27 Memorias Mortas

52 7 20
                                    

No sonho Nina estava petrificada enquanto observava o rastro de sangue que escorria dos corpos até tocarem os dedos de seus pés, o líquido  era frio como gelo e quando tocou em sua pele ela sentiu um calafrio, ergueu o olhar assustada ao ouvir um berro alto, e sentiu o coração acelerar quando reconheceu o corpo de sua mãe, Harry estava ajoelhado segurando Sonya em seus braços, estava arrassado e chorando, as mãos vermelhas de sangue, as roupas rasgadas e imundas, uma cena deplorável e assustadora, como as que assistia no teatro em Nova York com Jerry,  mas está que via agora era horripilante, e fora real, tinha acontecido em sua vida, era sua família bem alí, na sua frente, diante de seus olhos, piscou uma, duas... Não... Ela piscou várias vezes ao notar que Harry não podia nota-la alí, parada a uma curta distância dele observando-o e chorando, estava assustada, aquilo era uma de suas memórias, Adam dissera que elas voltariam, que com o tempo ela se acostumaria e se conformaría com tudo, que conseguiria seguir em frente com ou sem elas.

Mas agora depois de ver com seus próprios olhos o que Harry sentira, não sabia mais se ainda queria lembrar, embora fosse impossível,  com o tempo elas voltariam, era tudo tão difícil de suportar, que ela se deixou cair de joelhos, tentou gritar ou dizer algo,  mas sua voz não saiu, Harry não podia ve-la, ele parecia está cada vez mais distante, e não podia ouvi-la, estava concentrado demais no corpo de Sonya, tentou reconhecer os outros corpos a sua volta mas não sabia quem eram, deviam ser os empregados, também havia o corpo de um caçador e uma fada junto com os mortos.

Não reconhecia a casa onde estava, mas ao perceber as fotografias com fotos dela e de sua família, ela percebeu que aquela deveria ter sido a casa de Harry e Sonya em Nova York, deveria ter sido um lar feliz e bonito se não estivesse tão destruído, os moveis revirados, as janelas quebradas, as paredes e o chão sujos de sangue, a porta da frente estava escancarada enquanto um vento frio entrava levantando os pelos de seu corpo em um arrepio.

Era pra ter sido diferente, era pra ela está ali ao lado de sua mãe, sangrando e morta, queria ter sido enterrada junto com sua família, mas deus tinha deixado-a viva, para que sofresse cada vez que se lembrasse de tudo que tinha acontecido.

__ Harota idiota...

A voz de Adam soando fria e dura fez com que olhasse para trás e gritasse ao percebê-lo irritado e olhando-a furioso. O que ele estava fazendo em seu sonho?  Quando olhou para a cena em que estivera olhando segundos antes não havia mais nada lá, os corpos, o sangue, os moveis revirados e destruídos, havia somente uma sala vazia e fria, tão vazia quanto o mar verde que havia nos olhos de adam, não estava mais em uma de suas lembranças, ele tinha feito com que elas sumissem.

Desgraçado, ele estava sempre fazendo isso nos últimos dias, invadindo sua mente e apagando suas lembranças, fazendo com que se esquecesse de cada uma delas, isso a deixara furiosa e triste, respirando ofegante ela ouviu-o rosnar e deu um passo para trás, mas não estava com medo, ah não, o que sentia era raiva e dor, o tipo de dor que a cortava por dentro como uma faca afiada corta um pedaço de carne, e estava com frio,  muito frio.

__ Harota estúpida e idiota. Não consegue seguir regras? Eu falei para não tentar lembrar...

__ Como você fez isso? Porque está aqui? Não tem esse direito Adam...__ Esbravejou ela interrompendo-o.

__ Faço o que quero Preston, eu avisei para não tentar mexer com o passado.__ Disse ele friamente, caminhou até ela e a encarou.__ Não percebe que isso fará com que sofra ainda mais. Deixe as coisas como estão Miranda.

AS CRIATURAS DA NOITE Where stories live. Discover now