Capítulo 14

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Pov. Hannah

Não sei se passou um mês, uma semana, uns dias ou umas malditas horas.

Pra mim, tudo isso foi uma eternidade, uma muito asquerosa e real eternidade. As lágrimas em meu rosto estão secas, abraço minhas pernas as aproximando do meu peito nu, os restos do meu coração estão feitos pó, minha dignidade está no chão.

Axel violou meu corpo, entrando em lugares onde ninguém havia feito antes. Ele destruiu a minha alma, violando cada parte do meu ser, marcando seu prazer em minha pele.

Minha alma está desolada, vazia, não tenho vontade de continuar respirando, não encontro os pedaços que formam o meu corpo, duvido se algum dia voltarei a ser a mesma de antes, ou que volte a ter a única coisa que eu tinha no mundo, o meu pai.

Neste momento me encontro, tentando unir cada peça que me compõe, com a respiração agitada, respiro profundamente tentando superar tanto a dor física como a psicólogica.

Meus olhos estão centrados no nada, isso pode não ser certo, mas é onde me confino por causa da dor que eu tenho nas pernas. Cada vez que fecho os meus olhos, ele está presente, eu tenho o seu cheiro em cada parte do meu corpo.

A cena se repete uma ou outra vez, o momento em que tudo se transformou em dor, angústia e desespero. Querer sair de suas garras, mas foi um fiasco total, ele foi um animal e nem sequer os meus gritos de dor o pararam.

Quero tanto tirar esse horrível episódio da minha mente, apagar as marcas e desaparecer com cada lembrança horrível. Um estremecimento toma conta do meu corpo, as lágrimas nublam meus olhos perdidos em algum lugar do quarto escuro, olhar aqueles lençóis sujos com o meu sangue, faz essa agonia ainda mais insuportável.

Fecho os olhos com força, e a imagem dos seus olhos frios, bestiais, aqueles olhos que consumiam meu corpo para o seu prazer aparecem em minha mente. Seus gemidos de satisfação é uma macabra melodia de terror que está impregnada em minha mente, tudo acabou quando ele gritou o meu nome com uma estocada dentro de mim enquanto ele se esvaziava.

Meu corpo pede aos gritos para que eu os limpe de toda imundice que tenho em cima de mim, sei que minha liberdade está nas mãos de Axel mas ele não me deixará até que eu esteja seca, sem vontade de nada, enclausurada em uma morte agonizante até que eu não aguente mais e no final eu  mesma termine com a minha vida.

Devagar tento me levantar, faço o possível de não me mover mais do que o necessário. Eu sinto dor em cada esforço que faço, coloco meus pés no chão frio, uns simples passos faz com que meu corpo todo se tense. Não movo um simples músculo, giro lentamente a maçaneta da porta assustada por poder encontrar aquele olhar selvagem, frio e calculista.

Espero a sua chegada já que eu não escuto nada. Pela janela entra um pouco da luz da lua e posso ver dentro de todo o quarto, tento ficar de pé mas a dor que sinto entre as minhas pernas impede o meu propósito.

Soluço baixo dolorida.

Faço um novo movimento e desta vez chego a meu objetivo, de dentro de mim desliza algo o qual deixa entre a minha perna molhada, caminho de vagar por causa da dor até chegar na porta. Tento abri-la mas está trancada com código e perto da maçaneta tem um teclado com números.

Me viro devagar e observo todo o quarto, caminho até a outra porta giro a maçaneta e a porta abre. Aperto o interruptor e acendo a luz, a luz irrita um pouco a minha vista, tenho que piscar algumas vezes até que meus olhos se acostumam com a claridade e vejo que estou em um banheiro.

Não duvido um segundo em entrar nele, fecho a porta atrás de mim, fecho meus olhos por um instante mas logo os abro. Logo na minha frente tem um gigantesco espelho o qual eu vejo o meu reflexo nu nele.

Cubro minha boca com as mãos, abafando um grito de horror ao ver todos os hematomas, chupões e mordidas que marca a maior parte da minha pele, nos meus peitos, pescoço, barriga, coxas e braços.

As lembranças me abatem ao passar meus dedos por cada uma delas. Ainda sinto a sua boca, seus dentes, sua língua pelo meu corpo. Uma náusea horrível se apodera de meu estômago, sinto a bílis subir a minha garganta, tento vomitar, mas na realidade meu estômago não tem nada, só um sabor amargo na minha boca.

Minha vista está borrada pelas lágrimas contidas, fecho os olhos e elas saem molhando as minhas bochechas. Levanto o queixo, deixo sair um grito de dor, sinto as minhas lágrimas descer pelo meu pescoço, se perdendo no meio dos meus seios, isso me faz saber que eu estou viva, quebrada, maltratada, mas lamentavelmente viva, estou suja e manchada.

Preciso limpar meu corpo, entro na banheira, fecho a porta de cristal e ligo o chuveiro. A água fria percorre cada parte da minha pele, desejo que lave cada rastro, cada recordação...

Choro debaixo do chuveiro, meu cabelo está molhado, gruda na minhas costas e meu peito. Pego um sabonete e o esfrego por toda a minha pele, tento desesperadamente apagar tudo, mas é impossível. Tudo está gravado em minha maldita memória, a maioria da minha tragédia estava gravada nesse lugar.

A realidade das coisas é muito diferente do que eu quero neste momento, e até pensar me destrói um pouco mais. Caio de joelho na banheira, minhas mãos segura forte meu cabelo, tentando eliminar as essas lembranças, gritos desesperados sai pelos meus lábios, as lágrimas se misturam com a água que cai do chuveiro, meu corpo inteiro está tremendo, sem controle nenhum, já não posso mais.

Me deito na banheira fria, me coloco em posição fetal debaixo da água do chuveiro, abraço as minhas pernas, deixo que toda dor que se apodera em mim saia.

Escuto a porta do banheiro sendo derrubada, não levanto a vista, apenas fecho os olhos. Não sinto mais a água cair em meu corpo, apenas os meus soluços se escutam em todo banheiro.

Algo suave cobre minha nudez, meu corpo é levantado do chão, umas fortes de mãos me segura, uns braços musculosos pega o meu pequeno corpo junto ao seu peito. Sinto que sua respiração está agitada, seu cheiro percorre as minhas narinas e meu coração palpita mais do que antes, causando uma dor aguda no meu peito. Eu nunca poderei esquecer esse cheiro que impregna a minha pele.

Axel.

Abro as minhas pálpebras encontrando aquele olhar azul escuro, frio, atormentado e vazio com brilho de malícia. Ele observa o meu rosto, eu não tenho as forças necessárias nem para sentir medo e nem voz para continuar gritando. A minha garganta arde.

Ele deixa de me olhar e sai do banheiro. Ele me deita na cama, eu não faço nada só respirava devagar, ele retira a toalha do meu corpo e sinto suas mãos secarem minha pele.

Meus olhos se enchem de lágrimas mas não me permito chorar. Não suporto o seu toque, sinto nojo de mim mesma por ser tocada por suas repugnantes mãos, mas me abstenho se quer me mover, não faço absolutamente nada, fico quieta, com medo, me sentindo um cordeiro nas mãos de um leão faminto.

A Vingança (COMPLETO)Where stories live. Discover now