"Capítulo XXXV"Lilith

280 25 0
                                    


Vamos voltar ao passado, muito distante, antes deSarah desencarnar, na noite em que os recém nascidosforam resgatados.Na noite fria em Andaluzia, Lilith, estavaamedrontada, temia que entregassem ela para apolícia. Ou até para os Inquisidores, que aindacontinuavam em seus santos ofícios, ela tinha sido cruelcom aquelas criaturas, mas como fazer diferente? Nãohavia meios de ser diferente, ela lembrava de quantasvezes levou um não na cara, pedindo ajuda paraaqueles seres abandonados, por jovens e mulheres queeram casadas. Simplesmente, os largaram na porta dela.Ela recorda que suas lágrimas escorriam pelorosto. Seus olhos azuis, tinham a beirada interna dosolhos vermelhos do frio que estava sentindo. Nãocomprava mais nada para ela, suas vestes estavam em trapos. Todo dinheiro que ainda restara da fortuna dafamília, gastou com alimento daquele que um dia tiveraum lar.Ela tinha entrado na carruagem, na parte onde secoloca as malas, eram tantas que nem notaram ela. Elalembrava que seus braços congelaram durante aviagem, seus pés adormeceram. 

Na Espanha haviainvernos rigorosos, e aquele fim de outono , estavaespecial, bem mais gelado do que de costume. Eladespertou e percebeu que haviam chegado ao destino,ela ficou quieta onde estava, esperou que todos saísseme correu para trás de um monte de madeiras cortadasque deveriam ser para lareiras. Sonhava com um pratoquente de comida e uma coberta que lhe aquecesse osossos.Durante a madrugada ela de onde estava pode ouviros choros das crianças, seu coração estava tranquilo,alguém com mais poder cuidaram deles, mas sentiauma dor no peito muito grande, sentia culpa por terdado aguardente(cachaça) aos bebês, mas era umaforma deles não sentir fome, ela não aguentava ver elescom fome e ela não ter o que dar. Estava amanhecendoo dia, quando ela viu uma senhora sair pelos fundos,pegou alguns troncos de madeira e entrou, então aseguiu, pé ante pé, ela foi andando pelo corredor dosfundos do prédio. A mulher era cozinheira, e logo sepostou diante do fogão, de onde ela estava podia sentiro cheiro de mingau de aveia, seu estômago roncou. Olhou assustada, pensou que a mulher haviaouvido, mas que nada, estava cortando pão e o barulhoda faca encobriu. 

Lilith viu que ela saiu da cozinha,indo em direção a sala ao lado, e de onde estava ouviatalheres, então ela pensou que poderia pegar algo paracomer, acreditava que não voltasse tão cedo, as panelasdo fogão com o cozimento pronto. Lilith como umvento corre e pega uma caneca de leite e pão e voltapara seu esconderijo, mata a fome, mas tem vontade deexperimentar aquela sopa. Então ela vai até a sala aolado e vê a cozinheira junto de mais três mulheresarrumando a grande mesa. Ela volta e pega a mesmacaneca e despeja um pouco da sopa de aveia, e voltapara o mesmo lugar. E assim foi por alguns dias, pegou na lavanderiauma coberta e arrumou no lugar onde estava, já nãosentia frio, e durante a noite ela comia, agradecia asmulheres por ter essa oportunidade de comer. Após ummês nesta situação, ela estava dormindo, quando umadas moças que ajudava na cozinha gritou. 

— Socorro, tem uma ladra em nossa cozinha, vejaela aqui. Apontou o monte enrolado na coberta atrásdos mantimentos. Ela abriu os lindos azuis, e pediu quenão fizessem mal a ela, ela não era ladra. 

— Fique aí, vou chamar Haras. Enquanto que umadelas vai em busca de Haras, Sarah entra pela porta,estava no jardim quando ouviu toda gritaria.

 — O que está havendo aqui, por quê gritam tanto?

— Senhora, veja, temos uma ladra. - apontou amulher sentada ao chão. O que Sarah viu, ela estava deboca aberta, quando Haras entrou. 

— Haras veja a nossa visita. Apontou para a mulherque não dizia nada. Haras, de imediato pediu que selevantasse. 

— Levante-se, e senta-se à mesa, vamos conversar.A mulher obedeceu . 

— Bem, vamos ver, como chegou aqui?—Eu vim junto com vocês, naquela noite em queesteve na minha casa .

Dama da NoiteWhere stories live. Discover now