista alcançava a frente. Sem divisar criatura alguma, entrou na câmara e encorajou os outros a fazerem o mesmo. 

        Os homens estavam apreensivos e tensos. Nas mãos de alguns as espadas e as lanças tremiam. Os olhos estavam brancos, num esforço de ver mais além. Kay'Lee estava firme, apenas fazia sua prece aos deuses, especialmente a Quëm'Turcas.

        Ouviu-se, repentinamente, um som, como de velas de um barco sendo cheias por fortes ventos, as luzes das tochas tremeluziram, um homem gritou aterrorizado e uma tocha rolou pelo chão. O grito de terror subiu pela alta câmara, depois, despencou. O pobre guerreiro caiu encima de outro. Ambos morreram com o impacto.

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