NOVE

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Não consigo me conter
Não importa o quanto eu esteja tentando
Eu quero você todo pra mim

Então vamos lá, me deixe experimentar o gosto
Do que é estar perto de você

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Apenas dei um beijo leve no rosto de Hugo antes de desembarcar do carro, sentindo meu corpo todo doer pela exaustão dos acontecimentos daquela noite.

Meus pés cansados andavam arrastados até meu apartamento, quando cheguei ao meu andar. Suspirei pausadamente ao dar a volta na chave da porta, fechando-a com a força de um rato. As explicações à Hugo e Tábata ficariam para depois. Só queria deitar a cabeça no travesseiro e descansar.

Não sei dizer se foi mesmo o cansaço, o sono ou o efeito do álcool em meu sistema, mas assim que meu corpo entrou em contato com o lençol macio, adormeci.

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O barulho do toque do celular era ensurdecedor. Minha cabeça doía, dando voltas e voltas no mesmo lugar.

"Alô?" Atendi ainda sonolenta, não sabendo de quem se travata.

"Boa tarde bela adormecida! Pode abrir a porta por gentileza? Já são três e meia da tarde madame!" A voz de Tábata soava mais alta do que de costume. Ou era somente impressão minha.

"Uhum..." Resmunguei antes de levantar da cama e sair tropicante em direção à porta.

Talvez pelo efeito de ainda estar com sono, esfregava meus olhos, que se irritaram com a luz. Dei a volta no trinque, liberando a entrada de minha irmã.

"Perguntaria como você está, mas vendo a sua cara já sei que a noite não foi muito boa..." Me fitava de canto de olho, balançando a cabeça em sinal de negação.

"Bom dia para você também querida irmã..." A ironia era algo indispensável na minha vida.

"Vejo que acordou agora... Recorda-se de algo da noite passada?" Indagou-me, enquanto colocava o pó de café na cafeteira.

"Tabs! Eu só tive um tempo ruim, não tenho problemas de memória..." Respondi, indo em direção ao banheiro, fazer minha higiene matinal.

"Eu sei, eu sei! E você sabe que está me devendo explicações mocinha!" Seu grito pode ser ouvido do banheiro, fazendo-me bufar por não ter outra saída. Por mais que quisesse fugir desta conversa, a verdade era que não podia.

Voltei à cozinha, pegando um café com leite e acompanhando Tábata até a sala. Me sentia na própria Inquisição Espanhola.

"Vamos, desembuche." Começou aquela pessoa da minha família a quem eu chamava de irmã.

"O que você quer saber?" Me fiz de rogada. Na verdade, estava tentando ganhar tempo.

"Tudo." Muito monossilábica.

"Tudo o quê?" O que posso fazer se gosto das coisas muito bem explicadas?

"Gabriela Mentger! Não tente me enrolar! Sou sua irmã mais velha, e sei muito bem quando está mentindo!" Mas só me faltava essa agora.

"Mentindo? Eu?" E o Oscar vai para...

"Está ganhando tempo! Mas eu já saquei a sua! Fala logo!" Por que não sabia dizer não para Tábata?

"Está bem! Eu conto! Tudo o que quiser saber!" Disse, em sinal de rendição.

"O que houve ontem, para que saísse da boate naquele estado?" Sentia a preocupação genuína com a minha pessoa. Agora meu ego murchou.

A garota dos fones de ouvidoOnde histórias criam vida. Descubra agora