VINTE E TRÊS

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Música do capítulo: Believer - Imagine Dragons

"Em primeiro lugar
Eu vou dizer tudo que está na minha cabeça
Estou irritado e cansado
Do jeito que as coisas têm sido"

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Visualizar Johann parado me olhando com cara de reprovação não foi bem o que esperava. Se aproximou de Simone, que ao vê-lo, forçou um choro mais do que fingido, na esperança de comovê-lo. Seu rosto permanecia impassível.

"O que aconteceu aqui?" Logicamente sua pergunta urgente tinha todos os fundamentos plausíveis.

"Ela é louca Johann! Ela me bateu!" A voz manhosa de Simone evidenciava a falsidade de sua declaração. Mas a loira adorava uma humilhação. Tanto que fez menção em pedir para o ruivo ajudá-la a se recompor, estendendo as mãos, recebendo um grande vácuo em retribuição. Segurei mais uma vez o riso.

"Somente revidei. Foi você que me atacou primeiro." Mantive a postura. Calma por fora, mas a raiva estava me corroendo por dentro.

"Sinceramente, não sei em quem acreditar..." Johann cruzou os braços, andando de um lado para o outro, o que me fez somente sentir-me mais confusa. Seus olhos pairavam sobre os meus, da mesma forma que faziam com Simone.

"Em mim claro! Por acaso não está pensando em acreditar nessa barraqueira?" Mas era só o que me faltava. Ouvir insultos da loira azeda em minha residência.

"Como disse? Sai do meu apartamento! Agora! Não sou obrigada a ouvir as mentiras que saem dessa sua boca suja!" Cansei. Literalmente. Estava cansada de escutar tantos desaforos.

"Gabriela...não estou te reconhecendo... Está fora de si..." Johann usava seu tom diplomático. Mas o momento não era o melhor para politicagem. Muito menos para ficar em cima do muro.

"Não posso fazer nada se você não acredita em mim. Se prefere acreditar nas mentiras de Simone, então será melhor se ir embora junto com ela." Disse. Falei com todas as letras, olhando atentamente a feição de Johann ir mudando em questão de segundos. Agora ele parecia preocupado. Preocupado em ter feito algo errado. E fez. Mas já era tarde demais para arrependimentos.

"Eu não quis dizer...eu..." O ruivo queria consertar o estrago. Só que esqueceu-se com quem estava falando. A rainha do drama.

"Mas você disse. Acho melhor você ir." Meu ego ferido pelas escolhas do ruivo não estava me deixando raciocinar direito.

"Vamos Johann...não se misture com essa gentalha..." A loira aguada já estava enlaçando o braço no de Johann, tentando sair por cima da nossa discussão. Mas que cobra ordinária! Simone, você não sabe com quem mexeu querida.

Antes que pudesse revidar à altura, o ruivo retirou abruptamente as mãos de Simone do seu braço, lançando-lhe um olhar de reprovação.

"O que pensa que está fazendo garota? Perdeu a noção do perigo? Você acabou de se entregar! Se antes tinha dúvidas, agora somente tenho certeza de que você é doente Simone!" Podia ver as veias do seu pescoço saltando para fora, denunciando sua frustração naquele momento.

Johann andou até mim, meio relutante, mas nem assim deixou de encarar-me nos olhos. Simone apenas nos encarava, perplexa por ter sido abandonada pelo ruivo. Garanto que não imaginava que Johann faria toda essa reviravolta. Antes que o ruivo pudesse expressar qualquer frase, a loira soltou um grito agudo, os olhos cheios de raiva, totalmente alterada.

"Se vocês dois pensam que isso vai ficar assim, estão muito enganados! Vão se arrepender do que estão fazendo comigo! Vocês vão pagar muito caro! Riam enquanto puderem seus babacas!" E assim como entrou, ela saiu, rápida como um furacão. O barulho da porta batendo fez com que tivesse que tapar meus ouvidos.

"Olha Gabriela, me desculpa...de verdade..." O ruivo começou mais uma vez uma aproximação, tentando chegar mais perto, o que somente me fez recuar.

