CAPÍTULO 39

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É o ultimo... espero que gostem

***

Quando acordo na manhã seguinte, meu quarto está estranhamente iluminado, apesar das cortinas verdes e grossas.

Pisco algumas vezes, pensando se dormi até depois do meio-dia, mas o mundo está silencioso.

Silencioso demais para o meio-dia.

Eu me sento na cama e dou uma olhadinha pela cortina, e o que vejo faz meus olhos se arregalarem.

Neve.

Flocos de neve enormes e fofinhos estão caindo silenciosamente do céu aveludado.

Mal posso ver o quartinho no fundo do jardim por entre os milhões de flocos que despencam das nuvens lá em cima.

Mal chegamos em outubro.

Nevar em novembro já seria uma raridade.

Como uma tempestade de neve bem da estranha!

Aposto que nunca nevou em outubro antes. Pisco, de olho nos flocos caindo, pensando se foi um desejo meu também.

Não consigo parar de olhar a cena. Nosso gramado não está mais verde; agora é apenas um cobertor lindo de poeira branca e impecável.

— Hanna! — sussurro, ficando de pé e pressionando a testa contra o vidro da janela.

Ela está gelada. Deve ter caído uns vinte graus desde ontem à noite. Eu me sinto tonta e meio boba, como uma criança acordando na manhã de Natal.

— Hanna! Está nevando!

Eu me viro para acordá-la — talvez com uma travesseirada —, mas meu mundo cai e o sorriso do meu rosto some ao ver que ela não está mais na minha cama.

A cama está vazia.

Totalmente deserta da ruiva meio maluca que eu aprendi a conhecer e a gostar.

Hanna não gosta de levantar cedo. Ela nunca acordou antes de mim.

Ela poderia dormir até no naufrágio do Titanic.

Vou até o guarda-roupa, como se por algum motivo ela fosse estar sentada no chão lá dentro.

Mas ela não está. A grande pilha de brinquedos e a bagunça que arranquei das prateleiras há alguns dias ainda estão amontoadas no carpete.

Tiro meu roupão felpudo do cabide, coloco um par de pantufas bem grossas e saio do meu quarto, descendo as escadas tão rápido que quase despenco antes de chegar lá embaixo, e tenho de me agarrar ao corrimão.

Saio pela porta dos fundos e abro-a com tudo, mas só quando chego ao jardim é que me ligo que está mesmo nevando e que estou usando só um roupão e pantufas fofinhas.

Olho para o céu, e os flocos de neve aterrissam nas minhas bochechas, na minha testa e nos meus olhos.

Pisco algumas vezes e coloco a língua para fora para “comer” alguns.

Eles são de verdade.

Está nevando em Enumclaw em outubro.

Eu me viro e olho para o topo das montanhas à nossa volta, mas mal consigo ver a cobertura de neve nelas, em meio aos flocos.

Isso tem de ser algum recorde meteorológico.

Eu quero ficar maravilhada por mais um tempo, mas está congelante, então saio correndo pelo gramado agora branco.

Make Your Wish - CamrenWhere stories live. Discover now