CAPÍTULO 36

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Dirigindo pelas estradinhas de terra batida, com o rádio desligado enquanto me concentro no para-brisa, não posso deixar de desejar que a pista ficasse a uns dez quilômetros dali, para poder bolar um plano.

Mas acho que preciso parar de desejar as coisas e simplesmente encarar a realidade na hora.

Quando estaciono a caminhonete perto da pista, minha cabeça está girando e está cada vez mais difícil respirar.

Parece que a Lauren e os outros pilotos já acabaram o treino, porque estão todos sentados nas caçambas.

Ela deu a ré na caminhonete dela na traseira de outra, para as portinhas das caçambas se encontrarem, e tem dois caras em cada uma, com as pernas penduradas para fora, tomando Red Bull e comendo Doritos.

Eles ainda estão usando o equipamento: camiseta, calça esportiva, botas já desafiveladas na canela.

Eles ficam me olhando quando chego a bordo da pequena Ranger, pulando nos morrinhos e batendo nos piores buracos do campo, porque estou ocupada demais encarando a Lauren e tentando me controlar.

Quando consigo sair do banco do motorista, mal posso sentir meus dedos das mãos e dos pés, de tanto nervoso.

Não sei do que eles falavam, pois todos ficam quietos quando bato a porta e olho para a Lauren.

Ela diz algo para os rapazes e pula da caçamba, aterrissando em um morrinho enquanto uma pequena nuvem de poeira se forma ao redor dos seus pés.

Ela se inclina e afivela as botas novamente, e então vem em minha direção.

Dou o melhor sorriso que consigo nessas condições.

- Quer dar uma volta para a gente conversar? - pergunta ela, apontando para a pista com a cabeça.

Eu não respondo, só viro na direção que ela indicou e ando a passos lentos pela pista.

- Então, e aí? - fala ela, após um momento de silêncio.

- Ah. Hum, então, eu, é que...

Fecho os olhos e engulo em seco. Isso não é o que eu deveria ter dito.

Ela para ao meu lado. Posso sentir sua mão tocando o meu braço. Os cabelos na minha nuca ficam arrepiados.

Eu deixo meus olhos fechados para a próxima parte, porque a ideia de vê-la me rejeitar é demais.

- Eu gosto de você. E queria saber se você sairia comigo um dia desses - desabafo.

Silêncio.

E mais nada.

Eu respiro e tento abrir um olho para olhar para ela.

Ela parece contente.

- O que você está fazendo? Tirando uma soneca?

Dou um murrinho no ombro dela.

- Não tire sarro de mim!

Ela cruza os braços e me dá um sorriso com cara de sabichona.

- Mas você praticamente pede isso!

Levanto a mão, como se fosse dar uma porrada nela, e ela ergue os braços, numa pose clássica de "eu me rendo".

- Tá, tudo bem - concorda ela.

- Tudo bem você parar de tirar uma com a minha cara ou tudo bem sair comigo?

- Booooooommm - faz ela, alongando a palavra até que ela pareça ter várias sílabas.

- Laur!

Make Your Wish - CamrenWhere stories live. Discover now