End Of The Day - 1

I still love you.

Pov Lauren

A última coisa que eu me lembrava era do barulho da garrafinha caindo no chão. E como eu queria que minha memória tivesse permanecido lá.

Abri os olhos devagar e fitei o teto por alguns segundos. Era diferente, estava silencioso e eu me encontrava deitada.

Passei as mãos no tecido abaixo de mim e logo percebi que era uma cama. Com travesseiros e tudo. Minha cabeça doía, eu queria me mexer mas a moleza em meu corpo era maior. Bem maior.

Respirei fundo, tomando consciência de que eu definitivamente não estava onde eu estava antes e de que eu não conseguiria me lembrar do que aconteceu.

Era madeira, um quarto, mas de quem?

-Olá...

Cocei os olhos e vi David caminhando até mim, David.

Senti minhas pernas fraquejarem ao forçá-las me fazerem ficar em pé rápido demais.

David chegou mais perto e eu desviei rapidamente. Eu estava sozinha, trancada em algum lugar desconhecido. David tinha o meu celular em suas mãos, eu podia sentir minha pressão cair.

Corri numa tentativa falha de sair e entender o que estava acontecendo. A porta estava trancada e a janela também.

Eu gritava com todo o meu pulmão. David permanecia parado e minhas mãos suavam ao ponto de eu ter que esfrega-las na calça.

Ele escondia um revólver virado para mim e eu sentia o meu corpo inteiro congelar.

Apenas como um reflexo, coloquei o celular de volta na mesa e levantei as mãos em sinal de rendição, sentindo lágrimas desesperadas e silenciosas correrem pelas minhas bochechas.

-Oh não, não precisa disso.

Ele disse abaixando as minhas mãos, eu não conseguia me mexer. Uma guerra mental havia se instalado dentro de mim.

-Não precisa chorar, meu bem.

Ele disse manso, soltando a arma e acariciando minha bochecha com o dedo indicador. Fechei os olhos com medo, cada mísera parte do meu corpo se arrepiava com aquele toque, aquele toque conhecido.

-Eu vou cuidar de você, nós vamos morrer felizes, está tudo bem!

Dei um passo pequeno para trás, o suficiente para seus dedos não me tocarem mais. As palavras dele soavam como um tiro. Um tiro da realidade que eu estaria vivendo.

Eu podia sentir meu coração batendo, minha respiração pesada e como aquilo doía. David sorriu com os dentes e fora o suficiente para que eu acordasse enfim.

-Você é maluco?

Comecei baixo.

-O que você está fazendo, você... Você me sequestrou? Vai me manter aqui? Até quando?

Ele não respondeu, minhas bochechas arderam em desespero.

-Quanto tempo você espera que isso funcione? Virão atrás de mim, você está completamente fora de sí!

Gritei mas me calei no mesmo instante em que o vi se mexer.

-Eles quem? Harry? Oh, Lauren... Pobre Lauren.

Harry.

O nome dele ecoou em minha cabeça e escorreu por entre meus ossos.

Harry.

Alguém que eu amava e que provavelmente não veria de novo.

Harry.

Alguém que só queria me proteger e me ver feliz.