8 - Money, money, money, bitch

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Cheguei em casa exausta, mas torcendo para que meu plano desse certo. Eu não conseguia pensar em mais nenhuma outra forma de conseguir o dinheiro para pagar ao banco. Já havia recebido várias cartas de ordem de pagamento com as datas cada vez mais próximas. Praticamente todo salario que eu ganhava precisava usar para pagar o empréstimo que meu pai fez, ou então eles tomariam a nossa casa. Minha tia Katherine, quando soube o que meu pai fez ofereceu ajuda a minha mãe nas primeiras parcelas, o que foi muito bem-vindo. Na época eu não entendia nada da situação, mas depois que minha mãe morreu precisei entender a situação toda. Passei a anotar grande parte das dívidas e o que eu teria que fazer no meu diário.

De novo, a péssima situação era culpa do meu pai. Ele fez um empréstimo no banco, no começo a ideia era boa, investir em um trabalho de construção com um velho amigo dele. Na época ele tinha problemas com bebidas, mas minha mãe fazia de tudo para ajuda-lo, e tinha esperanças de que esse trabalho fosse ajudar. Mas aí, em um dia no bar ele conheceu Isac. Como papai reclamava de não conseguir dar conta do trabalho, acredito que ele tenha oferecido alguma de suas drogas para deixa-lo ligadão. Cocaína, suponho. E então adeus emprego, adeus dinheiro. Grande parte da grana que serviria de investimento, ele torrou em drogas, e depois que mamãe morreu a situação só piorou. Como Isac tinha desaparecido do mapa, Peter encontrou outro fornecedor, Dominic.

Papai sempre sumia porque passava dias e mais dias na boate de dom, e fazendo serviços que ele o encarregava em troca das drogas. Mas pior mesmo era quando eles apareciam em casa. Minha mãe teria surtado se me visse em todas os cenários que eu já fiquei.

Depois de tomar banho e esquentar uma sobra da geladeira resolvi dar uma ajeitada na casa já que fizeram a festa enquanto eu evitava ficar em casa. Enquanto ajeitava os travesseiros do sofá, notei algo quase dentro do espaço do braço. Era um pacotinho de plástico com o que parecia cristais quebrados. Metanfetamina.

Não podia deixar aquilo ali na minha casa, se alguém aparecesse ou se alguém chamasse a polícia pelo barulho que eles costumavam fazer quando estavam, eu estaria ferrada. Por ser de menor provavelmente iria para um abrigo e meu pai preso.

Fui até o banheiro e joguei tudo na privada. Dei a descarga rezando para aquilo sumir dali logo. Me senti um pouco mais aliviada depois disso. Vi no celular que já era quase onze da noite, fui até meu quarto e me deitei com minha coberta favorita. Assim que me ajeitei na cama meu celular vibrou, era uma mensagem de um numero desconhecido.

"Negócio fechado"

Adam, pensei.

Bloqueei a tela e fechei os olhos, com uma preocupação a menos para sentir.

°°°°°°°

Cadê? - Alguém gritava – onde... sua vadia!

Acordei assustada com o barulho, devia ser duas da manhã. Achei que fosse um sonho, mas a voz que gritava não parou.

Fui até a porta e destranquei-a. – o que foi? – Tentei dizer, mas senti mãos me apertarem. Ele me empurrava fazendo minha cabeça bater contra a parede, sua voz alterada e cortante perguntando incessantemente

- Onde tá, sua menina idiota? Onde colocou? Onde tá minha droga, Micaela??

Essa não

- No esgoto – respondi alto o suficiente para que ele ouvisse

Suas mãos grandes que seguravam meus braços agora estavam na minha garganta. Senti meus pés saírem alguns centímetros do chão, o ar já não passava, mal conseguia implorar para que me soltasse, pois, minha voz não saia. Me soltou tempo o suficiente para eu respirar enquanto andava desesperado em círculos com as mãos na cabeça.

Lembranças Perdidas De Uma Garota QualquerWhere stories live. Discover now