"Capítulo XXVI" O perdão liberta quem perdoa

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Rafael saiu de seu devaneio, os olhos marejados de lágrimas, limpou-os, e olhou para Madras, viu ali as amigas da sociedade, que unidos num só objetivo ficaram juntos por tantos anos, livraram tantos da morte, e não conseguiram salvar muitos das tempestuosas e cruéis torturas daquela que se intitula maior das pragas da igreja, o pecado de tantas mortes de seres que não foram julgados e condenados sem direito a defesa...Agora em frente ele estava uma senhora linda, para ser dizimada da face da terra, teria ele coragem para isso? Seria justo? Olhava nos fundos dos olhos dela, queria ter algo para inocentá-la, precisava disso. 

— Rafael, vamos acabar logo com isso meu amigo, quanto mais passa o tempo mais perigoso fica. - Dizia Zenit. Ela o tirou de seu calvário os pensamentos.

— Zenit, tu me conheces bem, estamos nisso muito tempo para saber que preciso ter certeza, não faço isso sem ter certeza absoluta. 

— Eu te entendo, mas corremos riscos, sabemos que Sarah é o maior dos perigos, se ela conseguir se neutralizar estamos perdidos. Madras que ouvia, sentiu algo que não conseguia explicar, sabia que era má, mas não tinha que continuar com tudo isso, e foi quando ela, começou a falar algumas palavras, das quais só Zenit entendia, ela sentiu um frio percorrer sua espinha e olhou para Sarah e falou: 

— Minha filha saia daqui, vá até o quarto onde estava, você corre risco, ela vai se soltar, e não deu tempo, quando se ouvia estraçalhar as peças que cobria Madras, ela estava liberta daquela armadura que todos acreditavam contê-la. 

 — Não podem me prender nisso, vocês não sabem do que sou capaz, Sou poderosa demais, e falo olhando em cada um. 

— Guardas prendam -na! Nisso os guardas já estavam no chão, congelados pelo poder da mulher que até alguns segundos atrás estava aprisionada num invólucro poderoso efeito sobre o conhecimento do mago, Zenit tinha conhecimento como tinha que ser feito, mas deu errado e agora todos ali corriam riscos, exterminar todos. O marido de Madras estava com os olhos arregalados e falou: 

— Querida vamos conversar , não faça nada que se arrependa depois. 

— Ah! Julius, não sabe nada de mim, nunca me conheceu, mas vou contar, quero todos sentados, ouçam! Quando casei com o pai da Sarah eu era feliz, eu não o amava. Casei com 13 anos, e logo mais descobri que tinha poderes, comecei usando nele, eu o deixava mansinho para mim, ele só fazia o que eu queria, do resto ele nada fazia. Com o passar dos anos, ele conheceu uma criada da casa, ela era muito bondosa, religiosa, rezava muito, o libertou dos meus encantos. Eu já não consegui subjugá-lo a mim, ele saia muito de casa, quase não o via mais. Resolvi segui-lo um dia e descobri que ela era amante dele, ela ia ter um filho dele, então a convidei para trabalhar em casa, e ela bondosa aceitou, achou que realmente a queria bem, em contra partida eu a envenenava , dia após dia com chás. Ela já estava com a gravidez bem avançada quando descobriu tudo e fugiu, mas para ela era tarde, vi quando morreu na estrada, vi também quando uma senhora ajudou o bebê a vir ao mundo e colheu em seu seio de amor, a criou e a tornou uma mulher de verdade, que ajuda milhares de outras jovens que sofrem maldades, estou falando de você Sarah, era você o bebezinho, que quase morreu no ventre da sua mãe envenenada, que se não fosse por Zenit não teria vindo a vida.

 Sarah não tinha palavras, dos seus olhos escorriam lágrimas, não sabia o que sentia por aquela mulher a sua frente, tinha ódio mesclado com ternura, ela parecia outra, contando tudo isso, mas que no passado matou, usurpou vidas. Zenit, como uma fagulha no tempo, lembrava da cena, do dia que encontrou a mãe de Sarah, do vulto que viu, dos cuidados com a pequena. Madras continuou... 

— O meu marido acabou morrendo de tanta tristeza, hoje vejo que deveria ter deixado ir com ela, não precisava ter feito o que fiz, mas o que fazer agora, já foi feito! Depois de alguns meses conheci você Julius, que também nunca amei, mas eu necessitava de ter um homem perto de mim, me dava poder. Te sedava toda noite, te dava poções, para que se mantivesse lento, você nunca percebeu, via você infeliz, mas o segurava junto a mim, sabia que tinha um relacionamento com uma jovem mulher da sociedade. A conhecia, uma vez vi vocês dois juntos no quarto dos fundos onde se encontravam escondidos. Fiquei enciumada, mas não tomei nenhuma medida contra, afinal você era meu. Mas fiquei indignada quando vi ela grávida. Um dia eu a vi saindo da sociedade e via-se a barriga, logo percebi quem era o pai, então pensei que dessa vez, faria diferente pegaria a filha dela, e não mais a amante. Haras estava com raiva, tinha vontade de voar na cara dela. Zenit segurou ela pela mão. 

Dama da NoiteNơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