CAPÍTULO 16

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Quando chega a hora de ir embora, sobrevivi a todas as aulas, ainda não vi Verô, e Lauren me olhou de um jeito esquisito quando a gente se cruzou no corredor. Tudo o que eu quero é ir para casa, entrar debaixo das cobertas e fingir que não existe nada além da porta do meu quarto, mesmo que isso queira dizer trancar a Hanna para fora.

Estou a meio caminho dos campos atrás da escola quando vejo Hanna passeando na calçada.

Ela deve ter encontrado um pedaço de corda no quartinho no fundo do jardim, pois fez um tipo de cabresto e está levando o pônei para dar uma volta, deixando que ele pare para comer uma graminha aqui e ali.

— Mannaggia! ( Maldição! / Porcaria! ) — resmungo. E então pisco algumas vezes.

Uau, agora estou até reclamando em italiano.

Corro pelo restante do campo de beisebol, alcançando-a antes que ela chegue à escola. Dou uma olhada rápida para trás e vejo que tem um monte de alunos no estacionamento, encarando essa cena.

Que ótimo! Como se já não bastasse muitos terem visto a Hanna na escola, agora eles também podem conhecer o Meu Querido Pônei em tamanho natural. Hanna deve estar determinada a acabar com a minha vida.

— Eu falei para você ficar lá no quartinho!

— Mas estava muito chato. E o pônei estava com fome e queria alguma coisa a mais que cenouras velhas. Eu não ia entrar na escola, juro. Só estava passando por perto.

Olho por cima do meu ombro. O povo está apontando.

— Beleza. Vou pensar no que vou dar de comer para essa coisa hoje à noite. Mas você tem de voltar para o quartinho.

Hanna faz bico.

— Ainda não consigo entender por que é que você está me punindo. Não é culpa minha que você teve um bolo de aniversário mágico.

— Ah, para de ser ridícula. Eu não estou... — As palavras morrem na minha garganta, e pisco algumas vezes, olhando para Hanna, mas sem enxergá-la. Seu cabelo ruivo espetado parece uma bola de fogo peluda.

E se foi mesmo o bolo?

Eu já fiz um monte de desejos de aniversário. Faço um desejo a cada ano. Mas nenhum deles tinha se tornado realidade.

Até agora.

E, embora o meu ato de fazer um pedido tenha sido exatamente como das outras vezes (fechei os olhos, fiz um pedido e assoprei as velinhas), uma coisa mudou: uma massa gigante de açúcar cor-de-rosa.

Eu sabia que aquele bolo maldito daria confusão. Com quatro camadas, uma cobertura cheia de frufrus, flores cor-de-rosa, velas chiques...

— Hanna, você é um gênio — digo finalmente, enquanto minha visão entra em foco outra vez.

— Eu?

— É. Vem comigo. Tive uma ideia.

Andamos de volta para casa, com o pônei trotando todo alegrinho para alcançar nossas passadas compridas. A cabeça dele chacoalha de contentamento, enquanto o rabo com mechas azuis se arrasta pelo chão.

Um carro diminui a velocidade, e o motorista coloca a cabeça para fora, para conferir meu show de horrores de perto. O pônei nunca foi tão feliz na vida, dando corridinhas e parando para pastar.

Olho para o pônei. Ele é fofinho mesmo, principalmente quando vem xeretar com a boca no meu bolso, como se eu estivesse escondendo algum docinho para ele.

— Pare! — falo com um sorriso, afastando o focinho dele. Ele fica irritado e tenta me
morder. — Ai! — Eu dou um pulo para a frente e para longe dos dentes dele. Esse negócio quase me pegou!

Make Your Wish - CamrenOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz