I will be bold

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Point of view —Isabella

Mesmo sem o professor ter me dispensado começo pegar meus livros sem ter uma direção correta onde estão posso ouvir alguns de meus livros caindo no chão, bufo frustrada ao mesmo tempo que sinto uma lágrima rolar pela minha bochecha, sim, ao contrário do que todos pensam um cego pode sim chorar, minhas glândulas lacrimais funcionam perfeitamente, mas não choro por me fazer de coitadinha, choro por raiva, Beatriz sabe que odeio que me exponha a um desconhecido e ela faz isso em meio a classe.

—Isa me desculpe- Sinto quando sua mão pega a minha, a puxo com raiva a colocando em cima da minha barriga  com meus dedos fechados, formando um punho.

—Eu não fiz por mal, mas esse idiota fica te perturbando—Ela fala quase que implorando, posso apenas captar as respirações das pessoas presentes na sala, o silêncio emana ali.

—Você nunca faz nada por mal,Beatriz, seu problema é que você nunca faz nada por mal, eu gosto mesmo de você, só que você me sufoca—Quase grito— Quantas vezes tenho que falar que eu não sou uma boneca? Ou muito menos indefesa? Eu sou apenas cega está me escutando apenas CEGA!

Quando termino de falar meu peito sobe e desce rapidamente

—Sei que é estourada, que faz para depois pensar mas será que eu posso pelo menos uma vez na vida eu mesma enfrentar minha vida, meus problemas sozinha? Quando não é você é o papai, eu tenho vontades próprias, se eu for cair quero que deixe, se for fazer algo errado deixe, eu quero ter paz somente isso é pedir demais?

Pego minha bolsa enfio minha lá dentro procurando pelo meu Bastão de Hoover o desdobro e começo a tatear o caminho até a porta. Sei que fui rude, talvez até tenha usado Beatriz como a ponta do meu iceberg gigante de frustração, sei que meu pai e ela querem meu bem, porém não me deixam respirar, então por que meu pai me fez passar de anos de minha vida no instituto para cegos? Ele sabe muito bem mesmo com minhas limitações eu sou independente, Beatriz sabe que conheço essa escola como ninguém tem seis anos que estudo aqui e todos me conhecem ninguém me faria mal e sobre o tal idiota que ela vive falando eu saberia lidar com ele, ela não precisaria tomar frente e gritar que sou cega, eu mesmo iria falar para ele de minha deficiência, não iria esconder.

Meus cabelos voam ao chegar na porta, o cheio de árvores chegam as minhas narinas, conto dezoito passos para direita exatos e sei que estou em baixo do meu carvalho estico minha mão esquerda sinto quando minha toca o grande tronco me abaixo lentamente e me sento ali repousando minha cabeça e fechando meus olhos.

É pecado eu desejar minutos de paz e silêncio? Acho que não. Em minha casa meu pai me trata com amor, mas não me deixa quieta, minha mãe exige de mim postura de uma socialite e me trata com uma frieza maior que meu iceberg de frustrações, na escola tem a Beatriz e os professores que me rondam como se fosse uma débil, qual o problema das pessoas em entender que quero apenas me misturar e não sentir que me tratam com diferença.

Às vezes eu só queria me trancar em um cômodo escuro com meus livros e podê-los ler em paz poder imaginar as cores que eles explicam ali, imaginar a cor dos olhos escuros do príncipe Erick que estou lendo, poder imaginar como a princesa Valentina enfrentou seu pai e foi ser feliz com seu ladrão nobre.

Li não sei quantas vezes o livro a princesa e o ladrão, meu pai me deu quando aprendi ler em braile, fiquei encantada ao saber que a princesa tinha um castelo e a cada ano o rei colocava um diamante na porta em seu aniversário de certa forma me sinto um pouco como a Valentina pois meu pai é um fornecedor de diamantes e a cada aniversário meu uma peça leva meu nome e é a única peça no ano que ele usa o diamante violeta ninguém mais no mundo tem tal diamante ele é exclusivo das minas de minha família, somente uma senhora tem a rosa de se exibir com um diamante violeta, neste momentos existem apenas dezesseis jóias em todo o mundo e claro a primeira é do meu pai ele disse que me dará de presente no dia do meu casamento para ser passado de geração, aí está a diferença da princesa Valentina para Isabella ela teve seu amor eu jamais terei o meu.

O vento sopra e aspiro profundamente para poder sentir o cheiro do carvalho porém um aroma adocicado levemente me lembrando a cacau invade minhas narinas olho em direção de onde o cheiro vem e ao fazer isso meus ouvidos captam o som de folhas sendo pisoteadas

—Quem está aí? —Pergunto alto.

—Não precisa gritar estou perto o suficiente para lhe ouvir—Reconheço a voz no exato momento e encolho-me um pouco não por medo, mas toda vez que nos esbarramos não foi nada amistoso, primeiro quando ele me derrubou, depois a forma como foi tratado por Beatriz por me defender como uma leoa. E agora estava tão distraída em meus pensamentos sobre meu livro preferido e não percebi ele se aproximar o que eu deveria ter percebido, não posso esquecer que sou um ser humano e como qualquer um posso me distraí e na escola estou protegida certo?

—Você deixou cair no chão quando saiu apressada da sala—Sinto ele pondo os livros em minha mão, seu toque é quente, posso sentir pequenos calos ali, passo meus dedos lentamente sobre os livros leio que é de espanhol e física.

—Obrigada Bieber e me desculpe por Beatriz ela não é assim, aliás é sim mas quando se trata de mim ela fica cem vezes pior.

Escuto sua risada pelo nariz e quando se senta ao meu lado pronto agora ele vai sentir pena de mim e é tudo que não preciso neste momento, não hoje

—Eu entendo ela agora e me desculpe por mais cedo eu não sabia moça, eu fiquei com raiva por ficar com a mão estendida pensei que estava me esnobando por não ser de sua classe social.

O olho imediatamente e posso ver seu arfar surpreso pisco rapidamente talvez umas cinco vezes sei muito bem o que o surpreendeu, abaixo a cabeça imediatamente.

—Nossa, deixe-me ver de novo, nunca vi algo tão lindo em toda minha vida, desculpe mas serei ousado e atrevido— Só consigo entender sua fala quando seu dedo toca meu queixo levantando lentamente.

— Seus olhos são lindos, nunca pensei que pudesse existir íris com essa cor.

Eu não sei ao certo como meus olhos são, mas sempre ouvir o arfar das pessoas e minha mãe sempre fala que são bizarros eu passei odiá-los.

—Não, é apenas uma aberração da natureza, meu melanócitos produziu muita melanina azul e vermelho aí está o resultado.

O silêncio preenche o local depois de minha afirmação, me assusto quando algo cai em meu colo levo minha mão até onde estar e sinto ser apenas uma folha começo a acariciar e sinto ela um pouco aveludada.

—Como é seu nome mesmo? —Justin pergunta depois de alguns minutos olho em sua direção para responder.

—Isabella.

—Senhorita Cavanaugh vamos? —Ouço a voz de Alfredo, levanto-me devagar e apoio meu bastão no chão, sinto as mãos de Alfredo tocando meu ombro olho para onde Justin ainda deve estar.

—Até mais Justin—Digo enquanto sinto Alfredo pegando minha bolsa.

—Até amanhã Violetta— Uno minhas sobrancelhas em confusão.

—Violetta? —Pergunto mesmo sem entender pelo o que me chamou

—Sim, a partir de hoje você pra mim é Violetta, faz jus a cor dos seus olhos.

Violetta ✓Where stories live. Discover now