18 - Maldita família, porra!

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Acordei com o alarme do meu celular. Notei estar em uma cama que não era a minha e lembrei de não ter voltado para casa ontem. Como eu cheguei aqui? Estava coberta por uma colcha vermelha quentinha e aparentemente no quarto de hospedes do Adam, havia alguns quadros de flores e prateleiras com ursinhos fofos. Algumas capas de disco enfeitando a parede e uma mesinha ao lado da cama, e nada mais.

Me levantei dali e desliguei o alarme, e olhando ao redor fui procurar ver se havia alguém acordado. Olhei da sacada da escada para baixo e não havia ninguém. Andei até o quarto de Adam e bati a porta, parecia estar vazio. Seu quarto era incrivelmente organizado, com álbuns de discos nas paredes, fotos pregadas no painel, um violão e uma guitarra no canto do quarto, uma luz de led grudada no teto e alguns cds nas prateleiras. Me pus para dentro do quarto procurando Adam e me deparei com uma porta ao lado se abrindo

- Ai meu deus, Mica, que susto – era Adam, estava completamente sem roupa, apenas com a tolha em volta do seu colo. Notei de relance seu belo físico, estava um pouco mais malhado do que eu lembrava, e seus braços mais fortes. A agua pingava de seus cabelos molhados e caiam sobre seu ombro.

- Desculpa – falei pondo as mãos sobre os olhos e me virando de costas envergonhada – queria saber se já estava acordado, não vi ninguém pela casa.

- Vai descendo lá em baixo, Ana deve estar fazendo o café da manhã, Cloe ainda não acordou. – Ele também parecia ter timidez na voz. Eu assenti e desci as escadas.

O cheiro da comida estava realmente ótimo. Ovos, bacon, pãozinho quente, queijo, e até um bolo de chocolate. Uau, pensei, quantas pessoas comem aqui? Ana terminou de servir a mesa e pediu para que eu ficasse à vontade, ela parecia não achar estranho uma menina acordar na casa, afinal, quantas vezes isso já não devia ter acontecido? Enquanto eu me deliciava com o café da manhã, notei passos vindo até a mesa. Pensei ser Adam, mas era sua mãe, que também parecia não ligar por eu ter passado a noite ali.

- Oi, Micaela, não é? Faz tanto tempo que não te vejo, querida. Como você está? – Ela falou alegremente se servindo de um copo de suco de laranja sem se sentar à mesa.

- Eu to bem, tive que dormir aqui por causa da tempestade de ontem. – Tentei me explicar, mas ela parecia não ligar para isso

- Você é bem-vinda aqui sempre que quiser flor. Hum, eu tenho que ir, ou vou chegar atrasada, tchau querida. – E se apressou a sair dando um último gole em seu suco.

Adam chegou um pouco antes dela sair pela porta, perguntando onde estava seu pai, a mulher apenas respondeu "pergunte ao traste" e foi embora. Eu fiquei em silencio esperando que o clima não ficasse tão estranho, mas aparentemente Adam já estava acostumado com isso.

- Então Ana, meu pai tá aqui?

- Sua mãe disse que chegou de madrugada depois que a tempestade parou, mas seu pai nem voltou pra casa

- Devia ta com a secretaria, no mínimo – ninguém respondeu seu comentário – quer uma carona pra escola?

- Eu tenho que passar em casa para trocar de roupa e tomar um banho, não precisa se preocupar

- Eu passo na sua casa – Adam estava estranho. Ele não olhava mais diretamente nos meus olhos, e parecia atônito a tudo que falavam desde a aula de ontem. Eu apenas concordei com a cabeça.

Depois do café Adam me ofereceu um capacete e fomos até minha casa. As ruas ainda estavam molhadas pela chuva, os carros cheios de gotinhas de agua nos vidros, e o ar úmido de inverno. Adam parecia ir mais devagar do que o normal, talvez por eu estar junto, agora via-se algumas pessoas olhando os correios, pegando os jornais em suas portas, algumas andando na rua indo para seus trabalhos.

Lembranças Perdidas De Uma Garota QualquerOù les histoires vivent. Découvrez maintenant