15 - mistura não recomendável

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Depois que a ambulância chegou pedi para o Felipe me deixar no hospital. Por sorte não havia acontecido nada demais. Fernando apenas torceu o punho e precisava enfaixar, e havia tido uma concussão leve quando bateu a cabeça no chão. Ficou desacordado por um tempo enquanto eu esperava, agora com Ágata e sua mãe, no hospital. Liguei para elas no caminho para lá, Suzana ficou desesperada como toda mãe ficaria. Eu não podia imaginar tal aflição, saber que seu filho sofreu um acidente assim do nada devia ser a pior sensação para uma mãe. Por mais ansiosa que Suzana estivesse, ela mantinha uma certa postura, e se sentiu mais aliviada quando o médico permitiu que entrássemos para vê-lo.

- Oi filho, que susto você deu na gente – Suzana falou abraçando-o

- E aí maninho, como você está? – Ágata também estava super preocupada, mas de um jeito mais calmo, como se soubesse que o irmão estaria bem. As vezes eles sabiam tanto um do outro que eu realmente acreditava nessa coisa que os gêmeos tinham

- Vou ter que ficar com o punho enfaixado por um tempo, mas está tudo bem. – Ele estava sorrindo como sempre, nada o abalava por muito tempo, e notando minha presença disse – oi Mica, o que faz aqui?

- Fiquei preocupada, só isso

- Ah, sabia que você me amava – brincou ele

- Ta, cala boca – sorri – mas acho que ta tarde, já vou indo, só queria saber como você tava

- Quer que eu te leve? – Dona Suh ofereceu

- Não tudo bem, eu vou de taxi – me despedi de todos e sai.

Cheguei em casa cansada, mas bem mais tranquila de ver que Fer estava bem. No dia seguinte cuidei da casa, fiz o almoço, lavei roupa e tentava me decidir se ia ou não na peça de Laura. No fim decidi ir, achei que minha mãe se decepcionaria com o tipo de pessoa e amiga, ou ex amiga, que eu estaria sendo se não fosse, e ela gostava tanto de romeu e julieta que seria triste eu não ir por ela. Eu lembrava como se fosse ontem quando minha mãe se aconchegava comigo e Laura no sofá e contava a história. Nós adorávamos ouvir, minha mãe parecia flutuar para dentro do livro. No fim das contas não me arrependi de ter ido, já que finalmente, depois de tantos meses sem mal falar com ela, fizemos as pazes depois de tanto tempo distantes, isso aqueceu um pouco meu coração.

Eu não sabia exatamente se continuaríamos no mesmo nível de intimidade de antes, ou se haveria resquícios de magoa em nossa amizade, mas pela forma como fizemos as pazes eu acreditava que tudo fosse ficar mais do que bem. Eu não deixei de pensar em como será que Laura ficou todo esse tempo, todas as histórias que teria para me contar, todas as aventuras que passou sem mim, e se ela realmente havia sentido tanta falta como eu. Mas no fim eu achava que sim, se não ela não teria querido voltar.

No domingo fui visitar Fernando que já estava em casa.

- Então vocês são amigas novamente? – Perguntou depois da minha longa história sobre nosso acerto

- Aparentemente sim. Isso é tão bom sabe. Achei que ela estava bem sem mim, passou tanto tempo, e no começo eu realmente a culpei por ter virado as costas pra mim quando eu precisava, mas acho que ela não virou realmente, só se cansou de mim a afastando, acho que agora eu entendo.

- Então quer dizer que vai se desculpar com Adam e Lucas também? – Perguntou tocando no assunto que eu menos queria falar

- Não sei. Não faço ideia de como as coisas seriam com eles. Com Lucas seria simples eu acredito, ele sempre foi legal, mas não sei como chegaria nele pra falar disso, seria estranho sabe?

- Não vai saber se não tentar – me olhava com uma cara de quem sabe que está certo. Ele jogava almofadas em mim sempre que eu revirava os olhos para ele, como agora. – Mas e o Adam?

Lembranças Perdidas De Uma Garota QualquerDonde viven las historias. Descúbrelo ahora