How long

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Point of view — Isabella

Relaxo meu corpo na cadeira enquanto o sinto o sol ameno aquecer meu rosto fecho meus olhos apreciando a sensação de conforto que a dias não tenho. A chuva e o frio de Londres sempre me confortou principalmente a chuva, gosto de ouvir o barulho que a mesma faz quando se choca contra o vidro da janela, gosto do cheiro de terra molhada e tenho a mesma sensação de quando ainda eu era uma menina que é aquele desejo de comer.

Amo o vento frio que bate contra meu rosto. Tudo sempre foi  tão convidativo e tão meu e nessa última semana me deixou ainda mais melancólica. Fez com que esse clima que sempre me conquistou se tornasse ainda mais frio e cruel, e hoje acordar sentindo o sol lutando para sair e se mostrar grande e imponente me fez perceber que o mundo aqui fora continua e que eu tenho que viver. A dor, a saudade e as milhares de perguntas sempre estará em minha mente eu que tenho que seguir em frente.

Ouço o canto dos pássaros, alguns carros chegando e saindo do condomínio, os empregados transitando pelo jardim enquanto conversam entre si. Todos com sua rotina e vida. Eu também posso fazer isso, eu devo voltar ativa.

— Bom dia minha jóia —  Abro meus olhos ao ouvir a voz do meu pai, seus lábios tocam minha bochecha. — Eu estava me preparando para tomar café quando te vi pela janela do meu quarto então tomei a liberdade  e pedi que Maria nos servisse aqui, me acompanha?

A voz de meu pai está abatida porém percebo que ele se esforça para viver, se ele que a tantos anos foi casado com a mamãe e ela foi sua companheira de toda uma vida está se esforçando para que a vida prossiga,  seguirei seu exemplo e farei o mesmo.

— Claro, pai — O arrastar de cadeira denúncia que ele se senta ao meu lado. Posso escutar quando ele abre seu jornal matinal e passa as páginas até encontrar o que deseja ler como todas as manhãs, ou seja: esportes e economia.

— Eles ainda insistem em falar da morte repentina de sua mãe, eles não se cansam? — A entoação de raiva em sua voz é  perceptível para qualquer um, e não é para menos. O jornal é abandonado ao que ele o joga com força na mesa e eu ouço impacto.

— Como o senhor tem lidado? Digo, para mim está sendo terrível papai, eu sei que eu e minha mãe fomos de longe as pessoas que mais não se suportavam, que não mantínhamos  contato e ela sempre me afastava, ainda sim, eu a amava.

Posso ouvir seu suspiro, ele agarra minha mão com um pouco mais de força e sei o quanto ele está sofrendo apenas com essa atitude pois foi desesperado seu toque.

— Isabella, eu amei demais sua mãe e ao mesmo tempo eu estou com ódio por ela ter me deixado assim. Eu me pergunto o porquê, mesmo ela ter deixado uma carta e dizendo que me ama, que amava você e pedindo que eu sempre continue te protegendo. Eu entendo também a depressão e o que a mesma fazia com sua mãe, a destruindo dia após dia e fazendo com que a mesma fugisse da realidade. Eu só não queria que ela me deixasse e sei quão egoísta estou sendo por pensar somente em mim e não na confusão que sua mente estava. — Ele se cala por uns segundos, hoje foi o primeiro dia que tivemos coragem para conversar sobre a morte e o que estamos sentindo, eu ainda tenho o Justin que me lê  sem que eu precise falar já ele está sozinho naquela enorme casa.

— Eu decidi por viver, mesmo as vezes ela me tirando do sério eu sei que fomos felizes e quando ela estava bem ela era uma ótima esposa, presente, mostrava sua preocupação para comigo. Vamos apenas ficar com os momentos bons, Isabella, e no mais só o tempo para curar esse vazio.

Concordo com ele e tomamos nosso café em meio a conversas e risos, fico feliz por Justin ter aceitado morar na casa da piscina pois agora somos a família do papai.

Violetta ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora