CAPÍTULO 17

347 42 20
                                    

Naquela noite, constatei que Hanna é uma folgada. Resolvi ser boazinha e dividir minha cama queen size com ela, em vez de fazê-la dormir no chão.

Eu já dormi no chão uma ou duas vezes, e esse carpete não é nem um pouco aconchegante. Então, peguei um saco de dormir no guarda roupa do corredor para ela e dobrei meus cobertores ao meio para mim, e quando peguei no sono, ela estava perto da parede, enquanto eu me aconchegava confortavelmente ao meu travesseiro.

Ainda não amanheceu, mas não consigo mais dormir. Estou quase caindo do cantinho da cama, meu travesseiro foi jogado para longe sem misericórdia, e Hanna roubou meus cobertores.

Rolo da cama e vou até a escrivaninha, para mexer na minha bolsa. Pego meu fichário.

Vou para a última página, onde coloquei a foto da Lauren. Sob a luz da lua que entra pela cortina aberta, só consigo ver o rosto dela.

Eu me inclino para a frente, apoiando o rosto no queixo, e estudo o contorno do corpo de Lauren, o contraste entre o moletom escuro e o brilho que vem da água por detrás dela.

Ela é perfeita de doer.

Não há ninguém no mundo tão maravilhosa quanto ela.

Suspiro, e ao mesmo tempo quero jogar a foto no lixo e plastificá-la, para guardá-la para sempre. Então a coloco de volta no meu fichário. Eu poderia passar mais uma hora olhando para ela, mas isso não mudará nada.

Volto para a cama e pego um dos cobertores da Hanna, e então me enrolo no chão e encaro o teto. Cochilo uma ou duas vezes, porém não por muito tempo, porque me pego observando como o quarto está ficando mais claro.

Quando não aguento mais, sento-me e olho para ela.

Ela parece bem confortável, deitada na diagonal, quentinha dentro do saco de dormir, com a minha colcha por cima. Ela está usando dois travesseiros, um debaixo do braço e o outro sob a cabeça.

Um chiclete de bolinha errante está debaixo da minha batata da perna, e resisto ao desejo de jogá-lo na Hanna. Então o arremesso na lata de lixo.

Tiro o cabelo da frente do rosto e olho para ela, mas ela não parece perceber, pois está roncando alto.

— Buon giorno ( Bom dia ) — falo baixinho.

As palavras são bonitas, mesmo que meu tom não seja.

Eu me ajoelho e pego a régua que está na prateleira perto de mim e a cutuco. Seu ronco se transforma num gargarejo estranho por um minuto, mas, em seguida, volta o barulho de serralheria de antes.

Deixa pra lá.

Coloco uma mão na cama e me levanto, mas me sinto meio tonta, como se estivesse andando sobre chicletes de bolinha.

Juro por Deus, se essas coisas aparecerem de novo...

Mas uma olhada rápida me dá a segurança de que não há nada entre os meus pés e o carpete marrom.

Estranho.

É como se o chão estivesse desnivelado. Eu continuo caindo e me forçando a ficar de pé, ereta.

Vou até o meu guarda-roupa, mas tonteio novamente e tenho de me segurar no puxador.

Fecho os olhos por um minuto, tentando encontrar meu equilíbrio.

Não sei o que está acontecendo. Sinto aquela sensação que a gente tem quando se levanta rápido demais depois de ficar à toa no sofá o dia todo e então pula de lá.

O mundo está meio torto, e minhas pernas estão tremendo para tentar compensar.

Faria sentido se eu tivesse ingerido um monte de açúcar, mas não é o caso de hoje cedo. A não ser que se leve em conta a personalidade docinha da Hanna.

Make Your Wish - CamrenOnde histórias criam vida. Descubra agora