ASSALTO ARQUITETADO

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ASSALTO
ARQUITETADO

        Tudo aconteceu de repente e num frenesi estonteante: trezentos guerreiros atacaram a porta oeste, guiados por Lorde Killiwan, onde duzentos guardas e o dobro de aldeões defendiam o assalto rindo da ofensiva pouco numerosa. Eles não sabiam, mas a leste, uma onda de dois mil guerreiros jorrava pela planície sob vigilância aturdida de menos de cem guardas, e nenhum aldeão. Pois deste lado o ataque era surpresa e até instantes atrás nem sombra de exército havia sido vista além das planícies onduladas.

        Após o sobressalto dos guarda orientais, sinos e cornetas berravam urgentes no interior da cidade. Tambores, cornos de guerra e brados insanos ecoavam agora na onda dos atacantes, apavorando os inimigos enquanto se aproximava da muralha, puxando e empurrando altas torres de cerco, catapultas e trabucos, balestras, e o grande aríete pendular preso por quatro correntes e movendo-se sobre uma carreta de enormes rodas e ainda maiores eixos dianteiros, que serviam para controlar a direção.

        Os primeiros ataques foram das balestras, seguidas pelos trabucos, catapultas e arcos longos dos arqueiros lenörianos guiados por Lorde Slayton. Eles davam cobertura enquanto o aríete, as escadas e homens com cordas gancho chegavam aos muros.

        As balestras e trabucos também davam apoio, fazendo seus projéteis e baldes de cascalho e brita voarem por cima e na face da muralha, alvejando os poucos guerreiros desesperados, que clamavam por reforços.

       Os defensores receberam apoio primeiramente dos aldeões, mas a esta altura o aríete já assaltava o grande portão, e prosseguiu mesmo sob a chuva de pedras enormes que eles passaram a arremessar.

        Rei Slaesh comandava de uma baixa colina coberta de grama, longe do alcance das flechas e protegido das balestras da defesa por uma trincheira de barris e carroças. Mas sob o risco de algum tiro de catapulta. Dali via alguns de seus homens despencar muralha abaixo, serem atravessados por flechas ou alvejados por pedras, mas a cada instante se aproximavam mais e em maior número do topo da muralha.

        Kay'Lee sentia-se angustiado em ver tanta gente com mesmos objetivos morrendo por falta de compreensão​ e por medo de Kitrina. Pensava na esfera mágica guardada em seu bolso e pensava em usá-la para se transformar no terrível ser alado e ordenar rendimento aos charkhanis. Certamente temeriam-no mais do que à serpente gigante que ouviram falar que Kitrina pode se transformar. Mas Kay não sentia-se capaz de controlar a fera em que se transformaria. Talvez viesse a causar mais males que bens.

        Neste momento as grossas madeiras do aríete, recobertas de lona, começavam a se estilhaçar, mas sua estrutura resistia bem. Até que lançaram sobre ele óleo e fogo, as chamas irromperam e os defensores comemoraram, embora por pouco tempo, pois tinham muito trabalho tentando derrubar os invasores, e, de toda forma, a grande cabeça de tigre de Honória ainda estrondeava contra o portão, os homens dentro da máquina puxavam e empurravam a grande tora com ponta ornamental de ferro.

        As pedras dos trabucos pararam quando as inúmeras escadas de cerco se apoiaram na muralha e centenas de guerreiros passaram a subir por elas ou escalar com cordas gancho, elas possuíam um metro de corrente ligando-as ao gancho, as quais dificultavam que os defensores as cortassem com espadas ou facas, mas um machado era capaz de executar o serviço. E logo os fidalgos deram ordem para os aldeões trazerem machados e cortarem as correntes. Os homens simples cumpriam essa ordem e alguns dos lenörianos morriam ou se aleijavam ao despencar quase do topo, cerca de quinze metros, caindo uns sobre os outros. E esses defensores desprotegidos morriam dilacerados ou arremessados pelos enormes dardos das balestras, ou ainda atravessados pelas flechas dos arqueiros.

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