21 - Balões surpresa

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Os dias se passaram rápido e já era véspera de ano novo. E meu aniversário. O segundo aniversario sem a minha mãe. Era complicado pensar que ela não estaria aqui para fazermos um bolo, ou irmos tomar uma taça de sundae, ou qualquer outro programa que costumava inventar.

O primeiro aniversário após sua morte foi horrível. Eu chorei tanta quanto se era possível, e senti toda dor de não ter minha mãe comigo nos meus 15 anos. Eu não sabia o que eu faria dali em diante sem ela. Como eu ia me virar? Eu não fazia ideia. Lembro de ter entrado no seu quarto, passado as mãos pela coberta em cima da cama a alisando, e aberto seu guarda roupa para sentir o cheiro empregando em suas roupas. Foi o dia em que eu achei meu diário em um embrulho. "para minha querida filha, escreva sua história. De sua mãe, Grace" era o que havia escrito dentro da capa. Eu sentia tanta falta do meu diário, que era indescritível. Ele já havia se tornado parte de mim, assim como era parte da minha mãe também. e sabe-se lá onde ele estaria agora.

Eu passei o dia todo sozinha, o que não era ruim já que meu pai continuava fora. Maratonei os primeiros três filmes de Harry Potter, tomei um belo banho quente, me aninhei novamente a cama e tentei terminar os filmes. Mas já estava tão cansada que meus olhos doíam. Fui até o soton, abri a pequena janela e sai para o telhado. Lembro de uma vez ter encontrado minha mãe no mesmo lugar quando eu tinha 5 anos. A energia do bairro todo havia acabado e eu estava com medo de ficar sozinha. Achei que ela mandaria eu voltar por ser perigoso, mas ela apenas disse "vem cá", e eu fui. Ficamos aquela noite observando as estrelas e constelações, as inventando já que não sabíamos distingui-las.

Fiquei ali no telhado observando o céu, não dava para ver tantas estrelas pela luz da cidade, mas ainda se via um brilho ou outro. Notei o barulho do portão se abrindo e vi uma cabeleira loura entrando. Ao me chamar eu respondi "aqui em cima"

- Mica? – Laura perguntou brindo a porta do soton. Eu acenei pela janela e ela se juntou a mim. – Então aqui é seu lugar secreto?

- Parece que sim – sorri enquanto Laura se juntava a mim no telhado – o que faz aqui?

- Bom, é seu aniversário, pensei que podíamos fazer algo – ela falou enquanto arrumava seu lindo cabelo bagunçado pelo vento

- Não sei se estou no clima

- Ah vai Mica. 16 anos é só uma vez

- Eu sei, eu sei – concordei, mesmo desanimada para fazer algo – você acha que Adam ta diferente? – Perguntei de repente, mudando de assunto. Eu mesma me perguntava isso e precisava da resposta de alguém

- Não sei. Matheus tem dito que ele ta diferente. Não aceita mais as brincadeiras de Mat, não dá ouvidos ao que ele diz, e que toda hora eles acabam brigando por algo idiota.

- Que bom que ele não dá mais ouvidos a ele

- Ah Mica, o Mat só é bobão, ele gosta de brincar com as pessoas – Laura defendia Matheus como se ele fosse a melhor pessoa do mundo. Eu pensava em tudo que ele poderia ser capaz de fazer, e isso incluía machuca-la. Me sentia furiosa só de pensar.

- Ele é um babaca, você sabe disso. Usando mulheres pra se gabar, zuando das pessoas na cara delas. Isso não é legal Laura

- Eu sei, mas é o jeito dele – ela falou e eu desisti de protestar, sabia que ela continuaria o defendendo.

- Só toma cuidado com ele – a alertei

- Mas então, Adam né? Por que perguntou, acha que ele mudou? – Ela retornou ao primeiro assunto

- Não sei. Ele tem parecido diferente. Tem falado mais comigo, por vontade própria sabe. Eu achei que ele não gostasse de mim. – Depois de tanto tempo concordando com o que Matheus falava de mim, pensei

Lembranças Perdidas De Uma Garota QualquerWhere stories live. Discover now