Something on my mind.

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Harry? -Marcos me chamou- Sim ou não?
-Sim!! Enviaremos o e-mail para ela ainda hoje.

Falei com confiança e os vi separarem a ficha dela junto com os outros selecionados até então.

Apesar de estar nervosa, não era novidade para nós que Lauren realmente era talentosa e poderia agregar muito à banda.

Sua voz era suave, doce, e a forma como tocava o piano era realmente surreal. Ela mereceu. Eu disse sim e desde então não conseguia parar de sorrir. Eu queria conhecê-la, saber do que gostava, do que não gostava.

Eles haviam me questionado sobre ela ser nova demais, mas a idade ali não definia talento e muito menos maturidade. Lauren era adulta, maior de idade, não era nova demais.

Mesmo que fosse cedo demais ou mesmo que ela estivesse tentando com que eu me apaixonasse, estava dando certo.

Vinha sempre como o inesperado. De repente te atingiria e você estaria apaixonado. Simples assim. E talvez por isso fosse tão gostoso de sentir.

Não ter controle sobre meus pensamentos era assustador, mas eu também acreditava que coisas boas poderiam vir ao meu caminho.

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Pov Lauren

Encontrei a Bia no intervalo entre as aulas e a pauta de assuntos foi apenas a audição. Ela parecia ainda mais ansiosa do que eu, tagarelando sobre todas as possibilidades e probabilidades.

Ela me consolava para caso nada acontecesse também, era uma em um milhão. Era eu e um país inteiro.

-Eles que vão perder, confia em mim.

Eu me preenchia de esperanças e gratidão apenas por ter estado lá.

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Boston foi minha casa até os dezenove. Lá eu tinha toda a minha família e amigos, porém não conseguia me encaixar em algum emprego. Como se realmente não fosse para ser, de jeito nenhum.

A decisão de recomeçar sozinha teria partido de mim, e de meu pai. Era o primeiro passo. O segundo seria arranjar um emprego. Nunca é fácil, também não foi para mim. Eu caminhei por dias com um currículo elaborado com poucas informações.

Formada e musicista. Ou quase uma.

Quando eu já constava que nada servia para mim e eu não poderia agregar nada a lugar algum, a escola me chamava. Parecia incrível, um sonho, um prazer.

Eu fui descobrindo em minha vivência e aulas diárias o quanto aquelas crianças faziam bem ao meu espírito, a minha alma.

A partir dali eu conseguia enfim alugar um apartamento suficientemente ótimo para mim. Bonito e aconchegante.

Naquele dia em especial eu não conseguia controlar a ansiedade de forma alguma. Nem mesmo filmes, músicas ou a escola conseguiam prender a minha atenção tento quento meu próprio e-mail prendia.

Eu atualizava uma, duas, sete vezes seguidas. Não havia nada que me interessasse. Nada que eu estivesse esperando.

Talvez não fosse para ser. Simples.

Pov Harry

-"Parabéns, você acaba de ser selecionado para fazer parte da equipe de Harry! Entre em contato no número abaixo para confirmar a sua presença. Esse telefone é privado e não deve ser compartilhado sobre nenhuma hipótese. Te vejo em breve.
Com amor, H." Tá bom assim? O que acha?

Me virei para Mary, após ler as palavras em meu bloco de notas em voz alta.

-Acho que está ótimo, importante a parte do telefone. Devemos deixá-lo bloqueado para caso alguém...?

Respirei fundo, pegando as fichas novamente.

-Sim.

Lucas, Gabriel, David, Paul, Gabriella, Linz e Lauren. Mary me ajudara a mandar o e-mail para cada um deles, deixando Lauren por último.

Porque eu ainda pensava nela? O excitamento sobre a sua apresentação já não deveria ter passado? Diminuído?

-Mary?
-Sim? -murmurou, ocupada-
-Tem algo estranho.

Silêncio.

-Tem algo estranho, eu venho pensando muito em algo. -falei fechando o computador, olhando para ela agora-
-O que houve?

Silêncio. Mary era esperta, e além disso me conhecia há um tempo.

-Algo estranho como uma garota, por exemplo?

Ela soltou com um sorriso nos lábios ao me ver encarando a ficha premiada, ela sabia.

Permaneci pensativo por um segundo.

-Está interessado por águem, Harry? -sua voz era baixa-
-Estou curioso. Definitivamente.

Sorri. Pude ouvi-la murmurar um "hmm" como resposta.

-Você acha que... -tentei me concentrar- Você acha que pode te atrapalhar? Quero dizer, atrapalhar a banda que nem existe ainda?

-H, honestamente? Você não a conhece ainda, não a conhecemos ainda. Contanto que você saiba sempre diferenciar relações pessoais do trabalho, eu não acho que causaria atritos.

-Algo me prendeu a atenção, não digo apenas fisicamente. -digo- Senti como se já tivesse a visto antes, alguma coisa assim. Quando ela finalizou a apresentação eu fui deixado com o sentimento de querer mais. Estávamos todos tão cansados, mas eu ainda queria ouvir mais sobre ela.

Silêncio. Lauren continuava sendo misteriosa e meu coração continuava insistindo em querer gostar daquilo.

...

Pov Lauren

Após enviar minha proposta de trabalho bimestral para os coordenadores, tentei pela milésima vez me concentrar nas notícias que passavam na televisão.

Se você deixasse, a ansiedade e o medo o matariam. O barulhinho de um novo e-mail me fez voltar imediatamente para o computador. Como se não o tivesse largado um minuto atrás.

No mesmo instante meu coração batia forte até demais em meu peito. Estiquei o braço e sem nenhum esforço trouxe o MacBook para o meu colo. Era realmente um e-mail.

Fiquei alguns segundos estáticos olhando para a tela inicial, sem saber se abria ou não. Se acabaria com aquela curiosidade ou não.

Coragem. Calma. Eu respirava fundo, sempre me preparando para o pior. Coloquei as duas mãos sobre o rosto, deixando espaço suficiente entre os dedos, ainda com medo de ler.

"Parabéns, você acaba de ser selecionado(a) para fazer parte da minha equipe! Entre em contato no número abaixo para confirmar a sua presença.

Este telefone é privado e não deve ser compartilhado sobre nenhuma hipótese. A assinatura do contrato é o próximo passo.

Te vejo em breve.

Com amor, H."

Meu corpo tremia.

End Of The Day - 1Where stories live. Discover now