24 - Adam perspectiva: Daqui pro hospital

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Não conseguia parar de pensar em toda merda que eu havia feito. Micaela estava certa, eu nunca devia ter escondido dela nada daquilo. Era mais do que meu dever contar o que tinha acontecido na festa. Mas contar toda a história seria muito mais difícil, até porque eu estaria admitindo que meu amigo era um criminoso.

Foi um erro muito grande ter escondido por tanto tempo, e eu entendia o porquê ela estava magoada. Eu sabia o porquê ela tinha virado as costas para mim e eu só queria concertar nossa amizade, mas tudo foi por água a baixo, e eu consegui piorar ainda mais nossa relação. Eu estava com medo de que pudesse ter estragado nossas chances de sermos amigos de novo pra sempre. Procurei ir na lanchonete, tentar conversar com ela novamente, mas eu já não sabia mais como pedir desculpas, sabia que se fosse ao contrario eu provavelmente não perdoaria. Então por que Mica deveria me perdoar se nem eu me perdoava?

Cloe tentava me acalmar, ela me notou nervoso andando pela casa várias vezes em todas ela perguntava o que havia acontecido. Eu só respondi que tinha piorado minha amizade com Mica ao invés de concerta-la. Me sentia verdadeiramente aflito. Eu não costumava ter ansiedade, mas sentia uma sensação tão ruim no peito, algo parecia estar sugando minhas energias.

- Seja sincero com ela, só isso. – Cloe dizia como se fosse a coisa mais simples do mundo.

E talvez ela tivesse razão. Talvez eu só devesse ser sincero.

Quando cheguei na lanchonete, Micaela estava atendendo uma mesa em que Matheus estava. Eu imaginava que ela estaria no mínimo furiosa por fazer aquilo. Se não estivesse em choque. Eu via suas mãos tremerem segurando a caneta, e por um segundo quando ela recuou para trás eu achei que ela desmaiaria.

- Mas o senhor já pediu, o que eu vou fazer com esse? – A ouvi perguntar

- Não sei, que tal .... – Ele ergueu a taça sobre seus cabelos castanhos e despejou todo o milk-shake sobre ela. –Pronto, agora já pode trazer o de chocolate- falou, enquanto ela tirava seu avental e corria passando por mim sem dizer uma palavra.

- Você é idiota Matheus? Qual seu problema caro? – Falei saindo do transe e me exaltando

- Ninguém mandou ela não trazer o pedido certo – seus amigos riam com ele, tão ridículos quanto o mesmo.

- Ela só tava fazendo o trabalho dela, seu imbecil – eu sentia uma raiva crescendo em mim, tão grande que me consumia.

- Qual é Adam, vai defender a esquisita agora? –Ele perguntou vindo em minha direção

- Vou, vou sim, por que? O que vai fazer? – Me aproximei ainda mais, nossos rostos quase colados, os punhos cerrados, preparado para golpeá-lo até que Helena, a dona da lanchonete interveio

- Sem brigas aqui –falou nos separando –e vocês, fora daqui – apontou para Matheus e os garotos.

- Esse lugarzinho nem é bom mesmo –Matheus disse por fim, saindo da lanchonete jogando algumas notas sobre a mesa.

- Droga Helena, eu estraguei tudo com ela. Esse idiota, tudo por culpa dele – eu estava devastado. Mais uma vez Micaela teria motivos para se fechar comigo e odiar ainda mais Matheus. A sensação que me sugava havia voltado, eu pensava que talvez não fosse conseguir respirar o suficiente.

- O que? Porque? A culpa não foi sua – ela colocou as mãos em meus ombros fazendo-me parar de ir de um lado para o outro.

- Foi sim Helena. Mica me odeia agora. E esse idiota toda vez faz alguma coisa com ela. E a culpa sempre é minha

- A culpa não é sua se ele age assim tão mal, Adam. E a Mica vai te perdoar seja o que for que tenha acontecido entre vocês – ela agora dava tapinhas em meu ombro

Lembranças Perdidas De Uma Garota QualquerWhere stories live. Discover now