Capítulo 2

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Rato narrando

Cheguei no morro e fui direto pra casa tomar um banho. Um dia todo de vigia, tava fedendo suor já. Mandei mensagem pro Pequeno reunir os homens no Bar do Déo pra nós decidir o proceder da missão.

O Bar do seu Déo era um lugar bom. Sempre tava cheio e tinha muita gente. Eu ia pra lá beber, mas sempre achava uma nega pra me aliviar.
Cheguei no bar e os cara já tava na mesa. Ao todo, nós somos em 5. Além de mim e Pequeno, são o Léo, o WM e o Bomba. Estamos trabalhando juntos a um tempo já, e cada um está ciente da sua função. Eu e Pequeno entramos no banco para buscar o "faz-me-rir", Bomba fica na porta de olho nos reféns, Léo fica disfarçado por fora do banco. Ele tem que ir mais cedo pra ver o movimento, e durante a ação, se precisar, ele distrai os homens. Eu sei, a posição dele é a mais perigosa, o peito dele tá na linha de frente, mas ele quis assim. Disse que não tem ninguém mesmo. E por fim, não menos importante, WM é o motorista, cara é fera, não perde pra ninguém atrás de um volante.
Junto dos caras tava um garoto, devia ser o que o Pequeno falou mais cedo. Olhava pra todos os lados, como se estivesse nervoso. Mas eu vi quando ele fixou o olhar na bunda de uma puta qualquer que estava dançando. Moleque era novo mas não era trouxa, já vi isso. Cheguei na mesa rindo de lado, comprimento os parças e me dirigi ao menino:

Rato: E aí Menor. Que tu me fala? Como vc se chama?

Thomás: meu nome é Thomás, e eu quero trabalhar pra você.

Rato: muito bem Thomás, quantos anos você tem?

Thomás: eu vou fazer 18 daqui dois meses. Eu preciso trabalhar, tenho que cuidar da minha irmã. Me deixa ficar com vocês

Rato: você sabe oque eu faço pra viver garoto? Não é fácil. O risco é grande, pode sair pra uma missão e ir parar no xilindró ou pior, acabar morto. Tem certeza que é isso que vc quer?

Thomás: Eu sei sim o que vc faz. Aqui todo mundo fala do grande Rato, o ladrão. Tô por dentro dos riscos, mas eu preciso disso. Não posso voltar pra casa, e minha irmã agora é minha responsabilidade. Tenho que pôr comida na mesa. Acha mesmo que era o que eu queria pra mim? Não era, queria só viver tranquilo, mas eu Não tenho outra saída.

Eu me vi naquele menino. No momento que sai do orfanato. Sem nada, sem ninguém. Tá certo, não é algo que eu gostava de lembrar, mas não tinha como esquecer, era grande parte da minha história.

Rato: Tá certo então Thomás, vou te levar nessa próxima missão, mas vc vai colar comigo pra ver como é. Vamos te ensinar o que precisa mas sua parte será mais observar, já é?

Thomás: Já é Rato, valeu mesmo.

Rato: Só não me decepcione. Atenção no proceder que não é todo mundo que tem essa oportunidade. Qualquer vacilo, você vai pra vala. Ou na missão, ou por mim mesmo. Aí sim que sua irmã vai ficar na merda, entendeu? Não existe me trair. A partir de hoje você não é mais Thomás, todos nós não temos vulgo a toa, é pra dificultar a identificação. Você agora passa a ser o Menor . A partir de amanhã, eu mesmo vou te ensinar tudo o que precisa saber. Desde aprender a fugir rápido até aprender atirar, tá certo?

Menor: eu não vou vacilar, você vai ver.

Rato: Ótimo, agora vamos repassar o plano.

Ali nós conversamos sobre todo o plano. Nós já sabíamos o que fazer, éramos experientes nisso, só tinha que parar pra explicar pro Menor as coisas. Ficou combinado que cada um de nós iria um dia vigiar o banco, pra não levantar suspeitas.

Depois de passar o plano, fomos beber, mas percebi que o Menor tava meio acanhado.

Rato: Qual foi Menor? Solta o papo logo vai.

Réu- FINALIZADA Where stories live. Discover now