– Surpreso ou não, o fato é que a nossa mãe estava na academia no momento em que houve uma explosão e começou o incêndio. O que ela estava fazendo lá, afinal de contas? – Eu indagava Adriel como se ele pudesse me responder, mas eu sabia que não podia. Nós já havíamos conversado a respeito e a nenhum lugar chegamos. Ainda assim, eu não conseguia tragar... – Ela deveria estar fora da cidade vendendo aqueles produtos para cabelos. Mas, não... E Maya me disse...
– Maya? – Pela primeira vez, naquela madrugada, ouvi Adriel me interromper e o observei de imediato. – Você ainda insiste que tem falado com ela?
Dei de ombros com irritação e respondi:
– Só pode ser ela, quem mais saberia tanto a nosso respeito?
– Qualquer pessoa – murmurou com certa frieza. – Não temos uma vida tão secreta como você faz parecer.
– Então, quem poderia estar se passando por ela? As cartas vieram assinadas, as mensagens de texto no celular também... E ela sempre as envia com um número diferente, impossibilitando o retorno.
– Maya foi embora há muito tempo, Bruaco – reafirmou pela enésima vez, com um tédio impregnado na voz. – Você sabe que a mãe dela não queria que tivesse contato conosco e assim tem sido. Além disso você nem chegou a conhece-la direito, muito menos ela a você.
– Eu sei de tudo isso Adriel – aceitei, fitando o chão. – Mas, há alguém me mandando mensagens em nome dela. Como quer que eu nomeie esse anônimo?
– É isso, um anônimo. Não deve dar atenção a quem quer que seja. Essas mensagens estão te distraindo, te confundindo e alimentando uma impaciência e rancor que eu nunca tinha visto em você. Foi uma tragédia terrível essa, irmão, mas você precisa seguir em frente.
Suspirei incomodado novamente. Adriel também não entendia...
– Eu confirmei as mensagens que tenho recebido – semicerrando os dentes falei, tentando conter uma irritação. – E a mais importante, é claro. Ela foi absolvida do crime, Adriel.
– Ela? - Notou a minha ênfase na menção do real motivo desta discussão, abstraindo a Maya.
Eu não queria, nem iria, repetir o nome da ex colega de banda do Natiel.
– A justiça se apiedou da situação dela e a livrou de todas as acusações. Mesmo com as provas digitais, casaco esportivo no local, fios do cabelo e o recibo do líquido inflamável no bolso da calça que usava quando foi encontrada.
– Hey Daniel... Não encontraram motivo algum para ela ter destruído a academia...
– Matado e ferido pessoas – arrematei. – E nem seria o primeiro crime que ela cometeu ou não se lembra do que o Natiel falou há pouco tempo?
Adriel expirou desconfortável, desviando o olhar, mas logo se voltou e falou:
– Um depoimento do Natiel não é de muita valia... Ele pode ter se confundido. Nossa mente pode nos pregar muitas peças e ele ainda está em tratamento da memória.
Indignei-me com a observação e questionei, mais alto desta vez:
– Você está dando créditos a uma assassina e desconsiderando seu próprio irmão?
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FRAGILIZADO - Livro 3 [COMPLETO] - Trilogia Irmãos Amâncio
RomanceUm incêndio de grande proporção... A morte da mais querida pessoa... A responsável é a pessoa que um dia já amou... e que agora, terá que cuidar! Daniel está no primeiro ano de medicina, em um curso que, por si só, já lhe toma boa parte do d...