Capítulo 26

18.1K 1.1K 25
                                    

Pov. Hannah

Uma caricia em meu rosto faz com que eu pouco a pouco volte da minha inconsciência, minhas pálpebras pesam, mas eu tento abri-las.

Quando abro os olhos, minha vista está um pouco borrada, pisco várias vezes para minha visão ficar mais nítida.

As carícias pararam e seu rosto se aproxima mais do meu, aqueles olhos escuros como o mais profundo poço, me observam com esse brilho de dor e culpa.

Meu corpo reage e me afasto com movimentos desajeitados do seu corpo.

- “Você vai me levar outra vez para ele? Você mudou de ideia? Por favor não faça isso, te darei tudo o que você quiser pra não fazer isso.” - eu digo aterrorizada, todo meu corpo tremia, sua expressão continua neutra, ele não faz nada só me observa.

De uma hora para outra sua expressão se tornou fria, distante, me observava com desprezo, seus olhos estavam dilatados, seu olhar é como de uma besta a ponto de devotar tudo na sua frente.

Meu coração se acelera como se estivesse correndo uma maratona.

Ele me faz sentir pequena, inútil, frágil, sozinha, não posso tolerar mais o seu olhar, eu olho para as minhas mãos frias e pálidas. Já não quero sofrer mais, é pedir muito? O único que quero e desejo é ir para longe daqui.

A única pessoa que me deu esperança é me ajudou a sair daquele inferno, é a mesma que me olha com desprezo neste momento. Sinto como se uma mão invisível aperta o meu coração, uma lágrima silenciosa desce por minha bochecha direita e cai nas minhas mãos juntas.

Um nó se instala na minha garganta, que me impede de engolir minha saliva, meu coração dói, coloco uma das minhas mãos até o meu peito, um pequeno soluço sai dos meus lábios.

Minha respiração está irregular por causa dos pequenos soluços.

Eu tinha uma vida normal, ia para escola, tinha um pai excepcional, não mexia com ninguém, tentava ser um exemplo, me mantinha calada, não brincava com ninguém, tentava fazer o bem sem olhar a quem.

Tudo estava bem até aquele dia, meus olhos estão cheio de lágrimas, não sei quantos segundos, minutos ou horas se passaram..

Não voltei a levantar o olhar, não queria ver aqueles olhos cheio de desprezo por mim, eu já não soluçava mais, já não fazia nenhum momento, só observava os lençóis enrolados em minhas mãos.

A ports foi aberta mas não me atrevi a levantar o olhar para comprovar de quem se trata.

- “Bom dia.” - escuto uma voz cansada, mas não me atrevi a olhar, mas eu imagino que seja o médico.

A cama se move, mas fico igual a antes, perdida em meus pensamentos.

- “Quero permissão autorizada por você para levá-la comigo, ficarei  responsável por tudo o que acontecer com ela.” - a voz do  homem era grossa, fria, distante e me causa medo. Me lembra Axel, já não me importa nada do que me façam já não podem destruir mais do que já foi destruído.

- “Mas nos temos que reunir provas para a polícia e denunciar quem fez isso.” - o médico disse.

Meu corpo se estremece só de imaginar, está na delegacia falando de tudo o que Axel fez, as torturas, os estupros, as agressões, os mal tratos.

- “Não” - sussurro, o quarto fica em silêncio.

- “É obrigatório, ainda mais que você chegou aqui meio morta a ponto de desidratação e desnutrição, com sinais de mal tratos, estupro entre outras coisas” -  eu o interrompo.

- “Estou consciente de como cheguei aqui, mas a única coisa que eu quero, é sair daqui e esquecer de tudo isso. E se tenho que morrer por qualquer razão, não quero que seja pelas mãos que me destruiu por completo, eu só quero ir embora” - digo isso antes de me virar de lado e me cobrir até o queixo.

Observo a parede branca como se fosse a coisa mais interessante que existe neste momento.

- “Esta bem, só tem que assinar alguns papéis e você poderá levá-la” - o médico concluí.

Minutos depois veio uma enfermeira e desconectou todos os aparelhos que estavam no meu corpo.

Neste momento eu estou sozinha no quarto, a porta se abre, escuto uns passos se aproximando de mim, uma bolsa é colocada sobre as minhas pernas.

- “Você tem cinco minutos para se vestir, se não estiver pronta no tempo certo, você irá como estiver” - ele concluiu de maneira cortante e saiu do quarto batendo a porta.

Pego a bolsa inspeciono o que tem dentro. Pego uma calça jeans, uma calcinha e sutiã e uma blusa de manga comprida.

Tiro as cobertas que cobrem o meu corpo, tiro a camisola do hospital. Me visto com tudo o que ele trouxe, segundos depois ele entra no quarto, nossos olhares se cruzam por uns segundos, mas não suporto seu olhar escuro cheio de raiva, e olho para o chão.

- “Vamos.”

Sua voz me causa medo, movo os meus pés devagar, meu corpo ainda dói, meus músculos estão dormentes.

Seus dedos grossos e com calos rodeiam meu braço, meu corpo fica rígido mas seu aperto não exerce nenhuma força que me cause dor.

Saímos do quarto, durante o trajeto de saída do hospital, mantenho a vista baixa, não quero ver como as pessoas sentem pena de mim.

Paramos em frente às portas metálicas do elevador, as portas se abrem eu entro primeiro me colocando a alguns passos longe dele e encosto o meu corpo na parede fria do elevador, eu estou cansada.

Depois que sair daqui, o que será de mim? Não tenho ninguém neste mundo.

O som do elevador faz com que eu saio dos meus pensamentos, nós saímos do hospital e um carro preto nos espera do lado de fora.

Ele abre a porta do carro, solta o meu braço e eu me sento no banco da trás, me afastando o máximo que posso dele.

Encosto a minha cabeça no encosto do banco, soltando um suspiro.

- “Coloque o cinto de segurança” - ele diz e eu não duvido nem dois segundos para colocá-lo.

Olha pela janela durante o restante da viagem, deixamos a cidade pra trás, tudo que nos rodeia é o bosque, parecido com o bosque de quando sair fugindo de Axel.

Reúno as forças necessárias e deixo que as palavras saiam de meus lábios.

- “Para onde você está me levando?” - sussurro olhando nos seus olhos.

- “Estou te levando para onde você nunca devia ter saído” - por seus olhos passam um brilho de maldade.

Todas as esperanças que eu tinha se esfumaçaram, desde que as suas palavras chegaram aos meus ouvidos.

A Vingança (COMPLETO)Where stories live. Discover now