CAPÍTULO 28

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A quarta-feira é um desastre absoluto.

Verô nem olha na minha cara, muito menos fala comigo. E eu nem sei se quero falar com ela.

Será que devo a ela desculpas pela nossa briga?

Ou ela é quem deveria se desculpar?

Minha amizade leve e divertida com a Lauren se transformou em algo desconfortável.

Eu não a culpo por não saber como agir. Sou eu quem vivo me comportando como se ela tivesse lepra.

Todo dia, se ainda não recebi meu desejo, faço de tudo para não encontrá-la. Às vezes, ela vem em minha direção no corredor, e eu saio de repente por uma porta lateral.

Talvez seja bobagem e eu não possa evitar que ela me beije, mas continuo tentando mesmo assim.

Ela teria de ser muito burra para não perceber. Além disso, eu vivo falando sem parar sobre o Ken, esperando que isso, de alguma forma, mantenha-a longe.

Acho que é bem capaz de a Lauren usar o bom senso e decidir não me beijar. Então, se ela se lembrar de que tenho namorado, bem, pode dar certo.

Minha mãe ainda está viajando, ela só volta na sexta. Ainda não nos falamos depois da briga.

Estou morrendo de dor nas costas por causa dos meus peitos enormes, tem chiclete de bolinha para tudo quanto é canto, o pônei está ficando cada vez mais mal-humorado e ainda estou falando italiano.

Estou morrendo de vontade de tomar um banho bem quente e demorado para relaxar, mas nos últimos dias tive de me contentar com um banho de esponja e com lavar o cabelo na pia, porque não quero nem saber o que acontecerá se afundar minhas pernas na banheira por mais de dois segundos e meio.

Enquanto subo a escada para o meu quarto, xingo baixinho, em italiano.

Quando entro no quarto, Hanna está feliz, e de um jeito bem suspeito, o oposto total do meu humor.

Ela está girando na minha cadeira da escrivaninha, a mesma cadeira que um dia coloquei entre nós para mantê-la longe de mim no dia em que ela apareceu.

Pena que não deu certo.

Fico olhando para ela e então me jogo na cama, com o queixo sobre a colcha xadrez verde e laranja.

Se eu não posso ser feliz, ela também não deveria.

Ela para de girar e quase cai da cadeira. Ela está meio vesga, logo sei que está tonta e ainda nem notou a minha cara feia.

— Posso saber o porquê de tanta alegria? — pergunto, sem nem tentar disfarçar minha hostilidade.

— Eu vou a uma festa! — anuncia ela, a voz tão animada que ela parece alojar um monte de arco-íris e pôneis.

Como se isso fosse possível.

Eu quero jogar coisas nela.

Pedras, talvez.

Eu me apoio nos cotovelos e olho para ela direito.

— Quem convidou você para uma festa?

— Não sei! É uma menina, uma tal de Becky. Eu anotei o endereço — responde ela, mostrando o papel.

Eu pulo da cama como um puma dando o bote e pego o papel da mão dela.

“3322 Weatherby Lane.”

A casa da Janae.

Incrível.

— Onde você arranjou isso?

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