TRINTA E UM

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Um jantar em família. Finalmente vou conhecer os pais de Johann. Martin eu já conheço, e minha irmã ainda mais. Tábata não parava de falar desse bendito jantar, animada em ser apresentada à família Villarreal como namorada de Martin. Eu apenas dava risada de seus devaneios, entendendo muito bem o encantamento dela. Me sentia da mesma forma em relação à Johann, a única diferença era que não disse nada à Tábata sobre minhas expectativas.

Se estou preocupada por Simone? Nenhum pouco. Sei que ela estará lá, afinal é da família também. Simplesmente não a suporto, não depois de todas as ofensas que me fez e agressões. Mas estou vacinada, muito bem preparada para encarar sua cara de sinismo. Estava quase na hora de Johann vir me buscar, e ajeitava meu vestido preto no corpo, olhando-me em frente ao meu enorme espelho do quarto.

O vestido tinha um decote em v, e as costas ficavam à mostra. Faz muito calor esta noite, e esta é minha melhor opção no momento, com o dinheiro que pude pagar. Meus cabelos estão soltos, super alisados pela poderosa chapinha da Tábata, que veio aqui me ajudar antes de sumir para casa e fazer o mesmo. Para completar, um batom vermelho nos lábios me dava um ar de sensualidade. Bem, era essa a minha intenção pelo menos. Se consegui esta façanha é outra história. Batidas na porta avisam que alguém chegou. Um certo alguém ao qual meu coração aguardava ansiosamente o dia inteiro. Ainda posso sentir o seu cheiro em meu corpo.

Andei apressada até a porta, abrindo-a nervosamente, só para que minha situação piorasse ainda mais. Pisquei uma, duas, três, mais vezes que pudesse contar. Sua visão me tirou o fôlego. A camiseta social azul marinho combinou perfeitamente com a calça social da mesma cor. Só eram tons diferentes. E o sorriso me desarmou assim que pus meus olhos nele.

"Oi linda..." Johann me analisou de cima a baixo, fazendo-me sentir nua com a intensidade com que me fitava.

"Oi lindo..." Respondi na mesma moeda, devolvendo o gesto com meu olhar nada discreto para o ruivo.

"Se não tivéssemos que sair, eu juro que arrancava esse vestido preto em dois toques..." Disse, aproximando-se de mim e me abraçando apertado, pude senti-lo cheirando meu pescoço profundamente, sua respiração em contato com a minha pele. Os arrepios foram inevitáveis.

"Assim eu não consigo resistir...é melhor nós irmos..." Levei todo o meu esforço para me desvencilhar do seu abraço forte, ao qual me derreti como gelatina.

"Você tem razão...vamos?" Perguntou, me estendendo a mão, sua alegria evidente em seu rosto.

"Deixa eu só pegar minha bolsa..." Saí correndo até a sala, onde havia deixado a dita cuja, e retornei rapidamente. "Agora podemos ir!" Minha voz soou animada, o que o contagiou ainda mais.

"Madame..." Entrelaçou seu braço na minha cintura, e caminhamos em direção ao elevador, sorrindo como dois bobos.

Assim que as portas se abriram, Johann me puxou bruscamente para dentro do elevador, me encoxando. Arfei contra sua boca, surpresa com seu ato, mas não o impedi de continuar as carícias. Segurei em seus braços, descendo por seu bíceps, fazendo o contorno do seu maxilar. Como eu amava isso.

"Se eu não fosse borrar essa sua produção toda..." Seu tom baixo quase me fazia perder os sentidos.

"Controle-se...precisamos chegar inteiros nesse jantar ruivo..." Sorri ao respondê-lo, puxando-o pela gola da camisa.

Saímos do elevador em direção ao carro de Johann, que estava no estacionamento. Ele segurava minha mão apertado, entrelaçando-a na dele. O trajeto até a casa dos Villarreal foi rápido. Não demorou mais de meia hora. A casa era grande, como eu esperava. Tinha um jardim florido, com vários tipos de flores. Orquídeas, rosas, margaridas, tulipas... Penso que a mãe de Johann adorava flores. Logo que desci do carro, fui andando pelo grande trilho que dava em direção a parte de trás da casa. O ruivo entrelaçou sua mão na minha, e antes de chegarmos à festa já podia ouvir as risadas e a música ao fundo. 

Meu coração batia descompassado. Estava nervosa. Logicamente Johann tentou me acalmar, me abraçando apertado antes de entrarmos pela enorme porta do salão de festas, abraçados. Logo fomos recepcionados por Martin e Tábata, que sorriu ao me ver. O casal nos cumprimentou, muito animados, e levemente alterados pelo álcool.

"Maninha! Até que enfim chegou! Esta festa estava um tédio sem você." Me deu seu melhor sorriso, o qual eu retribuí prontamente.

Olhei para o meu lado à procura de Johann, somente para constatar que ele não estava mais lá. Andava com Martin pelo salão, acredito que à procura de seus pais. Não haviam muitas pessoas como eu imaginei que seria. Apenas algumas, mas todas desconhecida, exceto por minha irmã e o irmão de Johann. Tábata e eu andamos até a mesa, sendo observadas por todos. Sentia os olhares em nós, e confesso que me senti um pouco desconfortável. Nunca gostei de ser o centro das atenções. 

Logo que chegamos à mesa, uma senhora muito bem vestida em um longo azul veio ao nosso encontro. Seus cabelos eram ruivos, compridos e ondulados. Tinha toda a certeza que estava de cara com a minha sogra. A mulher sorria para minha irmã com doçura, mas logo voltou sua atenção para mim, me analisando da cabeça aos pés, o que digo, que não pareceu evasivo. Demonstrou elegância e classe na verdade. Já estava totalmente admirada com sua postura. 

"Tábata querida!" Seu perfume invadiu minhas narinas, era doce e ao mesmo tempo amadeirado. Perfeitamente combinado. "E você, pela descrição de meu filho, deve ser a incrível Gabriela..." A mulher sorriu para mim, tão docemente, que quebrou qualquer barreira que eu pensei em erguer.

"Sim, sou eu..." Disse apenas em resposta, devolvendo a gentileza. 

"Muito prazer, sou a mãe do Johann e do Martin. Mas pode me chamar de Lydia." A senhora elegante me disse, ainda sorrindo.

"Muito prazer em conhecê-la!" Me senti acolhida, e muito bem na companhia dela.

Lydia ainda segurava minha mão quando Johann e Martin chegaram. O ruivo me abraçou por trás, sorrindo e me dando um beijo no rosto. Conversamos bastante sobre tudo. As conversas de Lydia eram tão interessantes que eu poderia ficar ouvindo-a por horas. Faltava conhecer o pai de Johann, que eu via do outro lado do salão puxando um papo animado com alguém. E esse alguém eu conhecia muito bem. Bem até demais. Mas o que ele está fazendo aqui?

Estava sem palavras, apenas observando Hugo conversando com meu sogro. Hugo! Ainda não estou acreditando no que vejo. E a noite acabou de começar. Surgiu nas costas de meu amigo aquela pessoa insuportável que eu sabia que teria que engolir hoje. Simone entrelaçou o braço no de Hugo, sorrindo para o pai postiço. Não demorou muito para que ela nos visse e abrisse um sorrisinho debochado.

Bem, começamos a festa em grande estilo. Força na peruca Gabriela. 


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⏰ Última atualização: Feb 08, 2019 ⏰

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A garota dos fones de ouvidoOnde histórias criam vida. Descubra agora