Prólogo

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4 anos atrás...

Maryneth

Abro meus olhos e inspiro o ar para meus pulmões, o quarto está quieto, estou ligada a aparelhos, tenho agulhas em meus braços, sinto uma dor horrível no peito, o lugar recém-operado, eu não imagino como minha mãe está, lembro-me de vê-la desesperada o tempo que eu fiquei internada para o transplante, tenho sopro no coração ou tinha agora o coração que bate no meu peito não é meu, o pouco que me vem à mente é que se um coração não aparecesse em menos de vinte quatro horas eu morreria, mesmo assim eu estou confusa provavelmente o efeito da anestesia. Levanto minha cabeça com dificuldade e enxergo minha madrinha sentada na cadeira de cabeça baixa sua postura demonstra o quanto está exausta, ela assim como minha mãe é médica elas sempre foram melhores amigas e assim que eu nasci esse laço de amizade só aumentou fui criada pelas duas.

- Dinda? - Falo baixo. Minha voz está áspera, tento pigarrear para limpar minha garganta, mas ela está totalmente seca.

Minha madrinha levanta a cabeça e só de olhar seu semblante abatido, sinto um aperto no meu novo coração, seus olhos estão inchados e vermelhos, ela tenta sorrir, mas seu sorriso está triste e vazio.

- Oi querida... Como você está se sentindo? - Fala com a voz chorosa. Se levanta e caminha para perto da minha cama.

Eu sinto que alguma coisa está acontecendo. É uma sensação estranha, eu não sei identificar se boa ou ruim, mas sinto algo como um aperto no peito.

- Dinda... Eu estou bem... Meu novo coração será bem cuidado... Onde está minha mãe? - Respondo sua pergunta, mas ao mencionar minha mãe, lagrimas escorrem do seu rosto. Ela beija o topo da minha cabeça e apoiando a cabeça onde beijou sussurra:

- Ela te ama Mary... Nunca se esqueça disso querida.

***

Eu não consigo acreditar que isso aconteceu. Minha dinda só chora, sai do hospital e vim pra casa, estou na minha cama deitada olhando um papel.

Eu não aceito. Minha mente não aceita. Meu novo coração não aceita. Isso não pode acontecer... Não. Não... Não. É injusto e errado. Abro a carta com as mãos tremulas... Respiro fundo preparando-me para o que virá.

Minha pequena Estrelinha, antes de tudo espero que você esteja bem, linda e saudável como deveria ficar para o resto da vida, Mary, por favor, não se culpe por nada disso, eu escolhi isso, eu decidi sozinha, foi minha única opção, eu não poderia ver você partir, infelizmente o tempo é um inimigo rápido e silencioso, eu vi você tão frágil e vulnerável lembrei-me de quando a peguei pela primeira vez e naquele momento entendi que meu mundo estava em suas mãozinhas... O mundo não teria sentido sem você por mais egoísta que isso possa parecer. Eu não posso perder você.

Tudo aconteceu tão de repente, mas mesmo assim eu sabia exatamente como agir e o fiz apenas por amar você acima de qualquer coisa. Não mude seu comportamento por conta disso, sua dinda Meire tentou me impedir, mas você sabe como eu sou, quando eu decido algo, eu não mudo de ideia, eu a obriguei com muito esforço, filha meu coração está em pedaços, eu não queria ter que partir, mas eu abro mão da minha vida por você, pois você é minha vida, espero que você me perdoe.

Eu só posso te fazer um pedido... Seja feliz.

Independente das circunstâncias, obstáculos, dificuldades e gigantes... Jamais desista de ser feliz lute sempre pelos seus sonhos, mantenha sua fé intacta, não se de por vencida, não se renda. Aproveite sua vida, sorria... Chore... Ame.

Eu sempre vou está com você. Meu coração é prova disso. Eu o dei pra você porque ele sempre foi seu.

Brilhe sempre minha Estrelinha, vai sempre em frente o mundo é seu.

Eu tive minha prova de que amor de Mãe é incondicional. A melhor filha que eu poderia ter o presente mais valioso de Deus, e é minha para o meu sempre.

Eu te amei ontem. Te amo hoje. E amarei eternamente.

Você nunca sabe que resultados virão da sua ação, mas se não fizer nada, não existirão resultados. O mais importante da vida não é a situação em que estamos, e sim a direção para qual nos movemos.

Obrigada por tudo, por favor, me compreenda.

Minha missão foi cumprida. Para sempre sua Mãe.

Eu não consigo aguentar a dor, abraço a carta colocando no peito e então eu choro...

Eu grito e me bato enquanto às lágrimas ainda caem dos meus olhos em cascatas pelo meu rosto.

Minha culpa... Por ter um coração fraco e doente, eu perdi minha mãe... Eu perdi para sempre...

Eu estou vazia. Quebrada. Sozinha. Só o que ouço é o martelar frenético de um coração... O coração Dela.

(CONCLUÍDO) Vencendo Gigantes - Livro 1 Série Desafio. Onde histórias criam vida. Descubra agora