From heaven to hell!

3.1K 220 65
                                    

-Eu acho que... O que eu sinto é que...

Tentei ser honesto. Respirei fundo por um momento, não seria fácil. Sentir não era fácil.

No mesmo instante Lauren se mexeu, virando-se. Sem pensar muito, envolvi um dos braços em sua cintura e a puxei para bem perto, como deveria ser.

Pov Lauren

Despertei com a luz do sol em meu rosto. Mexi um pouco a cabeça e pude ver as horas pelo relógio.

Eu tinha braços fortes me segurando. Eu acordara com ele.

Com meus olhos sonolentos, eu podia ver cachinhos se formando, misturando-se com a fronha bege.

Tinha um rosto angelical. Como era possível?

Passei a ponta dos dedos delicadamente por toda sua extensão. Seus lábios rosados naturalmente me chamavam atenção.

Fui da orelha ao queixo. Eu adoraria ouvir sua voz rouca todas as manhãs.

Do queixo ao nariz. Eu adoraria sentir o seu cheiro doce todas as manhãs.

Do nariz as bochechas. Eu adoraria me afogar em suas covinhas todas as manhãs.

Das bochechas aos lábios. Eu adoraria senti-los para sempre.

Segurei em sua mão e, levemente, a tirei da minha cintura, o que o fez se mexer e virar para o outro lado. Levantei com calma e silenciosamente adentrei o banheiro.

Dobrei a camiseta e a deixei na mesa, esperando poder usá-la mais vezes.

O olhei de novo. Harry estava confortável em sua cama. Seu peito subia e descia. Com os braços e pernas abertos, ele era o homem mais bonito que meus olhos podiam ver.

"Obrigada pela noite tão especial.
Espero que tenha um bom dia e, quando ler esse bilhete, adoraria que continuasse o que começou ontem.
Com amor, Lauren."

Atravessei o corredor silencioso e adentrei o elevador, meu celular sem bateria.

-Bom dia, com licença.
-Pois não?
-Posso usar algum telefone para pedir um uber? Por favor, estou sem bateria.

Expliquei, mostrando o celular.

-Sem problemas, a senhorita tomou café da manhã?

Fiquei sem jeito, eu não estava hospedada...

-Não... Mas... Obrigada, só o telefone já me ajuda.

---

-Alô?

Silêncio.

-Mãe? O que houve?

Insisti, me levantando brutalmente do sofá.

-Lauren...

Sua voz falhava. Arregalei os olhos.

-Mãe! Fale! O que houve?
-Filha, como... Você está?
-A senhora está chorando?

Eu estava firme, até ouvi-la desabar do outro lado.

-Mãe!
-Lauren... Seu pai...

Seu tom de voz fez meu mundo cair. Meu coração parou de bater. Um frio gelado paralisou o meu corpo.

-Filha... O seu pai... Está em Nova York?

Eu estava com medo. Minhas mãos tremiam.

-Ele sofreu um acidente...

Lágrimas quentes desciam pelo meu rosto preocupado.

-Ele não aguentou, seu pai faleceu e eu... Acabou de acontecer, eu não consigo acreditar...
-O quê?

Foi a única coisa que consegui dizer. Eu já estava sentada no chão, tremendo. Eu fui do céu ao inferno. Era o meu pai.

-Me diz que é mentira. Me diz que... Oh meu Deus!

Minha cabeça girava. Eu a escutava chorar do outro lado. Meu corpo foi ficando fraco, minhas pernas bambas.

-Eu sinto muito eu... Como... Ele nos amava tanto, foi imprudência do outro motorista e...

Minha visão estava totalmente borrada por conta das lágrimas. Eu não o vi. Eu não o vi pela última vez.

O aperto que se instalou no meu peito era tão grande que eu sentia enjôo. Eu não conseguia falar.

-Quando... Aconteceu?
-Agora... -chorou- Eu não sei como falar com o seu irmão, ele está na escola e...

Fechei meus olhos. Eu não poderia acreditar.

-Eu estou indo, eu vou agora mesmo. Eu te amo, eu não consigo entender, eu... Por favor, espere por mim.

Silêncio.

-Eu sinto muito... Profundamente...

Nos despedimos com muitas lágrimas. Dei três passos e desabei no chão novamente.

Joguei o celular para um lado, a cadeira para outro. Apoiei meus cotovelos na mesa e tampei o meu rosto. Eu segurava a boca para não gritar em todo o pulmão. O meu peito ardia, não conseguia respirar.

Com muita dificuldade, andei até o quarto e joguei a mala em minha cama. Abri o guarda roupa e tirei metade das coisas de lá, de qualquer jeito.

Desbloqueei o telefone e peguei as primeiras passagens que vi, sem ver preços, horários, nada importava.

O uber tentou dizer alguma coisa, mas eu não o ouvi. Encostei minha cabeça na janela, deixando outras lágrimas caírem.

Com muita dificuldade, mandei mensagem para as meninas apenas para avisar que eu estava indo. Elas não descobririam o motivo por mim.

-Harry... Bom dia.

Minha voz era fraca, fechei os olhos.

-Bom dia querida, vi o seu bilhete. Porque não me acordou?

Eu precisava falar com ele.

-Eu... -coloquei a mão no peito- Eu vou precisar ficar fora por alguns dias, me desculpe.
-Lauren, o que houve?

Seu tom de voz havia mudado, eu teria conseguido disfarçar o choro até ali.

-Meu pai... Ele sofreu um acidente e... Estou chegando no aeroporto agora.

A ligação ficou silenciosa, pesada.

-Lauren, eu... Eu sinto muito. Muito mesmo. Não se preocupe com os ensaios, por favor. Se tiver algo que eu possa fazer...

Lágrimas e mais lágrimas no banco de trás.

-Deixe-me ir com você.
-Não Harry, por favor, não se preocupe. Eu só preciso ver minha família. Isso é tão estranho... -chorei-

Harry me manteve na linha até o momento que adentrei o avião, apenas para me confortar de que dias melhores viriam.

Eu perdia forças até para chorar.

End Of The Day - 1Where stories live. Discover now