Justin?

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 Point of view— Isabella 
                                                                        Uma semana. 

Há uma semana, minha vida foi parada para que eu possa ver tudo por outra perspectiva. Eu passei todo esse tempo com os olhos enfaixados e tendo o meu quarto movimentado pelas visitas do meu pai. Conduzo a colher de sopa a boca, ela já não está tão quente quanto antes e a falta de tempero nas refeições hospitalares não abre o meu apetite, então afasto a mesinha de rodinhas e volto a acomodar as minhas costas nos travesseiros. 

Levo as mãos ao meu rosto sentindo a faixa em volta dos meus olhos, às vezes coça um pouco e sinto vontade de tirar, ou talvez essa seja só a minha desculpa para saber o resultado da cirurgia. Meu pai está tão cheio de esperança em relação a cirurgia, se eu puder descobrir o resultado agora posso evitar tamanha frustração para ele. Meus dedos tremem, mas sei que sou forte o suficiente para descobrir isso sozinha. 

— Não ouse puxar esta faixa — a voz de Beatriz ecoa pelo quarto. Minha mente se divide em duas partes: alívio por ela ter me impedido e frustração pelo mesmo motivo — Você quer que eu chame o Dr. Alessandro? 

— Não — respondo de imediato, me corrijo: — Eu estou bem assim, não precisa chamá-lo. Eu não me sinto à vontade com ele sem o papai por perto você sabe disso.

Juro que posso escutar  minha melhor amiga segurar uma risada. Eu não sei explicar, mas não gosto da presença desse homem. Ele enche o meu pai e a minha melhor amiga de esperanças, e se a cirurgia não for um sucesso? O que ele vai dizer ao meu pai? Que sou uma cega inútil que ninguém pode salvar?! Ele tem uma vibração estranha que emana dele quando está perto de mim, sua voz fica mais carregada como se não quisesse conversar comigo. 

— Como você está? — Sinto a sua presença ao meu lado da cama. 

— Ansiosa — aperto o lençol entre os dedos. 

— Sei como se sente, eu estou duplamente ansiosa — seu tom alegre me faz sorrir — Não vejo a hora de pegar o meu bebê no colo e também acabar com esse sofrimento nas minhas costas.

— E como está indo a gravidez? 

— Muito bem, já estou com sete meses. Eu tenho feito todos os exames do pré-natal. 
Minhas mãos se perdem pelo ar até encontrar a barriga arredondada de Beatriz. Minha amiga pousa as suas mãos sobre as minhas, me guiando pelo local. 

— Estou tão feliz por você, amiga — sorrio. 

— Eu quero que você seja a madrinha do meu filho — Beatriz diz empolgada. 

— Isso é sério? Eu adoraria ser madrinha — digo entusiasmada.—  E devo confessar que estava ansiosa para esse convite, mas não tinha certeza se você iria me querer como a madrinha do Tyler. Bem, você sabe o motivo.— Confesso um pouco sem graça.

— Você  será a melhor madrinha de todas juntamente com seu marido.

Beatriz me abraça, sinto o cheiro de baunilha do seu cabelo contra o meu rosto. Sempre fico impressionado quando penso no rumo que nossas vidas tomaram, Beatriz e eu somos amigas desde sempre e ela era o tipo namoradeira que não queria nada sério.

Hoje em dia, a mesma Beatriz que terminava relacionamentos por não querer se apegar, se casou com Nicholas— o carinha da faculdade que pediu seu número de telefone— e está se tornando mamãe de primeira viagem. Minha vida também mudou muito, mas perdeu a essência de cacau que me mantinha alegre todas as manhãs. Sinto falta do meu marido, namorado e acima de tudo meu confidente, ele sempre esteve comigo nos piores e bons momentos e não tê-lo ao meu lado agora me parece ser algo muito injusto. 

Violetta ✓Where stories live. Discover now