Empty house.

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Eu acabara de enfrentar as piores horas de toda a minha vida. Eu estava indo para casa, mas ele não estaria lá. Ele não estaria esperando por mim.

Minha mãe abriu a porta e seu rosto estava murcho, também sem vida. Pela primeira vez, eu não estava feliz por voltar ali.

Ela não se mexeu, então a puxei para meus braços, colocando tudo o que estava preso para fora. Ela tremia, eu não conseguia imaginar.

-Mãe, eu sinto tanto... -solucei- O que vamos fazer? Como vamos conseguir sem ele?

Ela soluçava, me apertando.
Eles se amaram até o último minuto.

Lentamente ela me conduziu para dentro, deixando minha mala no canto, revelando para mim uma casa bagunçada e imersa em memórias. Haviam fotos dele por toda a parte, como se ela realmente tivesse mexido.

-A senhora comeu? -tentei-
-Não...
-Não pode ficar sem comer mãe, eu vou te ajudar.

Olhei em volta, fazendo de tudo para não tropeçar os olhos em alguma foto dele.

-Onde está o Dudu?

Ele não havia corrido para me receber daquela vez.

-Eu já tentei de tudo... Ele não sai do quarto...

Toquei sua mão, um suspiro carregado escapou por entre seus lábios trêmulos.

-Coma alguma coisa, eu vou até lá.

Senti todo o meu corpo se arrepiar ao atravessar o corredor, o quarto deles estava fechado...

-Dudu? É a Lauren, eu quero te ver!

Bati na porta suavemente, com a testa colada na mesma.

-Vamos, deixe-me te abraçar!

Tentei novamente, nenhuma resposta. Encostei minha cabeça na porta e permaneci de olhos fechados, sentindo dor.

Três minutos até a porta silenciosamente ser aberta.

-Oh meu amor, vem aqui...

Flexionei os joelhos o peguei no colo. Seu rosto foi afundado em meu ombro, eu sentia seu pequeno corpo tremer. Caminhei para dentro e me sentei na cama, sem soltá-lo.

Ele me segurava forte, eu queria tirar a dor.

-Vai ficar tudo bem... Nós vamos conseguir...

Eu cochichava, tentando me auto convencer.

-Senti saudades! -acariciei suas costas-
-Você vai embora também?

Ele disse de uma vez.
Eu me quebrava de novo. E de novo.

-Ei... Vamos passar por isso juntos, certo?

Eu o olhava, seus olhos eram fixos na peça que eu usava no pescoço.

-É muito triste... -segurei o choro, raspando a garganta- Mas machucaram ele, e agora ele está sem dor em um lugar mais legal. Mais bonito. Mais justo.

Silêncio.

-Pensa que... -suspirei- Pensa que ele pode nos ver agora, e que vai cuidar de nós daquele lugar mais legal. Como sempre fez.

Silêncio.

-Já pensou no quanto ele ficaria triste se nos ver chorando para sempre?

Limpei uma lágrima de seu pequeno rosto, o vendo sorrir com os lábios. Eduardo era só uma criança, precisávamos ao menos amenizar esse peso dele.

End Of The Day - 1Where stories live. Discover now