" Capítulo XXIV O reencontro com a verdade

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Todos que ali a ouvia, estavam extasiados de veruma mulher tão sábia. Os pensamentos vagavam:Rafael pensava: 

— Por que uma mulher tão sábia é tão má? Zenit,aouvia e parecia reconhecer a forma como dizia, elalembrava alguém, mas quem? Sarah a ouvia, e estavahipnotizada pelas palavras - " essa mulher seria umaótima monitora na sociedade" .Tengia ouvira falar de uma mulher, que no passadofora bela, que viveu muitos anos num castelo nasterras próximas da sociedade, ela tivera muitosmaridos, todos morriam misteriosamente, nunca a vira, mas todos comentavam dela, diziam ser má.Haras olhava para ela e pensava na filha Hannah, comoera inteligente, meiga. Recordava do homem que eraamante e pai da menina, marido de Madras, Jiulius.

 Agora aquela mulher estava ali, totalmenteneutralizada, prestes a desaparecer da face da terra, domundo dos vivos. Logo mais Zenit cumpriria o ritualque faria o corpo de Madras carbonizar em vida.Madras por um segundo parou de falar, olhava a todospelas frestas da armadura, e por um décimo desegundos, olhou a todos com um certo carinho,lembrava de quando era pequena, sua mãe, seu pai.Madras não podia se deixar perder por sentimentos,mas ela sabia que não demoraria muito para eles aexterminar e ela tinha conhecimento de quanta dorsentiria na sua passagem, precisava expurgar com dorestodo mal que fizera, foi quando pensou numaalternativa, claro que sentiu asco de fazê-lo, mas quemsabe? Estava tudo perdido mesmo. 

— Zenit, preciso falar com você, sobre o passado,queria que olhasse para mim, quero fazê-la recordar. 

— Você deve estar brincando comigo, imagina se euirei aí, ficar perto de você, para aproveitar e me deixarsucumbir por você? Está louca? 

— Está bem, compreendo que não confiam em mim,mas veja, estou prestes a morrer. 

— Madras, você é um ser desprezível e maléfico, nãocairemos nessa, disse Haras. 

— Haras, sei que te fiz mal, matei sua filha, mastinha que fazê-lo, senão não seria eu, entende? Vimpara à terra com um propósito e não podia falhar. 

— Nós conte, sobre seu propósito. Falou Rafael.

— Bem...não tenho nada a perder, vou contar, logoestarei do outro lado, depois de tudo que falei, algo metocou, me sinto como pecadora, nunca sentiraisso, mas vou contar sobre o que é minha missão,  falarei sobre mim, como um espírito.Todos ficaram atentos, uns estavam propensos aacreditar nela e outros acreditavam serem artimanhaspara mais uma vez enganar, mas o mais importante éque descobririam agora  mais sobre ela. 

— Minha trajetória na terra foi de muitos erros, vejoisso agora, em minhas existências matei por matar, porpuro prazer, em outras por crueldade. Meu espírito,mesmo quando for embora daqui, continuará fazendocrueldade, podem me incluir em tudo que lhes faleiantes daqui, faço parte de uma organização criminosado mundo espiritual, onde o objetivo é destruir oshomens que aqui vem em busca de evolução, do outrolado fazemos de tudo como lhes contei para a derrotar.Vou descrever duas vidas minhas na terra da qual fuimedonha... fui uma Condessa Sangrenta, como fiqueiconhecida, era uma bela e nobre, que por alguma razãomaluca passei a acreditar que, para evitar oenvelhecimento, deveria beber e se banhar com osangue de mulheres jovens. Foi então que comecei umasaga de torturas e assassinatos — estimados em mais de650 vidas! — para encher minha banheira e cálices, atéque fui condenada a passar a vida presa em uma torre.Fui definhando, pois, não comia quase nada, muitos dias  era esquecida de propósito pelos guardas, todosqueriam ver minha morte, lenta e dolorosa. Quandovoltava ao mundo espiritual e às minhas crueldades?Continuavam...Todos de olhos arregalados, estavam admirados comtamanha malvadeza, egoísmo. 

