Boxes.

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Pov Harry

Lauren chorava em desespero.

Eu a abraçava muito forte, com o intuito de passar segurança, confiança, calma, mas ela sentia na pele.

Ela tentava engolir, passar por cima, mas estava lá. Fazia movimentos circulares com minhas mãos em suas costas, eu a sentia tremer em meus braços.

-Eu o perdi, eu o perdi!
-Não fake assim...

Tentei.

-Eu...

Lauren se esforçava, mas os soluços a deixavam fraca demais para continuar tentando.

-Confie em mim, vamos confiar em algo maior. Em Deus.

Lauren lentamente foi se soltando, encostando-se por si só no sofá.

Seus olhos estavam fechados.

Seu rosto de boneca que antes tinha um sorriso lindo e branco, estava sério e vermelho.

Suas mãos tão macias e gentis pressionavam uma a outra em seu colo, ela estava sofrendo de ansiedade. Eu sabia.

Meus olhos foram a sua roupa. Preta. Toda preta. O que eu poderia fazer?

-Filha?

Sua mãe parou na divisória entra a sala e a cozinha, seu rosto também estava vermelho. Lauren apenas abriu os olhos, sua respiração estava mais calma. Eu as olhava, nenhuma palavra.

Sua mãe caminhou calmamente até o seu lado, encostando sua cabeça sobre a da filha, ambas com olhos fechados.

Elas tinham os mesmos traços delicados.

-Vamos nos mudar amanhã... Eu não aguento mais!

Lauren disse, fazendo com que eu e sua mãe a olhasse.

-Podemos arrumar tudo essa noite.
-Precisamos dormir, arrumamos amanhã, não acha Harry?

A olhei surpreso, pensando no que dizer.

-Eu concordo. Uma boa noite de sono pode ajudar.

Ambas concordaram.

-E a escola? Você já saiu?

A mãe perguntou, passando a mão por entre seu cabelo longo.

-Sim, preciso me dedicar só à uma coisa.

Sorriu.

-Você precisava ver, Harry! -sorri- Lauren nos ligava depois das aulas querendo contar tudo.

As duas soltaram um sorriso sincero, eu sorri ao imaginar também. Ceci ainda passava as mãos no cabelo dela.

-E... Eu espero que você cuide da minha menininha, certo? Eu ligarei todos os dias, obviamente.

Lauren gargalhou, envergonhando-se.

-Pode deixar comigo, ela estará segura.
-Confio em você, agora vão dormir. Tem um colchão para você no quarto do Eduardo. É o máximo que podemos fazer.

Ela disse de uma vez, apagando algumas luzes.

-Boa noite, fica bem.

Ela beijou a Lauren.

-Boa noite Harry, fica bem também e é um prazer te conhecer. Você é lindo!

Inclinei para abraçá-la enquanto sorria, Lauren gargalhou do outro lado. A sala estava parcialmente iluminada agora.

-Obrigada por ter vindo, é bom te ter aqui.

Permaneci em silêncio, apenas a olhando.

-Era o David na ligação.
-Imaginei.

Falávamos baixinho, quase que em sussurros.

-Eu realmente não quero ele por perto...
-Nem eu, bloqueei o número.

Assenti com a cabeça e de repente vi seu rosto se iluminar de novo.

-Harry? O que você ia me dizer no outro dia?

Sorri sem graça. Eu estava pronto para dizer que sem ela já não tinha mais graça.

-Se pensou que eu esqueci, está errado.
-Oh... -pisquei- Eu vou dizer, mas no momento certo, huh?
-Nossa, tudo bem.
-Não fique brava!

Ela fez bico, eu a achava engraçada.
E linda.

[...]

Pov Lauren

A ajuda de Harry havia sido crucial para nós. Ele havia pedido flores e café da manhã para nós, bem cedo, sem contar com o fato de ter ajudado minha mãe a escolher outra coisa mais rápido.

Muito mais rápido do que faríamos sozinhas. Quase como mágica.

Haviam poucas coisas de fora, alguns brinquedos e algumas peças de roupas. Havíamos separado as coisas do meu pai em caixas de doações e lembranças. Nossos corações estavam quebrados, mas era o certo a ser feito.

Fechei a última caixa, passando a mão na testa, a fim de limpar o suor. Olhei para trás e minha mãe falava algo no telefone enquanto Harry anotava.
Eduardo assistia televisão.

Respirei fundo me levantando do chão e caminhando até o quarto deles, eu sempre sentia o seu cheiro. Encostei a porta por trás de mim e me sentei no lado que costumava ser dele.

Eu não sabia se alguém poderia me ouvir, mas desejei por um segundo que meu pai pudesse.

Pressionei uma das mãos no travesseiro e fechei os olhos. Eu quase podia vê-lo. Mais magro, com um semblante era diferente.

Um sorriso bonito ao acenar e, pela primeira vez, eu não queria chorar.

-Sempre nos lembraremos de você.

Sussurrei, me despedindo.

End Of The Day - 1Where stories live. Discover now