CAPÍTULO 32

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Não consigo dormir nada nesta noite. Nem por um único momento. Ouço a chuva lá fora pela janela aberta, e os roncos da Hanna, e tento não ficar me virando na cama, porque sei que não ficarei confortável de jeito nenhum.

Assim que o sol nasce sobre as montanhas Cascade, saio da cama e coloco uma calça jeans, uma camiseta velha com um unicórnio bem zangado na frente e um moletom de capuz preto.

Prendo meu cabelo castanho sem graça em um rabo de cavalo, enquanto vou para o jardim pegar o pônei.

Ele desaparecerá em alguns dias, passei esse tempo todo querendo que ele sumisse. Então, preciso reservar para ele pelo menos uma manhã decente. Vou levá-lo ao parque perto de casa e deixá-lo comer toda a grama que quiser por uma hora mais ou menos, até chegar a hora de me arrastar até a escola.

Torço o nariz ao entrar no quartinho do jardim para pegar o cabresto de corda que a Hanna fez para ele.

Espero que todo o cocô desapareça magicamente com o pônei.

Que nojo!

Coloco a corda em volta do pônei e dou uns nós, até conseguir um negócio que lembra vagamente algo que o impedirá de fugir.

Acho que é bem irônico, porque fiquei o tempo todo desejando que ele fugisse de verdade.

Deixo que ele dê mordidinhas na grama no caminho para o portão e vamos para a frente da casa.

Mas não chegamos ao parque, porque tem um carro parado na calçada.

Uma voz vem até mim. Tem alguém na varanda da frente de casa.

— Karla.

Mesmo depois desses anos todos, desse tempo todo, sei exatamente quem é. Nem preciso me virar e olhar.

Fico ali, uma mão segurando a corda, torcendo-a de um lado para o outro, enquanto olho para a grama orvalhada.

Respiro fundo várias vezes, para me acalmar, e então me viro para olhar para ele.

Seu cabelo escuro está começando a ficar grisalho, meio preto e meio branco, o que me pega tão desprevenida que não consigo parar de olhar para ele, pensando como envelheceu.

Já se passaram sete anos e, por isso mesmo, ele parece bem mais velho.

Ele está usando jeans escuros e bem cortados, com um suéter fino e uma jaqueta por cima, e uns sapatos de couro luxo total com uns negocinhos pendurados.

Ele parece um playboyzinho completo.

— Oi, querida — saúda, com sotaque italiano mais forte do que nunca.

Ele sorri para mim.

O sorriso faz alguns pés de galinha aparecerem ao redor dos seus olhos.

Rugas de felicidade.

Eu queria ser a pessoa com quem ele vinha rindo esse tempo todo.

— Pai — falo, minha voz tremida e sem confiança.

Eu odeio isso.

Eu quero soar indiferente, confiante, em nada afetada pela presença dele aqui.

Mas, na verdade, sinto-me girando num turbilhão.

Estou feliz por ele estar aqui?

Animada?

Ou quero que ele vá embora?

E por que é tão difícil saber qual opção eu quero?

— Eu percebi que perdi seu aniversário de dezesseis anos.

Make Your Wish - CamrenNơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