I want to know

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Point of view —  Isabella

Sinto a respiração de Justin em meu pescoço enquanto acabo de ler, às vezes ele faz alguns barulhos com a boca como se estivesse surpreso, é sempre assim muitos não querem escutar o livro por ser uma história infantil, mas quando dão  uma chance se impressionam pelo enredo e quão mágico pode ser.

— E então o que achou, Justin? — Viro em sua direção e olho em direção onde imagino está seu rosto, onde sinto sua respiração, sinto quando ele se mexe e retira sua cabeça de meus ombros.

— Tenho que confessar que apesar de não ter sangue, zumbis e mortes o livro passa uma mensagem incrível que é: amar sem medo, não importa o que vai passar, o que vão pensar sobre, você tem que simplesmente amar o máximo que der o máximo que puder.

Confesso que eu mesma apesar de ter lido incontáveis vezes o livro nunca tive uma opinião assim, sempre percebi que a princesa Valentina enfrentou tudo e todos para viver com Erick o seu ladrão e que viveram o amor mais puro e genuíno que poderiam ter. Mas, levar essa história para minha vida pessoal, para nós como ser humano, nunca, e o fato de um homem pensar assim me deixa embasbacada, posso ser machista, porém é difícil ter um homem com sentimentos assim e falar com facilidade sem achar que o torna gay por isso, só se...., não, eu não sou curiosa e muito menos irei ser invasiva com uma pergunta dessas.

— Jazmyn que vai gostar desse livro — ele fala e sinto  quando ele se levanta — Foi um prazer passar um tempo com você Violetta, até.

Sorrio quando sinto um beijo em minha bochecha, encosto-me na árvore fechando os olhos a paz que sinto aqui é algo surreal.

Como muitos pensam ser rico não é tudo, não é ter um pedacinho do céu em casa, pelo ao contrário e não penso assim pelo fato de ser cega de nascença pois meio que me acostumei, é pelo fato de ter tanto luxo em casa mas a harmonia não existir, tenho meu pai que faz tudo por mim, mas em compensação minha mãe me faz sentir como se eu fosse a  pior pessoa do planeta,  faz com que eu me sinta como um E.T por causa dos meus olhos violetas.

Sempre pergunto-me o porquê de ser tratada assim por ela, é suposto que a mãe ama um filho incondicionalmente, não é? Que ela o faça o centro de sua vida então porque a minha é assim? Ela me odeia porque eu nasci?

— Eu te vi com aquele garoto hoje? —Meus pensamentos são interrompidos, reconheço imediatamente a voz de Beatriz— Ele ficou a aula todo inquieto e depois do intervalo sumiu e quando fui ao banheiro vi os dois aqui, o que está acontecendo Isabella?

A voz de Beatriz sai com uma curiosidade enorme e sua voz mais alto que o normal.

—Fiquei me perguntando se o motivo da inquietação dele deve a você por não ter participado das primeiras aulas,  aí então o vejo sentado ao seu lado e você lendo para ele.

—Beatriz, calma ele é só um colega de classe, para falar verdade nem sei  como nos aproximamos ele é sempre tão intrometido e desinibido que não tem como fugir quando ele puxa papo.

Beatriz e eu engatamos uma conversa, o bom de sermos amigas é isso, nos desentendemos porém no dia seguinte ela finge que nada aconteceu e volta seu jeito alegre novamente.

—Vamos menina—A voz do meu motorista cessa nossa risada, Beatriz me contava como a mãe dela surtou e ainda surta que faltando apenas cinco dias para seu casamento começou a perder cabelo. Despeço-me de Beatriz e entro no carro. Todo o caminho é feito silêncio, de hoje não passa, eu quero saber eu tenho que saber o porquê de minha mãe me tratar como um nada.

Percebo o carro parando, espero alguns minutos e logo Alfredo me ajuda descer, faço o caminho conhecido por mim desde quando ainda era uma menina.

— Campeã— a voz de meu pai ecoa e sei exatamente onde ele está, ando até onde o sofá se encontra e sento-me ao seu lado recebendo um beijo na testa.

— Deixe-me ver seus olhos—Papai puxa meus óculos com carinho— Estão bem mais irritados do que a última vez quando fizemos o exame vamos lavá-los com soro como seu oftalmologista instruiu

Assinto e logo sinto um carinho em minha bochecha.

—Papai onde está a mamãe? —Pergunto direta, eu já sei a resposta, porém foi o único modo que encontrei de começar o assunto.

—Ela está deitada Isa, está com enxaqueca. — A mesma resposta é dada como sempre, mas dessa vez não, eu quero saber, eu tenho o direito de saber.

—Porque mamãe me odeia pai? —Escuto seu arfar surpreso e logo se ajeitando no sofá.

— Ela não te odeia meu amor, ela só sofre e início de ano sabe que é mais complicado para ela.

Meu pai me dá a mesma resposta, não, não hoje.

—Não papai, mamãe me evita, ela sempre fica pior em março que é meu aniversário, ela me odeia porque eu nasci? Ela não queria ser mãe?

Engulo em seco com medo que papai confirme minhas perguntas, acho que eu  sempre fugi disso por causa do medo de saber que ela jamais me quis

— Conta para ela Jorge, conta que ela é a culpada de todo meu sofrimento, de toda essa dor que eu carrego a todos esses anos— o som da voz de minha mãe sai com raiva, mesmo tendo somente a escuridão como aliada, olho em direção onde a voz veio, pela primeira vez me sinto frustrada por não poder ver a expressão no rosto do meu pai e dela.

—Você sabe que isso não é verdade Sandra, e não seria assim que a contaríamos a ela. Você está passando dos limites.

—Você sempre passando a mão na cabeça dela, só entende o lado dessa esquisita.

Meu pai levanta no ímpeto, sinto meu coração bater descompassadamente, do que eles estão falando?

— Para com isso Sandra você está mais descontrolada do que nunca, você sabe que vai se arrepender disso mais tarde, Isabella não merece sofrer só por que você está em um dia ruim.

— Sempre essa menina, sempre Isabella, porque não olha pra mim também Jorge, eu sou sua esposa, sou eu que estou precisando de você neste momento.

Nunca tinha ouvido minha mãe tão amargurada, sinto minhas bochechas molharem, choro por não entender o que acontece, choro por minha mãe me culpar de algo que não sei do que se trata.

— Eu não queria apenas uma, eu queria as duas.

—Deus quis assim Sandra, vem eu vou te ajudar em um banho e vou te dar seu calmante. Isabella eu já venho fica calma minha princesa, sua mãe está apenas em um dia mal.

Eu só consegui ouvir minha mãe falando com meu pai que Deus não existe e que eu também deveria ter morrido, fazendo meu coração pela primeira vez ser despedaçado verdadeiramente, levanto sem saber ao certo o que faria, vou até o lado de fora, ando tão sem direção que tropeço em algo que não faço mínima ideia do que se trata e que faz com que minha canela arda um pouco.

— Alfredo— grito como nunca e espero ele se aproximar de mim

—O que deseja senhorita Cavanaugh?

—Só me tira daqui, me leve para qualquer lugar.

Eu preciso respirar, eu preciso pensar, eu quero ficar sozinha.

Eu necessito de paz.

Violetta ✓Where stories live. Discover now