friends?

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Point Of View— Justin

Olho fixamente para o teto do meu quarto como se houvesse algo interessante nele o que de fato não há, a casa se encontra em total silêncio, os pirralhos estão para escola e minha mãe em seu trabalho. Fecho meus olhos frustrado, eu que devia trabalhar e não estar em um colégio para mauricinhos, enquanto minha mãe se mata no restaurante eu estou aqui deitado como um inútil. Isso está errado, eu não deveria ter escutado minha mãe e aceitado a bolsa.

Levanto de minha cama no ímpeto tirando a camisa branca de meu uniforme a trocando por uma preta, tenho que arrumar um emprego nem que seja um de meio período não posso viver à custa da dona Pattie afinal eu sou o homem da casa.

Vou até a sala, onde minha mãe colocou um treco que não sei o nome, só sei que pendura as chaves tornando mais fácil  achá-las quando se faz necessário. Pego a chave de minha moto e vou até a frente de casa, monto em cima e logo dando partida, melhor ir até o centro da cidade onde minhas chances serão maiores.

Mesmo a viseira estando abaixada, posso sentir o vento contra meus braços e pescoço, adoro essa sensação de liberdade, de que estou voando, me sinto calmo e tranquilo como não sinto desde a morte do meu pai, a mesma sensação que tenho sentido ultimamente ao lado de Violetta.

Violetta ainda é um mistério para mim, eu não consigo decifrar apenas por encará-la e isso me frustra, sempre fui um homem perceptível e com ela não, eu nunca sei o que ela está pensando, e mesmo ter conversado com elas algumas vezes, ainda sim, não sei o que dizer sobre ela, a única coisa que posso afirmar é que ela tem uma áurea boa e que me deixa calmo.

Lembro-me de suas íris violetas e sorrio, jamais vislumbrei nada mais lindo e mesmo ela nunca me olhar nos olhos e eles sendo distantes transmite mais carinho de uma pessoa que não é deficiente visual.

Talvez a melhor coisa que me aconteceu desde que aceitei entrar no Beldani foi conhecer Isabella Cavanaugh.

Ando por mais vinte minutos e coloco minha moto perto das centenas que tem ali na praça, olho por todo lugar e procuro qualquer mínimo pedaço de papel avisando que precisa de algum funcionário, mas nada, eu não posso continuar como moto boy, não é sempre que tem entregas para mim e eu preciso de dinheiro.

Vejo uma lanchonete logo a frente  e vou até mesma e converso, procuro saber se precisam de atendente, garçom  qualquer função e resposta é um sonoro não. Ando por mais algumas horas e nada.

Como pode ser tão difícil assim ser contratado? Alguém tem que me dar uma chance para que eu consiga provar que eu não sou incompetente.

Ando até a praça onde deixei minha moto por perto, o carrinho de sorvete chama minha atenção, vou até o mesmo e compro um picolé com sabor de algodão-doce.

Levo o mesmo até minha boca  e dou uma pequena mordida fechando meus olhos ao sentir o gosto do único  doce que agrada meu paladar.

— Pode me deixar aqui Maciel, mas fique por perto caso eu precisar.

Reconheço essa voz e olho para trás no mesmo instante, sorrio, este mundo é mesmo pequeno.

Ando até a moça que está sentada no gramado enquanto segura seu bastão com força, percebo isso ao ver que os nós dos seus dedos estão contraídos e brancos.

O sorriso que tem em meu rosto some quando me aproximo e vejo seu olhos que encaram o céu estão vermelhos, seus dentes segura o lábio inferior e um suspiro sai com pesar de seu nariz.

Dou dois passos para frente e paro no mesmo momento. Será que ela quer companhia? Talvez ela precise de um tempo só.

Eu quando não estou bem, prefiro a solidão, ela me ajuda a pensar.

Violetta ✓Where stories live. Discover now