VINTE E NOVE

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Durante muito tempo procurei alguém como você. Alguém que me aceita, apesar de todos os meus defeitos. Alguém que mesmo tendo motivos para ir embora, escolhe ficar.
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A voz grave de Johann ainda ecoava em meus ouvidos, na minha mente, e principalmente, no meu coração. Se não estivesse atrasada para o trabalho, provavelmente teríamos acabado na cama.

Sabia que o amava. Só tinha medo de expressar isso em voz alta. O ruivo havia declarado seu amor por mim, e eu me senti como se estivesse dentro de um sonho. Não tive reação. Foi chocante ouvir as três palavras e sete letras.

Já haviam se passado duas horas desde que nos despedimos com um beijo demorado. Sentada em minha sala no escritório, tentava me concentrar nos papéis em minha mesa, mas era tudo em vão. Em minha cabeça havia somente um certo ruivo que atendia pelo nome de Johann Villarreal.

Combinei de almoçar com Tábata. Não aguentava mais segurar a raiva por ter visto Hugo no apartamento de Simone. Marcamos de nos encontrar em uma lanchonete, e assim que entrei naquele lugar lotado, a avistei, sentada em uma mesa no canto. Tábata acenou quando me viu, sorrindo. Pressenti que ela também tinha novidades para me contar.

"Até que enfim Gabs! Estava ficando maluca já!" A velha Tábata ressurgia, ainda com aquele sorriso no rosto ao qual eu não tinha a menor ideia do que poderia ser.

"Juro que tentei vir mais cedo, mas foi impossível. Entre mortos e feridos aqui estou." Sorri de volta, alegre por poder passar um tempo com minha irmã, já que ultimamente a mesma dedicava seus preciosos dias à outra pessoa.

"Tenho uma novidade também para te contar! Mas quero ouvir a sua primeiro!" Tábata estava animada, tomando um refrigerante e mexendo as mãos, nervosa.

"Suspeitei desde o princípio..." Respondi, pegando o meu refrigerante e também tomando um gole generoso. "Você não vai acreditar com quem o Hugo resolveu dormir!" Estava tão indignada com meu ex amigo que as palavras de ódio simplesmente saíram de minha boca.

"Acertou mana. Não tenho a menor ideia de quem seja...mas já estou feliz que pelo menos ele desencalhou..." Tábata sorriu com a própria piada, não escondendo o quanto estava feliz.

"Estaria feliz também...se a pessoa que desencalhou o Hugo não fosse a Simone, minha querida vizinha..." Gesticulei, irritada por Hugo ter escolhido justamente aquela moça.

"O quê???" Tábata quase engasgou-se com o refrigerante, gaguejando em total descrença.

"Isso mesmo que ouviu. Hugo e Simone transaram." Minha voz saiu seca, como se ainda fosse duro admitir aquela verdade.

"Você só pode estar de brincadeira..." Respondeu minha irmã, tendo a mesma reação que qualquer pessoa teria.

"Também acharia isso, se não tivesse visto os dois juntos! Aquela...loira de farmácia! Mas eu sei que ela só usou o Hugo! Tentei abrir os olhos dele e levei um passa fora! Aquela tonta é louca pelo Johann! Como da noite para o dia iria cair de amores pelo Hugo? Ainda não consigo acreditar que ele se deixou levar por ela..." Desabafei, enquanto Tábata segurava minha mão, tentando me dar algum conforto.

"Tomara que ele quebre a cara para deixar de ser idiota! Que garoto burro gente! Desculpa Gabs, eu sei que é seu amigo e que se preocupa com ele, mas o Hugo foi muito imaturo deixando se envolver por aquela biscate. Você vai ver, não dou uma semana para ele se arrepender e vir te pedir perdão..." Como ficar brava com um ser humano desses? Impossível.

A garota dos fones de ouvidoWhere stories live. Discover now