Introdução

511 35 3
                                    

Depois da morte da minha mãe, minha vida tem sido um grande acumulo de decepções e momentos acinzentados. Parece que tudo perdeu o sentido, até as melhores coisas das quais eu sabia exatamente a razão.

Eu queria ter tido mais tempo com ela. Por mais que os 14 anos passados ao seu lado tivessem sido incríveis, sendo adolescente, as vezes a presença de uma mãe é essencial. Por sorte, tenho Helena como presença feminina. Sempre fomos vizinhas, e ainda me lembro das vezes em que mamãe me deixava com ela para poder trabalhar, já que meu pai nunca estava, e quando estava, ela e eu até preferíamos que não estivesse. Não é fácil lidar com alguém que passa o tempo todo sob efeito de drogas ou com abstinência delas.

Aparentemente, Helena é minha única amiga, por mais que seja vinte e poucos anos mais velha que eu, sinto como se tivéssemos compartilhado o mesmo útero.

Não que eu nunca tenha tido amigos na vida. Mas depois de tudo, das mudanças da vida, da morte da minha mãe, da minha depressão instalada, do início do colegial... todos os que se diziam meus melhores amigos meio que deixaram de ser. Não repentinamente. Aos poucos. Como agua que cai de gota a gota, até esvaziar.

Por muito tempo eu quis tê-los de volta por perto, mas meus esforços já não bastavam para tira-los de suas novas vidas. Penso que seria até egoísmo meu querer ter quem já não quer mais minha presença, só para preencher minha solidão, ou quem sabe me resgatar do fundo do poço.

Os vejo na escola todos os dias, e muitas coisas se tornam motivo para doer em mim como a maior mágoa do mundo. E muitas dessas coisas eu escrevo no diário que minha mãe, Grace, me deu antes de morrer. Ajuda a manter a loucura e os sentimentos concentrados.

Ver Laura com garotas que parecem tão fúteis comparadas a ela; notar o comportamento que Adam andou tendo no último ano, como se quisesse parecer mau, alguém que não é, com uma confiança que vai além do lado bom, como se mesmo sem fazer nada impusesse certas coisas sobre as pessoas. Ele parece acreditar que tudo que conquista é seu, e somente seu; Lucas não parece ter mudado. Pelo que eu vejo, continua o mesmo garoto engraçado e bobo de sempre, mas com um lado influenciável por Adam, como se seguisse-o em tudo o que ele faz e concordasse com o que fala. Talvez seja ciúmes por seu melhor amigo ter tantos outros amigos e ganhado certa moral com todos da escola. Não o julgo, se eu ainda fosse melhor amiga da Laura também ficaria enciumada, me sentindo excluída por ela ter outras amigas, assim como Adam agora.

Acreditoque o ensino médio seja o período mais intenso e conturbado de todos, e sei queminha história não é digna de um grande romance adolescente, até porque deromance não tem nada. Mas passei por grandes emoções e confusões. Para amaioria esse é o momento de perder a virgindade ou fazer a maior e maismarcante loucura de nossas meras vidas, mas, pra mim...bom, não sei ao certo oque é ainda. Só estou tentando sobreviver um dia de cada vez.

Lembranças Perdidas De Uma Garota QualquerWhere stories live. Discover now