13 - Victória

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Fazer tudo ao contrário as ordens do meu pai passou a ser meu objetivo. Mas, nem sempre adiantava... Eu estava ficando cada vez mais ferida! Era quando eu percebia que não havia meios de sair bem dessa. Minha vida estava acabada. Ah não ser que... Eu precisava me esforçar! Eu precisava me concentrar nele; na minha confusa realidade!

***

Acordei com a visão abstrata novamente... Outra vez no susto... Mais uma vez querendo permanecer nessa realidade. Que bom!

– Daniel? – Apressei em chamá-lo e procurá-lo, ainda que não conseguisse vê-lo. Eu também não o estava sentindo!

– Vivi, que bom que acordou! Você está bem?

Era a voz da Helena? Notando só naquele instante, reparei que, além da faixa em minha mão com alguma seringa de medicamento, eu também estava com alguns outros fios saindo de mim. Havia adesivos pelo meu corpo. Eu estava sendo monitorada?

– Tia? O que está acontecendo comigo?

– Vivi, eu...

– Cadê o Daniel? – A interrompi, arfando.

– Ele deve chegar logo. Ele mal tem descansado desde que começou a cuidar de você...

– Por que eu preciso ser cuidada, tia? O que aconteceu? – Comecei a me alterar e pude ouvir alguns bips mais audíveis. Deviam ser minhas funções, mas prossegui sem me importar: – Me diga!

– Filha, eu não sei como te dizer... Por favor, se acalme!

Sua voz estava trêmula. Seu nervosismo não escapou aos meus sentidos. Respirei fundo, sentindo um incômodo no peito e na garganta, mas abstraí e voltei a questionar:

– Eu preciso saber, tia. Por que ninguém me fala o que aconteceu? Foi o meu pai? O que ele fez comigo desta vez?

Não consegui ouvir sua voz e nem mais sua respiração, porém ainda sentia a sua presença.

– Vamos! Me responda! – Insisti, tentando elevar a voz, sentindo minha garganta se ferir um pouco. Segurei a tosse. Eu precisava me concentrar na resposta. Eu precisava...

– Vivi, eu...

– Victória parece estar melhor. Não tem mais febre.

No mesmo instante reconheci a voz, que nos interrompia, e me voltei para ela. Senti minhas palpitações e instável chamei:

– D.Daniel?

– Sim – ouvi minha tia, parecendo relaxar. – Graças a Deus. Você agiu logo e impediu que ela contraísse uma pneumonia ou algo mais forte, assim falou o médico que a atendeu. Muito obrigada, Daniel.

– Ótimo. Todavia, ela ainda está sendo monitorada...

– Apenas em observação. Os sinais não estão se alterando muito.

– Daniel? – Voltei a chamar.

– Isso é bom. O Jadir vai vir daqui a pouco fazer outros testes e treinos.

Por que ele não me respondia? Daniel estava agindo como se eu não estivesse ali! Me senti incomodada... Quis chorar... Não! Eu tinha que ser mais forte!

– Ela já se alimentou? – O ouvi perguntar.

– Ia servi-la agora e...

– Qual é o problema de vocês? – Perguntei, tentando abstrair os espasmos que começava a sentir na perna esquerda, pálpebras e mesmo na língua. – Por que estão me desprezando? Eu estou aqui! Eu preciso ser ouvida! Eu...

FRAGILIZADO - Livro 3 [COMPLETO] - Trilogia Irmãos AmâncioWhere stories live. Discover now