Johann andava em minha direção, e ao mesmo tempo me esquivava dele, andando até o outro lado da sala. Seu rosto bonito era pura confusão. Já o meu era somente frustração.

"Fique aí mesmo onde está." Ordenei, como se o ruivo fosse meu discípulo, fazendo o famoso gesto de pare com a mão. Como se isso fosse impedir aquele homem de se aproximar.

A única coisa que consegui com essa cena foi arrancar um pequeno sorriso daquele rosto. Por que era tão contagiante aquele maldito sorriso? Naquele maldito rosto atraente? Segurei a imensa vontade de sorrir de volta e sair correndo para seus braços. Vontade é algo que dá e passa.

"Sim senhorita. Não tenho a menor intenção de chateá-la..." Como um ser humano consegue mudar da água para o vinho em questão de segundos?

"Você é bipolar?" Foi a primeira coisa que me passou pela cabeça. Se o ruivo for mesmo bipolar, eu sou muito louca para perguntar isso em voz alta.

"O quê?" Respondeu com outra pergunta, soltando uma risada debochada, segurando o estômago, contendo uma crise de riso.

"Qual é a graça?" Sei exatamente qual era, mas precisava escutar dele. Realmente queria entendê-lo melhor. Às vezes Johann era tão enigmático, que não conseguia decifrar com clareza o que estava pensando. E esse foi um dos grandes motivos que me fizeram acreditar na ideia de que era namorado de Simone.

"Que pergunta estapafúrdia foi essa? Se sou bipolar?" Respondeu-me ainda em meio a risos, limpando as pequenas lágrimas que tinha em seu rosto.

"Exatamente. Foi uma pergunta muito sem noção, eu sei. Mas você praticamente pediu por isso! Como consegue mudar seu humor em questão de segundos ruivo?" Indignada era pouco. Estava totalmente louca. No sentido literal da palavra. Johann despertava o melhor de mim em muitos sentidos, mas acabara de descobrir que também tinha talento para depertar o meu pior lado. E isso não era nada bom.

"Eu sinto muito mesmo se te assustei com o meu jeito turrão. Sinto muito mesmo se acabou vendo esse meu lado não tão bonito. Mas esse sou eu Gabriela. Sou eu de verdade. Carne e osso. Razão e coração. Amor e ódio. Não sou meio termo. Sou intenso. Sou fogo. Sou calor. E espero que não tenha medo de se queimar..." Com um discurso desses, sairia daqui correndo para virar bombeira.

A esta altura, Johann já estava próximo demais. A palavra limite já não existia no seu vocabulário. Mais atrevido do que nunca, não pediu-me permissão desta vez. Apenas olhou-me dentro dos olhos, encontrando toda a permissão que procurava, antes de colar sua boca na minha, sugando meus lábios em um beijo quente e apaixonado.

Suspirei em busca de ar, não tendo muito tempo para pensar.

"Ruivo..." Sussurrei em sua boca, sendo calada por seus lábios mais uma vez, sentindo aquele fogo familiar crescer em minhas pernas, a medida que seu corpo se encaixava no meu, prensando-me em um abraço forte. Johann passava suas mãos habilidosas por meu corpo exatamente nos lugares certos, despertando o desejo mais do que latente dentro de mim.

"Não diga mais nada meu amor...apenas me deixe ser seu esta noite..."

Aquele pedido não poderia ser negado. O simples pedido que Johann me fizera em forma de uma jura, fez meu peito inflar, subir, descer, suspirar.

E antes que pudesse pensar em odiá-lo por suas dúvidas, já o havia perdoado no primeiro toque, na primeira respiração ofegante dele em minha pele. Não tinha outra escolha neste momento, a não ser amá-lo de todas as formas possíveis.

A imensa atração entre nós, mais uma vez, não pôde ser contida. Como o fogo e a gasolina, a combustão era inevitável.

Arranhava suas costas com as unhas, sentindo suas mãos apertando minha bunda, trazendo meu corpo para mais perto. O ruivo chupava meu pescoço, deixando várias marcas, as quais, eu sabia que não poderia remover mais tarde.

E somente mais tarde pensaria nas consequências...

A garota dos fones de ouvidoWhere stories live. Discover now