26 - Terceira Semana

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– E você preferiu continuar parecendo uma calopsita? – Jadir zombou e eu ri.

– Acho que não tenho tanto cabelo ainda nem para parecer com uma ave... Mas, começo a sentir de verdade que estou melhorando.

– E está mesmo. Seu equilíbrio já está bem melhor. Poderemos passar para o nível 2 do estático.

Abaixei a cabeça, triste.... de repente, do nada. Era sempre assim que me acontecia e Jadir percebeu...

– Não fique assim, pássara errante, as coisas vão melhorar, você vai ver. Já disse que Daniel irá voltar.

Jadir também era bem sensitivo, embora eu ache que meus sentimentos por Daniel já estavam estampados em minha face há muito tempo, antes mesmo das cicatrizes de queimadura e mais profundas do que elas. Eu podia senti-las, mas não vê-las... No entanto, independente do que aconteceu, eu brinquei com jogos muito perigosos no passado. Um dia eu iria me queimar, pagando por tudo o que fiz. Eu já esperava pela punição, mas não pensei que seria tão literal e tão logo.

– Será que ele sentia algo por mim? Se afeiçoava por mim de alguma maneira? – Me ouvi pensar em voz alta, de repente. – Eu sou importante para ele? ... Mas... Por que ele me deixou?

Eu havia sentido a presença do Daniel há dois dias atrás, na noite de natal, em uma festa organizada pela Helena. Mas, ele não veio falar comigo e, tão rápido quanto o senti, deixei de senti-lo. Que jogo era aquele? O que estava acontecendo com ele? O que estava acontecendo comigo?

– Hey Victória, você está se desconcentrando – ouvi um tom preocupado de Jadir e me voltei para ele. Despejando minhas frustrações, séria lhe acusei:

– Acho que você mente bastante.

– Do que você está falando?

– Uma vez você me disse que eu enxergaria melhor do que antes... Até agora, nada. Você me falou que eu andaria e não consigo dar um passo sequer. Que eu estava respirando melhor, mas eu nem posso dormir sem usar aquela máscara de oxigênio que mais me desidrata... que me envenena mais do que qualquer outro veneno.

– Eu...

– Você me falou que Daniel iria voltar... Que ele precisaria de mim... Até agora nada!

– Tenha calma Victória. Não seja impaciente. Você sabe que isso só atrapalha e...

– Impaciente? – Indignei-me. – Estou tendo é paciência demais! Eu quero o Daniel comigo agora!

Desabei a chorar... Mais uma vez enfraquecida... Que droga! Como eu poderia reencontra-lo se, como sempre, eu me mostrava não digna dele?

***

– Seu aniversário está chegando, filha – falou Helena, enquanto arrumava meus poucos cabelos. – Se você quiser, podemos chamar aqueles seus amigos do grupo de rock e qualquer pessoa mais e comemorar, que acha?

Eu estava taciturna. Não me perdoara pela crise que tivera mais cedo com o Jadir, fora a dor de não ter mais o Daniel que não saía de mim.

– Eu sei que você está se recuperando, muito abalada – continuou, – mas um clima festivo vai te deixar mais animada, eu tenho certeza. Você nem quis comemorar direito o Natal, mal quis sair do quarto. Talvez com as pessoas certas...

Eu não tinha nada para comemorar...

– Ah, mas eu não deixarei mesmo essa data passar. É o seu aniversário Vivi, o vigésimo primeiro!

FRAGILIZADO - Livro 3 [COMPLETO] - Trilogia Irmãos AmâncioOnde histórias criam vida. Descubra agora