CAPÍTULO 22

324 45 1
                                    

Coloco meu prato na pia, em cima do prato do Shawn. A pequena sereia ainda está passando na TV. Ela está cantando uma música sobre garfos.

— Já volto — falo para a Hanna.

Eu não tinha pensado nisso até agora, mas talvez tenha uma conta ou um cartão da confeitaria. Se minha mãe não está por perto para eu perguntar, então pelo menos posso investigar a resposta.

Ainda não recebi meu desejo de hoje.

Estou com medo do que possa ser. A Lauren poderia aparecer a qualquer momento para me beijar.

Ou talvez o presidente vá ligar para mim para pedir que eu seja sua conselheira militar.

Isso tem de parar. A Verô não merece ser traída e, não importa o que eu faça, beijar a Lauren será simplesmente visto como isso. Não fará diferença nenhuma que eu esteja fazendo de tudo para impedir isso.

Não fará a menor diferença que a única razão para ela me beijar seja um desejo ridículo.

Subo a escada acarpetada de dois em dois degraus e entro no escritório da minha mãe.

É impecável: paredes brancas, carpete bege, uma escrivaninha gigante de madeira clara. Ela tem um tapetinho de plástico embaixo da cadeira com rodinhas e bandejas e pastas para toda a papelada, alinhadas às prateleiras de madeira.

Os únicos objetos ao lado do monitor dela são um telefone e um porta-lápis, com todos os lápis perfeitamente apontados.

A estante de livros está repleta de material de referência e fichários. Ela utiliza os fichários para os eventos, isso eu sei.

Cada lombada está etiquetada com todo cuidado:

“Casamento”, “Piquenique feliz”, “Retiro em Rainier”. Se eu abri-los, vou ver seis divisórias etiquetadas com assuntos diferentes: entretenimento, bufê, locação...

Na época em que minha mãe ainda estava começando a empresa, meu irmão e eu a ajudávamos a fazer um monte de fichários vazios e pensávamos como seria quando ela tivesse tantos eventos que eles ficariam totalmente cheios com a papelada.

Preparávamos uns sundaes com um monte de confeitos e granulados e minha mãe falava sobre seus planos, enquanto organizávamos os fichários e colocávamos folhetos em envelopes.

Na verdade, foi a única atividade divertida em família desde que meu pai foi embora.

Se a gente a ajudasse, ela nos deixava manter nossos quartos bagunçados.

Ela não ligava se a gente não arrumasse a cama ou não lavasse a louça. Ela precisava se preocupar com coisas mais sérias.

Eu não ajudo mais a minha mãe.

Eu me sento na cadeira dela e fico quieta por um tempo, tentando ouvir o barulho do carro, caso ela venha para casa incrivelmente cedo.

Há meses que não entro aqui e não quero ter de explicar o que estou fazendo no escritório dela.

Abro a primeira gaveta que vejo; está cheia de material de escritório, tudo perfeitamente organizado, cada item em seu lugar.

As próximas gavetas não revelam nada melhor também.

Pastas, folhas em branco, cadernos, um porta-cartões de visita.

Ainda estou sentada na cadeira dela, batendo meus pés contra o tapetinho de plástico, quando a campainha toca.

Pulo da cadeira e saio do escritório, como se tivesse sido pega de supetão num assalto a uma joalheria, e voo lá para baixo.

Talvez sejam os meninos do 1D para me fazerem uma serenata ou o Sedex com uma entrega especial de um estoque eterno de jujubas.

Make Your Wish - CamrenOù les histoires vivent. Découvrez maintenant