— Em outra vida, eu fui muito supersticiosa e passeia acreditar precisar realizar sacrifícios humanospara evitar que o meu filho mais velho fosse enviado àguerra. Assim, eu selecionei três pobres vizinhas, asquais as droguei e depois matei as machadadas. Nãofeliz com isso, eu esperava que o sangue acumuladocoagulasse para, então, levá-lo ao forno e fazer umafarinha que usava como ingrediente especial em bolosque eu servia às amigas. Além disso, para eliminar as"evidências", eu fervia os corpos, usando a gordura —à qual acrescentou perfume — para fazer sabonetes, epresenteava aos vizinhos e conhecidos. A carnepicotava e armazenava, dando aos porcos, eanimais. Como podem ver, tenho muitos crimes a pagar,e minha reencarnação sempre é feita de maneiraprofética. Ali todos estavam petrificados, sem reação, esó saíram desse estado porque um dos funcionários deRafael entrou, pedindo sua presença na sala de espera.

 —Desculpe incomodá-lo, mas tem um senhorna sala de espera dizendo que quer falar . 

— Sabes quem é? O nome.

 —Não falou, desculpe.

— Tudo bem estou a caminho, fique aqui, e olhe bemela. Dê água a ela, por favor. Ele se retirou e asmulheres também aproveitaram para sair, precisavamrespirar ar puro.Julius, esposo de Madras estava nervoso, corescarlate, fumava seu cachimbo com veemência, apassos largos na sala de um lado ao outro, não entendiaporque prenderam sua esposa, ele não a amava, mas nãoqueria que nada de mal acontecesse-lhe. Quando oinquisidor Rafael entrou na saleta, viu o homem, e estelogo se apresentou: 

— Sou Rafael, em que posso ajudá-lo?

 — Boa tarde! Meu nome é Julius, sou marido damulher que mantêm encarcerada. Madras, vimesclarecer o que ela faz aqui.

 — Sim, entendo. Sua esposa foi denunciada por serbruxa, e a prendemos porque ela assassinou umacriança com bruxaria, e estava ameaçando a vida deuma jovem mulher daqui da comunidade, como podever, tenho motivos para mantê-la aqui. 

— Entendi, posso vê-la? Ele sabia que ela eraperigosa, sabia que ela fazia bruxarias, por isso não seopôs ao homem à sua frente, não era louco paradefendê-la. 

— No momento ela está sendo interrogada, mas podeficar aqui, que em meia hora deixo o senhorentrar.

 — Obrigado senhor! E assim Rafael voltou para sala onde Madras repousava, ele olhou para ela e sentiupena dessa alma tão sofrida. Aproveitou o tempo para iraté o seu aposento e lavar o rosto, tudo estava muitotenso. Tomou um chá de menta, sentia descerqueimando, precisava disso, colocou uma gota deconhaque e desceu.Lá fora as mulheres da sociedade estavam emsilêncio, cada uma com seus pensamentos e suasindagações, que logo terminaram com a entrada de umjovem senhor na varanda da grande sala. Haras ficousem jeito, mas não se sentiu mal, e foi até ele. 

— Olá Julius, como tem passado? 

— Estou preocupado com Madras, vim até aqui, paravê-la, ela foi presa pelo inquisidor, e você, o que fazaqui?

 — Estou aqui pelo mesmo motivo que você. O homem ergueu as sobrancelhas, como se não tivesseentendido 

— Não entendi, o que tem com Madras, ela te fezalgo? 

— Logo você vai saber de tudo, não posso te contar,tome um chá, tem ali naquela mesa, logo entraremose você saberá de tudo, e o porque viemos até aqui. Ohomem a encarou, e a desejou por um minuto, todoamor que sentiu anos atrás veio como um furacão, masele não deixou que ela percebesse e virou-se acatando oconselho da jovem senhora, foi tomar chá.As mulheres se entreolharam e Haras fez com cabeça um sinal que não tinha nada para falar. Todaspermaneceram caladas. Passaram exatamente 25minutos, quando Rafael entrou na grande varanda quedava para a floresta, o ar fresco da primaveraanunciava sua chegada, dava esperança de diasmelhores. As árvores balançavam trazendo com o ventofolhinhas para acariciar o rosto de quem não sentia asmãos de um carinho. Todas aquelas mulheres lutavampor outras mulheres, que sofriam pelo domíniomasculino.

Dama da NoiteTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang